
Um levantamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ao qual o Correio teve o, mostra que a inadimplência no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) cresce conforme aumenta a idade dos beneficiários. O estudo aponta que, a partir dos 24 anos, o número de estudantes com parcelas em atraso avança proporcionalmente, atingindo os maiores índices entre os mais velhos.
Na faixa etária de 18 a 24 anos, 58,5% dos contratos apresentam algum tipo de inadimplência. O índice salta para 65,2% entre os estudantes de 24 a 30 anos. A tendência de alta se mantém, com os contratos de pessoas entre 30 e 35 anos registrando 67,5% de inadimplência, e os de 35 a 40 anos atingindo 68,7%.
A partir dos 40 anos são registradas pequenas variações e reduções pontuais. As estatísticas apontam que a taxa de inadimplência entre 40 e 45 anos é de 68,6% , enquanto dos beneficiários entre 45 e 50 anos caiu para 67,8%. O ápice da inadimplência por faixa etária contratada é observado em estudantes com mais de 55 anos, onde a taxa chega a 71,1%.
Cenário geral do Fies
Em 2024, o programa registrou o menor número de contratos e a maior inadimplência da última década: 62% dos contratos estão em atraso — o dobro do índice registrado em 2014, quando a taxa era de 31%. A quantidade de estudantes inscritos também dimininou: de 1,1 milhão em 2016 para apenas 167 mil no último ano.
Os dados foram apresentados na última quinta-feira (29/5) por Adilson Santana de Carvalho, diretor de Políticas e Programas de Educação Superior da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), durante o 17º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (Cbesp), realizado em Touros (RN).
Segundo Carvalho, o governo estuda mudanças no modelo de pagamento para conter a inadimplência. Uma das propostas é adotar um sistema de amortização proporcional à renda do egresso: formados com salário próximo ao mínimo (R$ 1.518) pagariam 8% da renda, enquanto aqueles com rendimentos próximos ao teto do INSS (R$ 8.157,41) arcariam com 13%.
“Estamos fazendo um esforço grande para que esse novo modelo entre em vigor o quanto antes, porque ele é parte essencial do redesenho do programa”, afirmou o diretor, sem indicar um prazo para a implementação.
Para ele, o desafio do Fies vai além das questões financeiras. “Existe também um problema de comunicação. A busca por ensino superior caiu no mundo todo — aqui no Brasil, especialmente. Há um certo desencanto com a universidade, sobretudo entre os mais jovens”, avaliou.
O diretor destacou ainda que o avanço das redes sociais e das novas tecnologias contribui para esse afastamento. “As novas gerações se encantam com outros caminhos e isso exige um esforço muito maior para atrair o interesse pela educação superior.”