
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, foi filmado cantando ao lado do CEO do Ifood, Diego Barreto, durante uma festa oferecida pelo empresário na última quinta (22/5). O aplicativo tem interesse em ao menos uma ação em andamento na Suprema Corte, que julga a existência de vínculo empregatício entre trabalhadores e as plataformas digitais.
Vídeos do encontro mostram Barroso cantando a música Garota de Ipanema ao lado de Barreto e da cantora Paula Lima. O jantar ocorreu em São Paulo, na casa do CEO do IFood. Segundo a agenda de Barroso, o pretexto do encontro foi "apoio ao Programa CNJ de ação afirmativa para ingresso na magistratura".
O Supremo julga uma ação da Uber que contestou decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que reconhece vínculo de emprego entre os motoristas e a empresa. A ação, porém, tem repercussão geral reconhecida e pode afetar outras plataformas, como Ifood. A ação é relatada pelo ministro Edson Fachin, mas cabe a Barroso, como presidente da Corte, definir a data para o julgamento.
Ministros do Supremo vêm sendo criticados por confraternizações com empresários interessados em julgamentos na Corte, que costumam envolver jantares luxuoso e até viagens internacionais.
Entregadores repudiam confraternização
Em nota, a Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos (ANEA) criticou a cena, e destacou que os trabalhadores não tem o mesmo o ao Supremo que as plataformas. O coletivo reúne lideranças e atuou na organização do Breque dos Apps.
"É incrível ver que se o trabalhador bate na porta do STF pra expor posicionamentos, nunca podem nos receber. Mas tilintar as taças de champanhe com o dono de nosso chicote pode ser feito assim, à luz do dia?", disse a ANEA.
A entidade também afirmou que o Supremo vem atuando para reverter decisões da Justiça do Trabalho tomadas para combater a precarização.
"O presidente do STF representa a instituição perante o povo. Deve, portanto, se recompor e voltar ao seu trabalho, que é o de ser guardião da Constituição Federal da República, a Constituição Cidadã", enfatizou a ANEA.