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Tudo o que está no filme se deve a ela. Eu tentei lançar luz sobre a vida de Fatma; gradualmente, conheci o trabalho dela e quem ela era. Tentei, de um lado, mostrar quem era ela, abordar a personalidade dela, no filme; de outro, minha preocupação principal era como as pessoas sobreviviam sob bombardeios, em meio à fome, às restrições, aos cortes de eletricidade e de água, aos bloqueios. Como as pessoas sobreviviam nessas circunstâncias, como as crianças sobreviviam... Fatma foi tão generosa, tão paciente, tão cheia de humor e de resiliência. Ela explicava essas coisas para mim, respondia às minhas indagações. Também partilhei a minha vida com ela. Fatma era muito ansiosa em conhecer o mundo inteiro. Ela nunca colocou os pés fora da Faixa de Gaza. Fatma tinha 24 anos quando a conheci e completou 25 anos no mês ado (15 de abril). E acaba de ser assassinada... Ela amava viajar. Certa vez, eu contei a ela que sou iraniana. Ela respondeu: "Nossa, eu amaria ir ao Irã". Eu respondi à Fatma: "Você sabe, sou uma exilada, não posso retornar a Teerã, mas espero que você possa ir em breve". Ela me disse: "Por que você não pode voltar?". Eu lhe expliquei que era por motivos políticos, e que se eu voltasse para o Irã, seria presa, pois sou uma dissidente. Isso era algo novo para Fatma. Ela tinha a idade da minha filha. O vácuo de experiências entre nossas gerações, a discrepância entre nossas vidas e nossas possibilidades de vida eram tão imensas. Também me senti culpada, quando telefonei para ela e sinto que, algumas vezes, não deveria ter compartilhado com ela sobre minhas viagens. Mas, pensei que era uma escolha minha, que ela merecia saber. Fui muito transparente sobre minha vida e sobre a nossa troca. Ela partilhava, e eu também. </em></p> <p dir="ltr"><strong>Então, foi uma participação muito especial...</strong></p> <p dir="ltr"><em>O filme se baseia em nossas conversas e em nossas chamadas de vídeo. A participação dela foi crucial. O que eu procurava era por aquela voz dentro da Faixa de Gaza, para falar comigo e que eu pudesse partilhá-la com o resto do mundo. Na condição de mulher exilada iraniana e cineasta, foi ainda mais importante para mim ter aquela informação, entender a situação e partilhá-la com outras pessoas. Isso acontecerá quando o filme foi exibido no Festival de Cannes, em breve, em menos de um mês. Sua participação foi crucial. Acrescento a isso sua personalidade: ela tinha uma energia incrível, uma generosidade e uma espontaneidade. Ela era solar, brilhava... Tinha um sorriso incrível. Ela compartilhava de tudo comigo. É claro, também suas fotos, porque ela era fotógrafa. Eu pedi, e Fatma concordou, que me enviasse as fotos para serem parte do filme. Quero fazer exposições de seu trabalho na Europa e em outros locais que eu puder. Ela também me enviou vídeos. Um dos vídeos, longo, foi bem significativo, por se tratar de um testemunho importante da destruição em Gaza. Muito poderoso. O restante do filme são nossas conversas e as notícias que filmei do meu jeito, notícias de diferentes veículos da mídia. O filme é sobre ela, Fatma é o centro do filme. Fatma mostrou-se crucial, pois foi a voz de Gaza e os meus olhos em Gaza. Eu fui a janela para que o resto do mundo enxergasse. </em></p> <p dir="ltr"><strong>Como era Fatma enquanto ser humano e profissional?</strong></p> <p dir="ltr"><em>Como eu disse, Fatma era uma pessoa incrível. Ela brilhava, era rica em camadas, cantava, escrevia poemas, trabalhava com crianças traumatizadas pela guerra e distribuía comida para pessoas necessitadas. Ela tinha muitas qualidades. Além, ou acima disso, foi uma grande fotógrafa, muito talentosa. Fatma concordou em me enviar as fotos que fez. Parte das imagens está no filme. São fotos muito fortes, um grande testemunho da destruição sistemática e do genocídio em Gaza. Perguntei-lhe o que era mais importante para ela. Fatma me respondeu que era fotografar e documentar o genocídio em Gaza; as belezas de Gaza, mas também a destruição. Isso era um ponto muito importante para Fatma, e ela se dedicava a isso enquanto fotógrafa.  </em></p> <p dir="ltr"><em> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_05_06-50147261.jpeg?20250420230838" class="contain" layout="fill" alt="Fotografia feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_04_23-50147263.jpeg?20250420230838" class="contain" layout="fill" alt="Fotografia feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_03_55-50147265.jpeg?20250420230838" class="contain" layout="fill" alt="Fotografia feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_03_01-50147245.jpeg?20250420230839" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_01_38-50147247.jpeg?20250420230839" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_00_44-50147249.jpeg?20250420230846" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-1-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_23_00_05-50147251.jpeg?20250420230845" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_22_59_29-50147253.jpeg?20250420230846" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/whatsapp_image_2025_04_20_at_22_58_48-50147255.jpeg?20250420230845" class="contain" layout="fill" alt="Foto feita por Fatma Hassouna" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fatma Hassouna - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-2-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> </amp-carousel> </div></em></p> <p dir="ltr"><strong>Qual é o legado de Fatma?