Niskier propõe resgate da educação para o desenvolvimento econômico

Presidente da ABMES ressalta a necessidade de ampliação nas políticas públicas de o e manutenção dos jovens nas instituições de educação superior

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postado em 16/12/2022 11:30 / atualizado em 16/12/2022 11:41
 (crédito: Divulgação ABMES.)
(crédito: Divulgação ABMES.)

O afastamento dos estudantes da educação básica das salas de aula devido à pandemia da Covid-19 deixou sequelas na educação brasileira que precisam ser solucionadas nos próximos anos. A avaliação, feita por Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), ressalta a necessidade desta pauta ser uma prioridade do novo governo.

Neste sentido, o setor educacional particular propõe a criação de um programa nacional de recuperação da aprendizagem da educação básica que envolva instituições privadas e públicas em um grande esforço nacional. Niskier defende a medida juntamente com o resgate e a melhoria de programas sociais que favoreçam a inclusão e manutenção de mais jovens no ensino superior, “é o caminho para o futuro que o país precisa”, argumenta.

Pesquisa recente divulgada pela ABMES, em parceria com a empresa Symplicity, aponta que 69% dos egressos do ensino superior estão inseridos no mercado de trabalho ao final de um ano, com renda média mensal de R$ 3,8 mil, valor acima da média recebida pelos brasileiros. Apesar disso, os dados voltados às novas matrículas nos últimos anos são preocupantes.

De acordo com o Censo da Educação Superior 2021, divulgado em novembro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), entre 2020 e 2021, o crescimento de inscrições foi de 6,6%, variação sustentada pelo crescimento de 24,2% dos ingressantes da modalidade de cursos à distância. Ao considerar apenas os presenciais, a redução foi de 20,3% no número de novos estudantes.


"A educação superior continua sendo um ótimo investimento para os jovens e para o país. Essas instituições de ensino são responsáveis por desonerar o Estado e acolher esses estudantes. Contudo, o momento é crítico e exige medidas imediatas para evitar que, em muito pouco tempo, haja um apagão de mão de obra que irá impactar diretamente na proposta de retomada e crescimento econômicos. Afinal, atualmente, temos 38% de jovens que nem estudam e nem trabalham e precisam ter o às universidades para mudar esse cenário." Celso Niskier, presidente da ABMES.

Celso Niskier, presidente da ABMES.
Celso Niskier, presidente da ABMES. (foto: Divulgação ABMES.)

Com essa realidade, a ABMES avalia que o próximo ano será de grandes debates junto ao Legislativo e Executivo para repensar e reestruturar as políticas públicas capazes de ampliar o o e a manutenção dos jovens no ensino superior, com o objetivo de mudar o déficit de estudantes nas instituições.

No âmbito da rede privada de ensino superior, a Associação ressalta que há um empenho em continuar com o investimento em tecnologias voltadas ao modelo híbrido de ensino, que já era trabalhado por algumas instituições, e ganhou grande relevância durante a pandemia. Há uma expectativa, no que diz respeito aos cursos a distância, de que o novo governo tenha um olhar especial sobre a regulamentação e políticas públicas que se alinhem às novas demandas do setor educacional.

Na última década, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade de educação a distância (EaD), aumentou 474%, conforme levantamento do Inep e MEC. No mesmo período, a quantidade de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%. "Precisamos entender a realidade do ensino hoje no Brasil, levando em consideração as tecnologias e os novos formatos, para pensar em políticas públicas que promovam a expansão do ensino superior com qualidade”, enfatiza Niskier.

Inclusão social

A entidade tem ainda entre suas principais pautas defendidas a ampliação e melhoria de políticas públicas de o ao ensino superior, garantindo mais oportunidades para os jovens de baixa renda. "Defendemos um programa de financiamento estudantil com um forte caráter social, tendo em vista que o país precisa de um modelo que atrele os pagamentos futuros à renda efetivamente recebida pelos egressos, por exemplo", pontua Niskier.

Além disso, de acordo com a ABMES, é essencial que as vagas para o financiamento público sejam ampliadas para incluir os cursos a distância, que representam 51% do total de matrículas, conforme o Censo da Educação Superior 2021. Nesse âmbito, a ABMES ainda defende a ampliação do Programa Universidade para Todos (ProUni), responsável por conceder bolsas de estudo integrais e parciais de 50% em instituições privadas de ensino superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior.

“Além da reestruturação e ampliação do o ao fundo de financiamento estudantil e da expansão do ProUni, também são importantes aquelas ações que colaborem para a melhoria da qualidade do ensino oferecido”, informa o presidente da Associação. Outro tema de interesse da organização está atrelado ao financiamento à inovação, necessário para as novas demandas exigidas pelo mercado de trabalho aos futuros profissionais; e a modernização do marco regulatório da avaliação e da supervisão.

#EducaçãoMaisForte

Com o objetivo de colocar a educação como prioridade na pauta política brasileira, o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, do qual a ABMES e outras oito entidades fazem parte, lançou um documento com dez propostas para políticas públicas educacionais nos próximos anos. Parte do movimento #EducaçãoMaisForte, a lista de propostas é fruto de análises estratégicas e deliberação política das principais organizações que atuam para o fortalecimento da educação particular no Brasil.

Além das políticas de o ao ensino, entre as propostas estão temas urgentes para o setor como uma reforma tributária justa para a educação e a modernização do marco regulatório da avaliação e da supervisão das instituições. 

Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti

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