Conquista

Pernambucano é o primeiro da família a cursar ensino superior nos EUA

Filho de faxineira, Fred Ramon, 24 anos, conquistou o diploma em ciências da computação este ano, na universidade Whittier College, na Califórnia. Jovem contou com apoio da faculdade, de patrocinador americano e de vaquinha on-line

EuEstudante
postado em 01/06/2025 06:00 / atualizado em 01/06/2025 06:00
O recém-formado Fred Ramon é filho de faxineira e o primeiro da família a cursar ensino superior -  (crédito: Arquivo Pessoal)
O recém-formado Fred Ramon é filho de faxineira e o primeiro da família a cursar ensino superior - (crédito: Arquivo Pessoal)

Artur Maldaner*

O estudante pernambucano Fred Ramon Santos Gomes, 24 anos, filho de faxineira, formou-se em ciências da computação na Whittier College, universidade da Califórnia (EUA). A formatura de Ramon ganhou notoriedade nas redes sociais por se tratar de uma grande conquista pessoal. O pernambucano do bairro de Cajueiro Seco foi o primeiro de sua família a cursar ensino superior e ou por muitas dificuldades para se formar nos Estados Unidos. Após perder a ajuda de patrocinador americano, ele conseguiu concluir a graduação graças ao dinheiro arrecadado por meio de uma vaquinha on-line e uma bolsa da faculdade, que garantiu a conclusão do curso.

Era início de 2021 quando Fred Ramon recebeu os resultados de sua aplicação, foram 9 faculdades que o aceitaram. O estudante acabou optando pela Whittier College, na Califórnia, que ofereceu uma bolsa de 70% para Fred, o resto do dinheiro para assegurar sua permanência na universidade foi arrecadado com o patrocínio de um empresário estadunidense, que conheceu a história do jovem por meio da mídia. Ainda cursando a graduação, o empresário informou ao aluno que não tinha mais condições de ajudá-lo: “Meu patrocinador fez uma reunião on-line comigo, me mostrou o desempenho da empresa dele, que é sua fonte primária de renda, e disse-me que não ia poder continuar fornecendo apoio financeiro.” lembra o recém-formado. 
O pernambucano conta  que seu processo de aplicação para o ensino superior americano ocorreu no fim de 2020, quando preparou o currículo para apresentar às instituições. O jovem explica que o diferencial dele foram as competências e habilidades  extracurriculares. Ele foi professor voluntário de inglês para crianças carentes de sua comunidade; ganhou prêmio de pesquisa em sustentabilidade pela proteção de uma fonte de água mineral e trabalhou como instrutor de dança em um navio de cruzeiro no fim do ensino médio, por meio de uma agência de recrutamento. “As faculdades americanas estão muito mais interessadas em saber quem é você como aluno fora da sala de aula, o que você faz para a comunidade, elas se importam mais com isso do que suas notas”, disse. 
Mas a luta para permanecer na universidade americana não foi fácil. Faltando um semestre e meio para obter o diploma, o estudante recifense recorreu de novo a seus contatos da imprensa, desta vez, para criar uma vaquinha e tentar custear o resto de suas mensalidades com doações. “Aquela época foi muito frustrante, há mais ou menos um ano e meio, eu estava muito desesperado”. Mas ele conseguiu o dinheiro para permanecer estudando. Dos R$ 200 mil necessários para bancar o fim da graduação, conseguiu arrecadar mais de R$ 95 mil apenas com doações virtuais, e o resto foi atendido por meio de outra bolsa concedida pela faculdade para estudantes imigrantes. O aluno conta que a vaquinha foi um fator determinante para convencer a diretora de Whittier e os financiadores doadores da instituição a completarem o valor não atendido: “Eu estava todo dia lá apelando para isso acontecer”, revela. 
Fred Ramon ressalta que, na Califórnia, encontrou uma sociedade mais preocupada com a inclusão social e que, apesar de ter sido aceito em faculdades federais no Brasil, criou coragem para tentar a vida lá fora, onde não ia mais ar pelas mesmas barreiras sociais da pobreza. Seu objetivo atual é ajudar outros jovens de condições similares à sua, como já fez em 2021, ajudando colegas seus a aplicarem para faculdades americanas. “Eu tenho amigos que seguiram esse processo comigo e conseguiram ser aprovados em faculdades, também na Califórnia”, conta Fred, que pretende melhorar seu projeto de issão, principalmente para estudantes de baixa renda. Ele também destaca o fato de ser o primeiro membro da família a cursar o ensino superior. “Eu me formo por aqueles que não puderam pagar a faculdade, mas nunca desistiram. A luta de vocês alimenta a minha”. Esse é o texto que ilustra a publicação de sua formatura no Instagram: @ fredramonofficial. 
*Estagiário sob a supervisão de Ana Sá    

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