</strong></p> <p dir="ltr"><em>Ela pôde abrir os olhos do mundo para o que está ocorrendo em Gaza. As fotos dela são muito fortes. Ela tinha um olhar preciso, acurado e imperdoável sobre a destruição e o genocídio. Falávamos sobre a ocupação israelense, sobre como ela se sentia sobre isso e sobre quão injusto era o fato de ela nunca ter saído de Gaza. Fatma cresceu em meio a guerras sucessivas e conheceu a paz por períodos curtos. Gaza está sob cerco desde 2007. Ela nasceu em 2000; tinha sete anos quando o cerco começou. Você pode imaginar como isso restringiu sua vida. Ela tinha um grande senso de análise e era muito curiosa sobre artes, poesia, música e filmes. Discutíamos muitas coisas, como fotografia. Foi uma grande troca entre nós duas. As fotos dela são um grande testemunho da destruição sistemática e do genocídio em andamento em Gaza. Mas, de uma maneira muito artística. Acredito, e farei  o meu melhor, por meio do filme e do trabalho de Fatma, para partilhar seus textos, suas fotos e seus poemas com as pessoas. Tentarei contribuir o máximo possível para partilhar essa visão, também feminina, com o resto do mundo para que desperte a consciência sobre todas as matanças, especialmente de jornalistas e fotógrafos. Acredito que ela foi morta por ser fotógrafa. </em></p> <p dir="ltr"><strong>Então, a senhora acha que fotógrafos e jornalistas são mortos intencionalmente em Gaza?</strong></p> <p dir="ltr"><em>Acredito fortemente que a razão pela qual estão atingindo jornalistas palestinos, depois de expulsarem a emissora Al-Jazeera de Gaza... Quanto mais se mata jornalistas, e essa é uma realidade cínica, menos haverá a cobertura de fatos e a partilha da verdade. Fatma estava fazendo isso. Ela era uma fotojornalista e documentava os crimes de guerra e o genocídio. Isso acontece com a Rússia de Putin, com o regime iraniano e com a América Central. É um método clássico que está sendo empurrado ao extremo, como vimos agora, infelizmente. </em></p> <p class="texto"><strong><a href="https://whatsapp.com/channel/0029VaB1U9a002T64ex1Sy2w">Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular</a></strong></p> <p dir="ltr"> </p> <p dir="ltr"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/mundo/2025/04/7117493-a-estudante-que-adiou-o-sonho-de-ser-astronauta-apos-violencia-sexual-e-anos-depois-chegou-ao-espaco.html"> <amp-img src="https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/478061a0_1b8d_11f0_a41a_f958588b1b99-50146628.jpg?20250420211527" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>A estudante que adiou o sonho de ser astronauta após violência sexual — e, anos depois, chegou ao espaço</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2025/04/7117450-israel-atribui-morte-de-15-paramedicos-em-gaza-a-mal-entendido-operacional-e-afasta-subcomandante.html"> <amp-img src="https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/34520cd0_1e1e_11f0_b265_abe347419ae3-50144898.jpg?20250420195307" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Israel atribui morte de 15 paramédicos em Gaza a 'mal-entendido operacional' e afasta subcomandante</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2025/04/7117438-trump-esperamos-que-russia-e-ucrania-facam-acordo-esta-semana.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/18/000_42t82h9-50003692.jpg?20250420211105" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>"Esperamos que Rússia e Ucrânia façam um acordo esta semana", diz Trump</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p> <p class="texto"><br /></p> <p class="texto"> </p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/1200x801/1_whatsapp_image_2025_04_20_at_22_54_57-50147259.jpeg?20250420230632?20250420230632", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/1000x1000/1_whatsapp_image_2025_04_20_at_22_54_57-50147259.jpeg?20250420230632?20250420230632", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/20/800x600/1_whatsapp_image_2025_04_20_at_22_54_57-50147259.jpeg?20250420230632?20250420230632" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Rodrigo Craveiro", "url": "/autor?termo=rodrigo-craveiro" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 172l6f

