
A organização Me Too Brasil ingressou com duas queixas-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, por "declarações difamatórias e uso indevido da estrutura pública" para ataques contra a ONG e sua presidente Marina Ganzarolli.
Em nota, a Me Too disse que as declarações de Silvio imputaram à organização uma suposta tentativa de interferência em licitação — afirmação já desmentida pelo próprio Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania em outubro de 2024.
"A organização busca a responsabilização criminal de Almeida no Supremo Tribunal Federal, considerando que, quando ocupava o cargo de Ministro de Estado, utilizou a estrutura da istração pública para, além de promover sua defesa pessoal, praticar crimes contra a honra de terceiros, inspirando ataques ao Me Too Brasil e maculando sua imagem pública, reputação e respeitabilidade social", disse a ONG que atua no acolhimento de violência sexual.
As queixas-crime estão relacionadas a três episódios principais. Uma delas é a publicação da "Nota de Esclarecimento sobre Tentativa de Interferência da Me Too na Nova Licitação do Disque 100", divulgada nos canais oficiais do Ministério em 6 de setembro de 2024. A ONG também cita a publicação no Instagram intitulada "Tentaram me matar", em 16 de fevereiro de 2025, na qual Silvio Almeida afirmou que "ONGs suspeitíssimas" estavam pressionando instituições do Estado para prejudicá-lo.
Por fim, a Me Too relembra a entrevista ao portal UOL Prime, em 24 de fevereiro de 2025, em que Silvio reafirmou as acusações, alegando que a organização manipulava causas sociais para obter poder e dinheiro, além de afirmar, falsamente, que a entidade teria reado diretamente a um jornalista as denúncias feitas contra ele, colocando em risco a vida das mulheres que buscaram acolhimento.
Ex-ministro é suspeito de assédio
Silvio Almeida prestou depoimento à Polícia Federal no final de fevereiro e negou as acusações de assédio sexual. O ex-chefe dos Direitos Humanos foi acusado por diversas mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ele foi demitido da pasta em 6 de setembro de 2024, um dia após a ONG Me Too Brasil confirmar as denúncias.
O Correio tenta contato com Silvio Almeida para perguntas sobre as queixas-crimes no STF, mas até a publicação desta materia o jornal não obteve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
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