QUEDA DE ENERGIA NA PENÍNSULA IBÉRICA

Casal brasiliense relata momentos de tensão durante apagão na Espanha

Dalyana de Medeiros e José Flávio Neto estavam a bordo de trem com destino a Madri que parou no meio de uma cidadezinha espanhola durante a queda de energia que atinge a Península Ibérica nesta segunda (28/4)

Dalyana e José Flávio foram levados, junto a outros ageiros do trem, a um ginásio de esportes que serve como abrigo na cidade espanhola de Zaidín -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Dalyana e José Flávio foram levados, junto a outros ageiros do trem, a um ginásio de esportes que serve como abrigo na cidade espanhola de Zaidín - (crédito: Material cedido ao Correio)

Uma viagem que era para durar pouco menos de três horas virou um pesadelo devido ao apagão que tomou parte da Espanha nesta segunda-feira (28/4). O casal brasiliense Dalyana de Medeiros Lima e José Flávio Neto, que estava a bordo de um trem de alta velocidade que saiu de Barcelona com destino a Madri e parou no meio do caminho, conta ao Correio sobre os momentos de tensão enquanto aguardavam por resgate e informação.

Com horário de chegada anteriormente previsto para 14h45 no horário local (9h45, em Brasília), a viagem dos namorados, que têm voo de volta marcado para a noite de terça-feira (29/4), ainda está longe de chegar ao fim na madrugada espanhola. Eles aguardam, depois de sete horas de espera por resgate, em um abrigo improvisado na cidade de Zaidínonde a energia só voltou por volta da meia-noite (19h). 

“Nosso trem saiu 11h50 (6h50)”, relembra a empresária e servidora pública Dalyana, 31 anos. “Por volta de 12h40 (7h40), o trem parou no meio do nada e avisaram que era um problema técnico de falta de energia.” 

Sem ter ideia do que ocorria do lado de fora, o casal, que planejava assistir a uma partida de tênis do Madrid Open, ficou à mercê de informações fornecidas pela equipe que controlava o meio de transporte e por notícias que começavam a sair na internet — a que eles ainda tinham o. 

Depois de um tempo, porém, a situação entre os cerca de 300 ageiros começou a ficar complicada. “Ficou sem luz, sem wi-fi, sem ar-condicionado, sem banheiro, porque não tinha como dar descarga”, explica a brasiliense. Não podia descer ninguém, abriram a porta para ventilar, mas, quando viram que não ia ter jeito, por causa do banheiro, deixaram descer. 

Devido à altura do trem, uma escada foi colocada para que as pessoas pudessem sair, de forma controlada, e fazer as próprias necessidades do lado de fora dos vagões. José Flávio, também 31, que é bombeiro, auxiliou na locomoção de outros ageiros, até que as restrições de saída fossem aos poucos desafrouxando. 

Só por volta de 16h30, 17h (11h30, 12h), que a guarda civil viu o trem e viu que tinha gente”, explica Dalyana. “Nisso já estávamos parados há quatro horas. 

De quatro horas, foram necessárias mais duas para que a evacuação de fato começasse, por uma mulher grávida e outros grupos prioritários antes do público geral. Como estava no primeiro vagão, o casal conseguiu sair em torno de meia hora depois do início do processo, por volta das 19h47 (14h47). 

A evacuação completa, porém, durou de 2h a 3h, conforme lembra a empresária. “Teve gente que só saiu às 22h (17h), comenta. “Demorou bastante, e a gente sem notícias. 

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Quando saíram do trem, os namorados viram que os moradores da cidade de Zaidín, onde haviam parado, é que faziam o traslado dos ageiros até um ginásio de esportes, em que aram a ser alocados. “Quando a gente entrou em um dos carros, a gente viu que estava rodando no rádio, o prefeito pedindo para quem pudesse ir de carro para ajudar no transporte dos ageiros do trem que tinha ficado parado.” 

No alojamento improvisado, foram fornecidos sanduíches e poucas informações. “Estão organizando transporte, porque estamos em uma cidade muito pequena e aqui não tem estrutura”, explica Dalyana. “A informação de agora é que iremos para estação de trem de Saragoça e seremos recebidos pela equipe responsável pelo transporte ferroviário.” 

Veja vídeos registrados pelo casal:

Em Saragoça — que fica a cerca de 1h30 de Zaidín, há uma linha de trem que, se tudo for normalizado até terça, segue para Madri. Na capital espanhola, embora não consigam cumprir os planos que tinham — até porque a partida do Madrid Open foi cancelada na confusão —, Dalyana e José Flávio têm um voo para pegar às 23h50 (18h50). 

Sem nenhuma informação sobre quando os sistemas ferro e aeroviário voltam ao normal, já que a energia é restabelecida de forma gradual na Espanha, o casal se sente perdido e preocupado com o retorno para casa: “A gente está preocupado de não conseguir chegar em Madri a tempo; depois, de não conseguir pegar o voo para São Paulo e a conexão para Brasília”. 

Apesar disso, estão surpresos e gratos pela ajuda e pelo acolhimento dos habitantes de Zaidín, que, mesmo sem energia ou sinal, se colocaram à disposição dos ageiros que aguardavam por socorro.  

postado em 28/04/2025 21:49
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