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O drama desconhecido dos pangolins


Entre as florestas silenciosas da Ásia e da África, um pequeno mamífero vive de forma tão discreta que muitos sequer sabem de sua existência. Com o corpo coberto por escamas, hábitos noturnos e movimentos lentos, o pangolim parece uma criatura saída de um conto fantástico.

Por Flipar
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No entanto, sua aparência peculiar não lhe garante proteção: esse animal é, na realidade, a espécie de mamífero mais traficada do mundo.

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Estima-se que milhões tenham sido capturados ilegalmente apenas na última década, especialmente por causa da crença, sem comprovação científica, de que suas escamas possuem propriedades medicinais.

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Ao mesmo tempo, sua carne é considerada uma iguaria em alguns países, o que alimenta ainda mais a perseguição ao animal.

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A discrição é a principal arma do pangolim para sobreviver. Ao menor sinal de ameaça, ele se enrola em uma bola perfeitamente blindada por escamas de queratina - a mesma substância das unhas humanas.

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Mas diante de caçadores e traficantes, essa estratégia se revela ineficaz. Incapazes de correr ou atacar, esses animais são facilmente recolhidos e transportados ilegalmente.

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Suas populações vêm caindo drasticamente, e todos os seus representantes estão hoje sob alguma categoria de ameaça, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

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Existem oito espécies conhecidas de pangolins: quatro vivem na Ásia e quatro na África. Cada uma delas tem características e comportamentos distintos, mas todas compartilham o mesmo destino de risco.

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O pangolim-indiano vive em regiões secas do subcontinente indiano, incluindo Índia, Nepal, Sri Lanka e Paquistão. Tem escamas grandes e cauda curta, sendo adaptado ao solo. Embora ainda relativamente comum em algumas áreas, já é classificado como espécie em perigo.

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O pangolim-chinês é encontrado em partes da China, Vietnã e Taiwan. É pequeno, arborícola e de hábitos noturnos. Sofre intensa pressão de caça, o que o colocou na categoria de criticamente ameaçado. É uma das espécies mais traficadas do mundo.

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Na região do Sudeste Asiático, especialmente em países como Indonésia, Malásia e Tailândia, vive o pangolim-malaio. De cauda longa e preênsil, adapta-se bem à vida em árvores. Também está criticamente ameaçado, devido à caça e à destruição de seu habitat.

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Já o pangolim-das-filipinas habita exclusivamente as ilhas Palawan. Tem escamas mais finas e um corpo menor, com hábitos bastante tímidos. É considerado uma espécie em perigo, e sua população continua em declínio, apesar de restrições legais.

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Na África, o pangolim-terrestre-comum se distribui por países como África do Sul, Zimbábue e Botsuana. Vive no solo, cava túneis e prefere savanas e regiões secas. É classificado como vulnerável, principalmente pela caça ilegal.

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O pangolim-gigante, como o nome sugere, é o maior da família. Pode ultraar 1,5 metro de comprimento e pesar mais de 30 quilos. Vive em florestas tropicais da África Central e Ocidental, e também está sob risco de extinção.

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Outro africano notável é o pangolim-de-barriga-branca, ágil e arborícola, presente em diversas regiões da África Ocidental e Central. Muito caçado por sua carne, está listado como espécie em perigo.

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Por fim, o pangolim-de-barriga-negra é uma das espécies menos estudadas. Vive em florestas densas e se desloca principalmente pelas árvores. Pouco se sabe sobre sua população, e a IUCN classifica sua situação como dados insuficientes.

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Apesar das diferenças, todas as espécies enfrentam os mesmos desafios. O comércio ilegal é um inimigo persistente, que alimenta uma cadeia criminosa transnacional.

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Mesmo com leis que proíbem sua caça e comércio, o mercado negro segue forte, impulsionado por crenças tradicionais e pela demanda por status social associada à carne do pangolim.

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Além disso, esses animais se reproduzem lentamente, o que dificulta a recuperação das populações. Uma fêmea geralmente dá à luz apenas um filhote por gestação, tornando o impacto da caça ainda mais grave.

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Como vivem de maneira isolada, em grandes áreas, capturar poucos indivíduos pode comprometer uma população inteira. Nos últimos anos, houve avanços tímidos na conscientização global. Campanhas de ONGs e ações de governos tentam frear o tráfico, mas o caminho ainda é longo.

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Em 2016, todos os pangolins foram incluídos no Anexo I da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), que proíbe qualquer comércio internacional. Mesmo assim, redes de contrabando continuam operando, muitas vezes com a conivência de autoridades locais.

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A vida secreta dos pangolins, que antes lhes garantia discrição e proteção, agora os torna alvos fáceis. Pouco conhecidos pelo público em geral, seguem sofrendo em silêncio.

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Salvar esses animais exige não apenas ação política e legal, mas também empatia. Conhecer suas histórias é o primeiro o para garantir que não desapareçam de vez, soterrados pelo peso do tráfico e do descaso.

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