'Fatma foi morta por ser fotógrafa' 1y1o21 diz cineasta iraniana que fez filme sobre palestina
ENTREVISTA

'Fatma foi morta por ser fotógrafa', diz cineasta iraniana que fez filme sobre palestina 2d2y6h

Sepideh Farsi, diretora do documentário Put Your Soul on Your Palm and Walk, selecionado para Cannes, conta como construiu uma relação de amizade e de confiança com a fotojornalista Fatma Massouna, protagonista central do filme 131n6x

Com uma carreira consolidada de três décadas, a cineasta iraniana Sepideh Farsi recebeu duas notícias extremas na metade de abril. No dia 15, soube que seu último filme, o documentário Put Your Soul on Your Palm and Walk (“Coloque sua alma na palma da mão e caminhe”, pela tradução livre), tinha sido escolhido para exibição no Festival de Cannes, um dos mais importantes do mundo. Menos de 24 horas depois, foi informada de que Fatma Hassouna, a protagonista central do filme, tinha acabado de ser morta em um bombardeio israelense.

As bombas caíram sobre a casa de Fatma, no bairro de Al-Tuffah, na Cidade de Gaza, à 1h da madrugada de 16 de abril (pelo horário local). A fotojornalista e artista palestina de 25 anos morreu com nove familiares, entre eles, três irmãos, de 10, 15 e 20 anos, e uma irmã, de 23, grávida de seis meses. As imagens da guerra capturadas por Fatma também são exibidas no documentário de Sepideh. A diretora iraniana e a repórter fotográfica palestina tornaram-se amigas. Em meio ao luto e à indignação, enquanto finaliza a edição do filme para a apresentação em Cannas, Sepideh Farsi falou ao Correio.

Álbum de família - Fatma Massouna: carreira promissora interrompida pelas bombas, aos 25 anos

Quando surgiu a urgência de fazer um filme sobre a Palestina? 

Sou uma cineasta, tenho feito filmes há quase 30 anos. O último filme que fiz, antes deste, foi uma animação chamada The Siren ("A Sirene"), que aborda a guerra entre Iraque e Irã. Eu estava fazendo um tour pelo mundo. Fui ao Berlinale (Festival Internacional de Cinema de Berlim), em 2023. Era um filme sobre a guerra. Eu não estive sob as bombas, mas vivi metade desses oito anos do conflito no Irã, antes de deixar o país e vir para a França. Quando o 7 de outubro de 2023 chegou, eu estava viajando de uma cidade para outra. O primeiro choque, é claro, foi o ataque de 7 de outubro. Depois, foi a retaliação contra os palestinos. Nós sabíamos que eles estavam sob cerco em Gaza. Depois do 7 de outubro, eu escutava as notícias e tentava entender a situação. Nós tínhamos acabado de viver a fase final do movimento de liberdade da mulher, e a repressão no Irã foi muito dura. Sou ativista, além de cineasta. Eu cresci em uma família que sempre foi sensível à causa palestina. No panorama político, eu diria que sou mais do lado da esquerda do que progressista. Eu realmente pretendia compreender o que ocorria na Palestina, em Israel e no Oriente Médio. Eu senti que o ponto de vista dos palestinos estava se perdendo no quebra-cabeças. Ninguém realmente falava sobre isso, especialmente o povo dentro de Gaza. Não havia jornalistas estrangeiros em Gaza para cobrir. A emissora Al-Jazeera estava lá, mas logo deixou a região e fechou o escritório. Senti a urgência de fazer algo.

