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COP26

COP26 entra em negociações com críticas mútuas e anúncios de investimentos

A Conferência do Clima da ONU entrou, na etapa de negociações com críticas mútuas entre os principais protagonistas e anúncios de compromissos financeiros

Agence -Presse
postado em 03/11/2021 16:24 / atualizado em 03/11/2021 16:24
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A Conferência do Clima da ONU (COP26) entrou, nesta quarta-feira (3), na etapa de negociações com críticas mútuas entre os principais protagonistas e anúncios de compromissos financeiros, sob o olhar desconfiado dos ambientalistas.


Após as acusações feitas pelo presidente americano Joe Biden contra a China e a Rússia, cujos líderes estiveram ausentes no início da COP26, os dois países reagiram de forma vívida.


"Não concordamos com as acusações dos Estados Unidos", afirmou em Moscou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.


Ele disse que a Rússia está adotando ações contra a mudança climática "coerentes, refletidas e sérias".


O presidente chinês Xi Jinping também não viajou à Escócia e foi acusado por Biden de "dar as costas" ao "gigantesco" problema do aquecimento global que ameaça fugir do controle.


"Os atos falam mais que as palavras", respondeu em Pequim o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.


Cancelada no ano ado devido à pandemia de covid-19, a COP26 de Glasgow tem a difícil missão de desenvolver os compromissos adotados no Acordo de Paris de 2015, que estabeleceu como grande objetivo internacional limitar o aquecimento do planeta a +1,5ºC na comparação com a era pré-industrial.


Os cientistas advertem, no entanto, que com as medidas atuais a Terra se encaminha para um aumento de +2,7ºC, o que teria consequências caóticas, que incluem secas, inundações, aumento do nível do mar e o surgimento de milhões de refugiados climáticos.

 

 Financiamento 

Neste contexto, as negociações, estagnadas há vários anos em complexas questões técnicas como o funcionamento do mecanismo de mercado para comprar e vender direitos de emissão, se anunciam complicadas.


Na agenda, além da descarbonização acelerada da economia, está a questão da ajuda financeira, de 100 bilhões de dólares por ano, prometida para 2020 mas que não foi concretizada, dos países ricos para as nações desfavorecidas e mais vulneráveis à mudança climática.


A quarta-feira é dedicada justamente ao financiamento e o ministro britânico da Economia, Rishi Sunak, prometeu que a COP26 reunirá os fundos prometidos.


"Sabemos que foram devastados pela dupla tragédia da covid e da mudança climática", declarou aos delegados da conferência organizada pela ONU.


"Por isto, nós vamos cumprir o objetivo de proporcionar 100 bilhões de dólares de financiamento climático às nações em desenvolvimento", prometeu.


Tanto Sunak como o presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, e a secretária americana do Tesouro, Janet Yellen, destacaram nesta quarta-feira o papel importante que os investidores privados devem desempenhar, como um complemento imprescindível à ação pública.


"O setor financeiro está pronto para fornecer o financiamento", assegurou a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.


"Espero que até o final desta conferência alcancemos a meta de US $ 100 bilhões" que os países ricos se comprometeram a gastar para ajudar os mais vulneráveis a cada ano, disse Yellen.


É "prematuro" começar a fazer as contas, advertiu Lorena González, do World Resources Institute: "há sinais encorajadores", mas é preciso olhar atentamente os detalhes: "o que é novo e o que significa", disse.

 

"Falta de tecnologia apropriada" 

"Ainda resta um longo caminho por percorrer", advertiu o primeiro-ministro britânico e anfitrião da conferência, Boris Johnson, que se declarou "prudentemente optimista" quando os líderes mundiais deixaram a COP26 e aram o bastão aos negociadores.


Em uma tentativa de estimular o diálogo, os chefes de Estado e de Governo de 100 países se comprometeram na terça-feira a reduzir em 30% até 2030, na comparação com os níveis de 2020, as emissões de metano (CH4), gás com efeito estufa 80 vezes mais potente que o mais conhecido CO2.


Apesar da liderança dos Estados Unidos e da União Europeia, segundo e terceiro maiores emissores do planeta respectivamente, não aderiram à iniciativa a Índia (quarto emissor), nem China e Rússia, esta última gigante da extração de gás, com um elevado percentual de vazamentos de metano em seus gasodutos de distribuição para a Europa.

 

 Críticas e restrições 

Por sua vez, várias organizações não governamentais criticaram as restrições ao o às negociações em Glasgow.


De acordo com as regras da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, as organizações da sociedade civil podem participar dessas reuniões globais sobre o clima como observadoras, inclusive nas salas de negociação para permitir a transparência do processo.


Seu papel é primordial, especialmente para os países do Sul, após décadas de promessas não cumpridas.


Segundo Teresa Anderson, chefe da ActionAid International, apenas quatro representantes de milhares de ONGs credenciadas para a COP26 tiveram permissão para presenciar as negociações.

 

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