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Pepe Mujica 296v3w o jardineiro da utopia latino-americana
Artigo

Pepe Mujica, o jardineiro da utopia latino-americana 6h623m

A vida, a obra e a história de Pepe são sementes lançadas em solo vilipendiado: trata-se de um convite à simplicidade, à resistência e à esperança h1o61

Gustavo Menon docente de relações internacionais na Universidade Católica de Brasília e no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina da USP

 

Poucos líderes e chefes de Estado encarnaram com tanta fidelidade o que professavam quanto José Pepe Mujica. O ex-presidente da República Oriental do Uruguai deixa um legado profundo, marcado pela ética, coerência e compromisso inabalável com a justiça social e a transformação política.

Desde sua juventude, Mujica foi protagonista das lutas de seu tempo. Como fundador do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, enfrentou a ditadura militar uruguaia, pagando um preço altíssimo que apenas pessoas revolucionárias podem ar: mais de 10 anos de prisão, tortura e isolamento extremo, experiências que moldaram seu caráter e sua visão de mundo. Libertado com o movimento de anistia de 1985, tornou-se símbolo da redemocratização uruguaia e da capacidade de superação e de diálogo entre as esquerdas latino-americanas.

No governo, Mujica se destacou por sua vida austera e por rejeitar os privilégios do cargo: morava em uma chácara simples, dirigia seu fusca azul e doava a maior parte do salário a causas sociais. Sua postura, incomum entre chefes de Estado, tornou-se referência global de integridade e desapego material. Como presidente (2010-2015), liderou reformas progressistas históricas, como a descriminalização do uso maconha, a aprovação da união homoafetiva, e colocou o Uruguai na vanguarda dos direitos civis e das políticas sociais. Sob seu governo, o país avançou no combate à pobreza, na ampliação do o à saúde e à educação e consolidou-se como uma das democracias mais sólidas do continente.

Mujica foi também voz ativa em defesa da integração latino-americana e do papel do Sul Global na reconfiguração das estruturas de poder internacional. Suas críticas ao consumismo, à desigualdade e à lógica neoliberal ecoaram em fóruns mundiais, inspirando movimentos sociais e lideranças progressistas em todo o mundo. Em sua autocrítica, reconhecia os limites da política, mas insistia na necessidade de sonhar com uma humanidade mais solidária e reconectada com o espírito da fraternidade.

Para as esquerdas latino-americanas, Mujica deixa o exemplo de uma política feita com honestidade, autocrítica e proximidade com o povo. Defendeu que a esquerda precisa se renovar, dialogar com as mudanças do tempo e manter viva a esperança de um mundo mais justo, pautado por uma ética do bem-viver. Nos seus últimos projetos, propôs a criação do Dia da Amazônia para toda a América do Sul.

Ao mesmo tempo, em sua trajetória nos ensinou que a verdadeira força política está na capacidade de resistir, de transformar a dor em resistência e de manter a coerência mesmo diante de derrotas e adversidades.

Em uma de suas agens pela Assembleia Geral das Nações Unidas, Mujica declarou: "Temos sacrificado os velhos deuses imateriais e ocupamos o templo com o deus mercado. Ele organiza a economia, a política, os hábitos, a vida e até mesmo nos financia, em parcelas e cartões, a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir e, quando não podemos, há a frustração, a pobreza e a autoexclusão".

A crítica de Mujica sempre recaiu sobre a dinâmica do modo de produção capitalista e seu modelo civilizatório, destacando o caráter exploratório das relações de poder contemporâneas e os efeitos perversos de desumanização.

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Em um tempo marcado por diferentes conflagrações, guerras, a ascensão de projetos de extrema-direita e disputas comerciais que afetam as relações internacionais, é importante ressaltar que Pepe Mujica foi um símbolo da luta revolucionária latino-americana. Sua trajetória inspira gerações por sua coragem, coerência e compromisso com a justiça social e com a construção de um mundo em que se faz necessário radicalizar valores plenamente democráticos.

A vida, a obra e a história de Pepe são sementes lançadas em solo vilipendiado: trata-se de um convite à simplicidade, à resistência e à esperança. Mujica foi, e seguirá sendo, o jardineiro da utopia latino-americana.

 

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