
Na tarde desta sexta-feira (30/5) foi ouvida a última testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o general Gustavo Henrique Dutra. Além dele, as testemunhas Renato Lima França e Jonathas Assunção Nery, arroladas pela defesa de Jair Bolsonaro, também prestaram depoimento. A defesa do ex-presidente desistiu de duas testemunhas que estavam agendadas para hoje, o coronel do Exército Wagner de Oliveira e o ex-servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Giuseppe Dutra Janino.
Já a última oitiva do Núcleo 1, que irá escutar o senador Rogério Marinho (PL-RN), acontece na segunda-feira (2/6) às 15h, encerrando o ciclo de audiência de testemunhas.
O general Gustavo Henrique Dutra, testemunha do réu Anderson Torres, disse ter participado apenas “de um cafezinho de cortesia” com Torres quando este ocupava o cargo de secretário de Segurança no Distrito Federal, em reunião no dia 6 de janeiro, marcada para discutir os atos golpistas que aconteciam em Brasília na ocasião.
“Eu participei de um cafezinho de cortesia com o doutor Anderson Torres no dia 6 às 10h”, comentou. “O secretário havia acabado de assumir a função, eu fui convidado para conhecê-lo”, emendou Dutra. À época, em janeiro de 2023, o general ocupava o cargo de comandante militar do Planalto. Ele foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após os atos do dia 8 de janeiro.
Acampamento esvaziado
Essa reunião do dia 6 na Secretaria de Segurança Pública do DF foi marcada para debater sobre os acampamentos golpistas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, assim como a vinda de ônibus com centenas de pessoas para um protesto na capital federal, que culminou em atos de vandalismo nos prédios dos Três Poderes.
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Durante a reunião, Dutra disse ter mostrado fotografias ao secretário Anderson comprovando “que o acampamento estava bastante esvaziado, praticamente vazio, havia 200 e poucas pessoas e a maior parte das pessoas que estavam ali eram pessoas em situação de rua”, relatou.
Já o ex-secretário executivo da Casa Civil, Jonathas Assunção Nery, que também depôs hoje, informou na oitiva que “a transição aconteceu da forma mais colaborativa possível”. Nery disse não ter se encontrado com Bolsonaro após o segundo turno das eleições.
Embora ocue o cargo de assessor de assuntos jurídicos na Presidência no governo de Bolsonaro, Renato de Lima França, por sua vez, informou à Corte em seu depoimento que tinha contato esporádico com o ex-presidente e afirmou desconhecer qualquer plano de ruptura institucional. Ao ser questionado pelo advogado de defesa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) se em algum momento foi indagado por Bolsonaro sobre eventuais investigações da Polícia Federal ou determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), França confirmou que sim.
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“O que eu me recordo é de uma discussão que houve, uma reunião inclusive institucional, com relação a propositura de uma ADPF pelo presidente da República, com relação à constitucionalidade do inquérito das fake news”, explicou. “E aí, nessas reuniões, havia sim uma discussão sobre os poderes do Supremo Tribunal Federal com relação à investigação", comentou.