
LUIZ COIMBRA - Co-CEO e fundador da Shipay, fintech que integra os principais pagamentos digitais por QR Code
Um mercado promissor para os meios de pagamento. A tecnologia aliada às práticas de inovação abriu caminho sem volta para as transformações do mundo físico por meio do digital. Não são megatendências, já existem e o momento agora é aprimoração. Quando falamos do Brasil, a resistência é ainda maior e se dá de forma cultural, porém, a potencialidade é infinita no que tange oportunidades de mercado. Em nosso país, o número de conectados à internet ultraa 152 milhões de pessoas, segundo o Comitê Gestor da Internet do Brasil (ICG), por meio da pesquisa TIC Domicílios. Será que temos potencial?
Num país com 213 milhões de cidadãos e um alto percentual de desbancarizados — cerca de 34 milhões —, um dos desafios para o Pix é alcançar essa parcela, pois existe muito espaço para crescimento. Entretanto, um levantamento do Instituto Locomotiva mostrou que 39% dos brasileiros têm contas em bancos digitais ou tradicionais. Dessa parcela, 48% são jovens entre 18 a 29 anos, que afirmaram ter conta em bancos digitais, sendo 17% neste formato exclusivamente.
A oportunidade do Pix é crescente desde seu lançamento, em 2020. A modalidade agrega infinitas possibilidades e gera espaço para oportunidades de negócios. Apostando em um aplicativo que utiliza API (Application Programming Interface) é possível pagar e receber em menos de dez segundos. Segundo dados do Banco Central, só no meio do ano, foram cadastradas cerca de 300 milhões de chaves, isso é maior que toda a população do Brasil. Dos quais, 95% são pessoas físicas e 5%, pessoas jurídicas.
Com menos de um ano de seu lançamento, o Pix já havia superado a quantidade de boletos liquidados, TEDs, DOCs e cheques somados no Brasil. Os números impressionaram o mercado, que viu no sucesso do meio de transferências e pagamento, novas possibilidades para os brasileiros cuidarem de suas finanças pagando os serviços de forma mais ágil e segura, sem se preocupar em sacar dinheiro.
Porém, segurança é um ponto importante no Brasil, certo? Nos últimos meses, temos assistido a uma escalada de violência urbana nas grandes metrópoles do país, de olho na transferência rápida de valores. O Banco Central tem estado atento, tanto que já publicou a normativa BCB n° 20, que está em vigor, estabelecendo o limite de R$1.000 para transações no horário noturno, prazo para efetivar o aumento de limite de transações e cadastro de contas que poderão receber Pix de maior valor. Além disso, a partir de 16 de novembro, as instituições financeiras poderão bloquear o recebimento de transferências via Pix a pessoas físicas por até 72 horas, caso haja suspeita de que a conta beneficiada seja usada para fraudes e o bloqueio será imediatamente comunicado ao usuário recebedor.
Muito embora seja um avanço, tecnologicamente hoje é possível fazer mais, e diferente. O Wallet digital já está incorporado no cotidiano de pagamento de diversos países. As carteiras digitais guardam os dados pessoais e financeiros do usuário. Assim, sempre que é preciso fazer um pagamento, é possível utilizá-la por meio da aproximação do celular a uma maquininha ou da leitura de um QR code.
É muito importante estarmos atentos com o crescimento do e-commerce internacional, que conta com uma comunidade com cerca de 300 milhões de migrantes estrangeiros ao redor do mundo. Há uma demanda por alternativas mais ágeis e seguras para realizar remessas e pagamentos internacionais utilizando o Pix. Imagine o volume de transações e o impacto que isso poderá gerar para o PIB.
Hoje, quase 4,2 milhões de brasileiros vivem no exterior, segundo dados do Itamaraty, ao o que cerca de 1,2 milhão de imigrantes vivem em território brasileiro. As remessas de brasileiros no exterior para suas famílias no Brasil representaram 0,2% no PIB de 2020.
A agenda do Banco Central prevê uma série de mudanças nas normas cambiais que vão abrir espaço para a chegada do PIX Internacional. Desde a data de seu lançamento, o BC realizou consulta pública com foco na evolução dos facilitadores de pagamentos internacionais. A ideia é trazer novos arranjos de pagamento dentro da regulamentação cambial, o que pode ampliar as possibilidades das fintechs na prestação de serviços. Esses esforços estão alinhados com uma tendência global de facilitar e baratear as transferências internacionais. Na corrida pela digitalização do mercado financeiro, o Pix coloca o Brasil em posto avançado.
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