Como a senhora conheceu Fatma Massouna? 

Em abril de 2024, decidi ir ao Cairo, a fim de tentar entrar em Gaza, por meio da agem fronteiriça de Rafah. Queria filmar e tentar entender o que estava acontecendo lá. A fronteira estava fechada. Nasci no Irã, tenho um aporte francês agora e dupla nacionalidade (iraniana e sa). As estradas para Gaza estavam bloqueadas. Então, eu permaneci em Cairo e comecei a filmar refugiados palestinos que estavam chegando de Gaza. Eu estava vivendo com uma família palestina. Conheci várias pessoas, eu as filmava, até que um palestino me disse que tinha uma amiga em Gaza, uma fotógrafa jovem, que era muito talentosa. Ele falou que, se eu entrasse em contato, ela me ajudaria a ter uma voz dentro de Gaza ou a buscar imagens de lá. Este homem me apresentou à Fatma. 

De que maneira ela participou do filme? 

Nós nos conectamos por meio de chamadas de vídeo. No primeiro vídeo, que aparece no começo do filme, Fatma é avisada pelo amigo sobre o meu contato. Ela diz que aceita a conexão e agenda um horário. Então, eu tinha o número dela e a chamei. As trocas nas chamadas de vídeo continuaram por quase um ano. Essa é a base do filme. Também trocamos mensagens de texto e SMS. Quando eu sabia que ela iria se conectar comigo, imediatamente comecei a filmar. Eu estava pronta para isso quase o tempo todo. Isso transcorreu por cerca de oito meses. Minha câmera ficava o tempo todo carregada. Quando nos conectávamos em chamadas de vídeo, eu a filmava. Isso é a base do filme. É claro, Fatma é a protagonista e o centro do filme. Tudo o que está no filme se deve a ela. Eu tentei lançar luz sobre a vida de Fatma; gradualmente, conheci o trabalho dela e quem ela era. Tentei, de um lado, mostrar quem era ela, abordar a personalidade dela, no filme; de outro, minha preocupação principal era como as pessoas sobreviviam sob bombardeios, em meio à fome, às restrições, aos cortes de eletricidade e de água, aos bloqueios. Como as pessoas sobreviviam nessas circunstâncias, como as crianças sobreviviam... Fatma foi tão generosa, tão paciente, tão cheia de humor e de resiliência. Ela explicava essas coisas para mim, respondia às minhas indagações. Também partilhei a minha vida com ela. Fatma era muito ansiosa em conhecer o mundo inteiro. Ela nunca colocou os pés fora da Faixa de Gaza. Fatma tinha 24 anos quando a conheci e completou 25 anos no mês ado (15 de abril). E acaba de ser assassinada... Ela amava viajar. Certa vez, eu contei a ela que sou iraniana. Ela respondeu: "Nossa, eu amaria ir ao Irã". Eu respondi à Fatma: "Você sabe, sou uma exilada, não posso retornar a Teerã, mas espero que você possa ir em breve". Ela me disse: "Por que você não pode voltar?". Eu lhe expliquei que era por motivos políticos, e que se eu voltasse para o Irã, seria presa, pois sou uma dissidente. Isso era algo novo para Fatma. Ela tinha a idade da minha filha. O vácuo de experiências entre nossas gerações, a discrepância entre nossas vidas e nossas possibilidades de vida eram tão imensas. Também me senti culpada, quando telefonei para ela e sinto que, algumas vezes, não deveria ter compartilhado com ela sobre minhas viagens. Mas, pensei que era uma escolha minha, que ela merecia saber. Fui muito transparente sobre minha vida e sobre a nossa troca. Ela partilhava, e eu também. 

Então, foi uma participação muito especial...

