O modelo surgiu nos anos 1960, com a revolução sexual, e voltou nos anos 2000, consagrado como um dos símbolos da época. Estrelas pop, como Britney Spears, Beyoncé, Kelly Rowland, Paris Hilton e Christina Aguilera, desfilavam em calças, shorts e saias com cós abaixo do umbigo, deixando a barriga exposta. Agora, a cintura baixa retorna repaginada e têm as modelos Kendall Jenner, Emily Ratajkowski, Gigi e Bella Hadid como as precursoras da tendência. 2t1r1s
Sabrina Silvian (@vestidadeproposito), consultora de imagem, explica que não é possível criar roupas “do zero” sempre. Por isso, é comum estilistas fazerem uma volta no tempo e reinventarem ou melhorarem uma peça para ela se conectar ao atual.
A consultora de imagem e estilo Carol Bressane destaca que, desde 2012, as marcas da alta-costura estavam na tentativa de trazer o cós baixo de volta à moda. Mas apenas no ano ado a releitura foi aceita pelo público, principalmente por famosas como Bruna Marquezine, as socialites da família Kardashian e a cantora Anitta.
O modelo voltou, mas, desta vez, está mais confortável do que há 20 anos. De acordo com Sabrina, a grande diferença é que as peças estão mais soltinhas, prezando o conforto — uma conquista que qualquer mulher, mesmo a que adere a todas as tendências, não abre mão. Carol explica que hoje existem mais variações de tecidos e modelos. As calças de sarja, pantalonas e os moletons, por exemplo, podem ser combinadas com top croppeds, regatas de tecido fino, bodies cavados e blusas de tule.
Polêmica 5p1o1a
Os modelos de roupas de cós baixo expõem uma parte ampla do corpo e beneficia quem tem a famosa “barriga chapada”. Mas, esse não é o padrão de corpo das brasileiras. Carol alerta que isso fez com que muitas mulheres tentassem se enquadrar nesse corpo para poder usar a peça do momento, gerando muitas loucuras para emagrecer.
Sabrina faz uma reflexão: “Como a moda pode trazer de volta algo que não é majoritariamente inclusivo? Seria um novo e velado incentivo à padronização e idealização dos corpos? Qual ganho há por trás disso, e quais consequências isso pode nos trazer?”. A consultora lembra que o modelo, segundo relato das mulheres que o usavam de forma contínua, foi o responsável por deformar os corpos. “Criou-se um volume grande na região abdominal. Essa é mais uma polêmica sobre o seu uso.”
Carol explica que isso pode acontecer porque o nosso corpo responde de maneira mecânica aos modelos de roupa que usamos. “As peças mais baixas e apertadas acabam empurrando o tecido gorduroso para cima do cós, deixando aquele “pneuzinho” nas laterais, que piora ainda mais quando ficamos muito tempo sentadas, acumulando tudo na região anterior do abdômen”, detalha.
Cuidados 3s5j6x
Durante o período de quarentena, muita gente ganhou alguns quilos a mais e, como a cintura baixa é um modelo que aperta bastante as ancas, vai ressaltar a gordura localizada na barriga. Por isso, Carol Bressane recomenda o modelo para as silhuetas magras. “Vivemos a era do empoderamento, e a moda precisa se adaptar a isso. O conforto é fundamental para uma tendência emplacar”, ressalta.
Como o modelo da calça transmite uma imagem sensual e sexy, deve-se tomar cuidado com a adoção em ambiente de trabalho ou em locais que exijam um código de vestimenta mais formal. “Por ser uma calça bem curta e baixa, é preciso tomar cuidado para não deixar o “cofrinho” à mostra”, destaca Carol.
As calças de cintura mais alta (acima ou mesmo na altura do umbigo) deixam a silhueta mais elegante, marcando a cintura e escondendo a gordurinha indesejável que possa aparecer na região da barriga e dos quadris.
Sabrina Silvian recomenda a adoção de peças que conversem com o estilo de vida, com o corpo e com a imagem que quer ar, pois não existe certo e errado universais, mas o que faz sentido para cada pessoa. “Para algumas, eu posso indicar; para outras, o modelo não vai atender suas demandas”, explica.
O que as consultoras destacam é que o modelo de cintura baixa possa ser uma opção de roupa e não uma imposição, na qual todas as mulheres sejam obrigadas a se adaptarem à ideia de uma barriga chapada.
Peça curinga 642j6x
Úrsula Barbosa Rodrigues, 24 anos, conta que usa roupas de cintura baixa desde quando era criança. Como ela cresceu nos anos 2000, o modelo era uma febre entre as celebridades pop. “Era comum usar uma blusinha mais curta e uma calça baixa”, conta. Úrsula acredita que, como é magra e baixa, a calça de cós baixo faz com que ela pareça ser mais alongada. “Gosto de deixar a barriga à mostra. Nos pés, um tênis ou uma sandália de salto para calças de corte reto”, relata.
A jovem acredita que é importante usar a tendência com sabedoria. Caso a calça seja de cós muito baixo, ao sentar, ela vai te colocar numa situação desconfortável, porque pode deixar a calcinha à mostra. “Fora que, quando muito apertadas, marca o corpo em um lugar horrível”, diz. Ela recomenda apostar em modelos mais soltos, como a pantalona e a boca de sino. “Com uma camisa social, fica lindíssima e elegante.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte