Saúde & Bem-estar

Aprendendo a lidar com os desafios do envelhecimento

Embora inevitável, ele nem sempre é bem-vindo, mas não há motivos para temê-lo

Enfrentar as limitações do envelhecimento nem sempre é fácil (Imagem: AJ Vector World | Shutterstock)  -  (crédito: EdiCase)
Enfrentar as limitações do envelhecimento nem sempre é fácil (Imagem: AJ Vector World | Shutterstock) - (crédito: EdiCase)

“Como sua mãe está lidando com isso?”. A pergunta foi feita por uma amiga. Ela queria saber como está sendo para mamãe ver o companheiro de vida cheio de limitações. Papai está com 87 anos. Está bem em relação à memória, mas precisa da ajuda da bengala e se movimenta com dificuldade. Sente dores o tempo todo.

Não saber o que responder para a amiga me inquietou. ei a observar melhor minha mãe. Ela está com 83 anos. Segue bem. E por isso acumula pequenas tarefas no dia a dia. Ao me abrir para ouvi-la, deparei-me com as seguintes frases: ele não me ajuda; não faz nada; só fica deitado ou sentado. Do outro lado, percebo papai inquieto por não poder ajudar.

No início, julguei, achei-a cruel. Até que, recentemente, vi-me em uma situação diferente, mas parecida. Marcos, meu namorado, teve dengue e precisou ficar em repouso. Senti falta do parceiro que se mantém sempre ao meu lado. Senti-me egoísta por esse pensamento. E, para me desculpar e redimir, sentei-me ao lado dele com um pote de uvas. Vamos dividir? Recuperei a paz.

Marcos ficou doente por 15 dias e fui visitada por um emaranhado de pensamentos pequenos. Como seria conviver com alguém que está tomado por limitações, sem rota de volta? Triste e solitário. É fácil julgar. Difícil é viver. Da terapeuta, escutei: a vida não é tão simples e bonita como na literatura, na qual as pessoas são comivas com o outro ao longo do envelhecimento. Não quero mais apontar o dedo para minha mãe. Percebo que ela está fazendo o que pode e consegue. O problema não são meus pais, mas a expectativa alimentada por mim de que me apontem o caminho de como (eu mesma) devo envelhecer.

Ilustração de três mulheres de idade diferentes se abraçando com um coração em cima da cabeça delas
O amor pode ser uma das chaves para o envelhecimento saudável (Imagem: Drawlab19 | Shutterstock)

Amor e esperança

Talvez devêssemos conversar – eu, você, todos nós – sobre a velhice. Talvez devêssemos olhar para os nossos velhos – todos eles, não apenas os pais – como pessoas que precisam de nós, de amparo, tolerância, respeito. Gostaria que já existisse uma rota de o para um envelhecimento amoroso. Mas não há.

Com meus pais estou aprendendo sobre desvios, terrenos difíceis. Não existe ainda paisagem para apreciar. Existe o amor. A esperança, quem sabe, esteja nele. Um sentimento que vai além dos laços de sangue e nos arrebata a todos como irmãos de jornada. Idealismo? Pode ser. Prefiro acreditar nisso ao conformismo, segundo o qual ficaremos à deriva. Entregues. À própria sorte.

Por Ana Holanda – revista Vida Simples

Está aprendendo com os pais a julgar menos e a amar mais.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail [email protected]

Redação EdiCase
postado em 06/08/2024 10:11
x