O filme se baseia em nossas conversas e em nossas chamadas de vídeo. A participação dela foi crucial. O que eu procurava era por aquela voz dentro da Faixa de Gaza, para falar comigo e que eu pudesse partilhá-la com o resto do mundo. Na condição de mulher exilada iraniana e cineasta, foi ainda mais importante para mim ter aquela informação, entender a situação e partilhá-la com outras pessoas. Isso acontecerá quando o filme foi exibido no Festival de Cannes, em breve, em menos de um mês. Sua participação foi crucial. Acrescento a isso sua personalidade: ela tinha uma energia incrível, uma generosidade e uma espontaneidade. Ela era solar, brilhava... Tinha um sorriso incrível. Ela compartilhava de tudo comigo. É claro, também suas fotos, porque ela era fotógrafa. Eu pedi, e Fatma concordou, que me enviasse as fotos para serem parte do filme. Quero fazer exposições de seu trabalho na Europa e em outros locais que eu puder. Ela também me enviou vídeos. Um dos vídeos, longo, foi bem significativo, por se tratar de um testemunho importante da destruição em Gaza. Muito poderoso. O restante do filme são nossas conversas e as notícias que filmei do meu jeito, notícias de diferentes veículos da mídia. O filme é sobre ela, Fatma é o centro do filme. Fatma mostrou-se crucial, pois foi a voz de Gaza e os meus olhos em Gaza. Eu fui a janela para que o resto do mundo enxergasse. 

Como era Fatma enquanto ser humano e profissional?

Como eu disse, Fatma era uma pessoa incrível. Ela brilhava, era rica em camadas, cantava, escrevia poemas, trabalhava com crianças traumatizadas pela guerra e distribuía comida para pessoas necessitadas. Ela tinha muitas qualidades. Além, ou acima disso, foi uma grande fotógrafa, muito talentosa. Fatma concordou em me enviar as fotos que fez. Parte das imagens está no filme. São fotos muito fortes, um grande testemunho da destruição sistemática e do genocídio em Gaza. Perguntei-lhe o que era mais importante para ela. Fatma me respondeu que era fotografar e documentar o genocídio em Gaza; as belezas de Gaza, mas também a destruição. Isso era um ponto muito importante para Fatma, e ela se dedicava a isso enquanto fotógrafa.  

Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -
Fatma Hassouna -

Qual é o legado de Fatma?

Ela pôde abrir os olhos do mundo para o que está ocorrendo em Gaza. As fotos dela são muito fortes. Ela tinha um olhar preciso, acurado e imperdoável sobre a destruição e o genocídio. Falávamos sobre a ocupação israelense, sobre como ela se sentia sobre isso e sobre quão injusto era o fato de ela nunca ter saído de Gaza. Fatma cresceu em meio a guerras sucessivas e conheceu a paz por períodos curtos. Gaza está sob cerco desde 2007. Ela nasceu em 2000; tinha sete anos quando o cerco começou. Você pode imaginar como isso restringiu sua vida. Ela tinha um grande senso de análise e era muito curiosa sobre artes, poesia, música e filmes. Discutíamos muitas coisas, como fotografia. Foi uma grande troca entre nós duas. As fotos dela são um grande testemunho da destruição sistemática e do genocídio em andamento em Gaza. Mas, de uma maneira muito artística. Acredito, e farei  o meu melhor, por meio do filme e do trabalho de Fatma, para partilhar seus textos, suas fotos e seus poemas com as pessoas. Tentarei contribuir o máximo possível para partilhar essa visão, também feminina, com o resto do mundo para que desperte a consciência sobre todas as matanças, especialmente de jornalistas e fotógrafos. Acredito que ela foi morta por ser fotógrafa. 

Então, a senhora acha que fotógrafos e jornalistas são mortos intencionalmente em Gaza?

Acredito fortemente que a razão pela qual estão atingindo jornalistas palestinos, depois de expulsarem a emissora Al-Jazeera de Gaza... Quanto mais se mata jornalistas, e essa é uma realidade cínica, menos haverá a cobertura de fatos e a partilha da verdade. Fatma estava fazendo isso. Ela era uma fotojornalista e documentava os crimes de guerra e o genocídio. Isso acontece com a Rússia de Putin, com o regime iraniano e com a América Central. É um método clássico que está sendo empurrado ao extremo, como vimos agora, infelizmente. 

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