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Desde a posse do Trump, isso virou um t&oacute;pico na minha cabe&ccedil;a. &Eacute; uma especula&ccedil;&atilde;o do que pode acontecer, e a minha posi&ccedil;&atilde;o &eacute; de que &eacute; imposs&iacute;vel n&atilde;o pensar em impactos. As nossas principais empresas s&atilde;o multinacionais, e eu acredito que possa, sim,&nbsp;ter&nbsp;impacto no Brasil. Mas tenho percebido um movimento contr&aacute;rio. A C&amp;A acabou de divulgar que, no Brasil, n&atilde;o&nbsp;ter&aacute; mudan&ccedil;a em pol&iacute;ticas de diversidade, equidade e inclus&atilde;o, e&nbsp; eles continuam com metas bem agressivas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; equidade de g&ecirc;nero e racial. A gente tem o Mover, que &eacute; um movimento de equidade com mais de 50 empresas que est&atilde;o no Brasil, de v&aacute;rios setores da economia, que continua&nbsp; com as suas a&ccedil;&otilde;es. Eu analiso que algumas empresas v&atilde;o, de fato, surfar e dizer "N&atilde;o vamos mais trabalhar com isso". Mas tamb&eacute;m pode vir um movimento contracorrente. At&eacute; porque j&aacute; tem dinheiro empregado nisso. Temos tamb&eacute;m leis &mdash; como a de cotas e a que obriga que a cultura afro seja abordada nas escolas &mdash; que nos resguardam para que possamos minimamente seguir refletindo sobre isso. E, como em toda a hist&oacute;ria da humanidade, h&aacute; os movimentos sociais, que fazem com que as coisas evoluam.&nbsp;</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;</strong><a href="/opiniao/2025/02/7053462-imigrantes-quem-e-o-inimigo.html">Imigrantes: quem &eacute; o inimigo?</a></li> </ul> <p class="texto"><strong>H&aacute; ainda a leitura de que poucos chegam ou ficam em cargos de lideran&ccedil;a porque a maioria n&atilde;o tem capacidade para isso&hellip;</strong></p> <p class="texto">A l&oacute;gica &eacute; a mesma do fim da escraviza&ccedil;&atilde;o. Abrem as portas e falam: "Podem entrar, a empresa est&aacute; aberta". S&oacute; que nenhum outro processo &eacute; mudado. Na sele&ccedil;&atilde;o e recrutamento, j&aacute; h&aacute; um perfil que diz que, para participar do programa afirmativo, a pessoa precisa&nbsp;ter&nbsp;ingl&ecirc;s completo, tido experi&ecirc;ncia em uma multinacional, feito uma universidade privada ou alguma universidade fora do pa&iacute;s. Essa pessoa tamb&eacute;m precisa&nbsp;ter&nbsp;carro, porque &eacute; importante que ela chegue cedo e participe dos happy hours. Contratada, ser&aacute; avaliada pela inova&ccedil;&atilde;o. Mas como &eacute; que vai ser inovadora se est&aacute; morrendo de medo de ser demitida porque est&aacute; em um ambiente que n&atilde;o tem nada a ver com ela? O modelo de avalia&ccedil;&atilde;o de desempenho &eacute; um modelo que n&atilde;o &eacute; para pessoas negras. Subjetivamente falando, voc&ecirc; entra num lugar que n&atilde;o &eacute; seu, e voc&ecirc; tem que enfrentar barreiras para que se sinta um bom profissional, consiga colocar novas ideias, avalie as quest&otilde;es de ra&ccedil;a sem magoar ningu&eacute;m. Dentro da minha avalia&ccedil;&atilde;o de pesquisa, percebo dois impactos. Quando a gente s&oacute; pensa na entrada e n&atilde;o pensa no dia a dia, isso gera curr&iacute;culos de menos de um ano e o adoecimento da popula&ccedil;&atilde;o negra relacionado ao trabalho.&nbsp;</p> <p class="texto"></p> <p class="texto"><strong>Voc&ecirc; fala em adoecimento ps&iacute;quico?</strong></p> <p class="texto">Dentro da minha experi&ecirc;ncia, olhando carreiras negras, tem um momento em que alguns podem chegar a um lugar de totem. Ent&atilde;o, se essa pessoa deu conta, vamos todos performar como ela. Mas, para essa pessoa chegar ali, ela teve que, muitas vezes, quebrar o v&iacute;nculo com o mundo social dela. Ela perde a sua subjetividade. Ela n&atilde;o consegue praticar o racismo, porque racismo &eacute; uma rela&ccedil;&atilde;o de poder, mas precisa perpetuar muitas coisas para estar ali. E, &agrave;s vezes, simplesmente para&nbsp;ter&nbsp;uma condi&ccedil;&atilde;o financeira um pouquinho melhor para a fam&iacute;lia dela.&nbsp;</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;</strong><a href="/politica/2025/01/7044058-trump-suspende-emissao-de-aportes-com-genero-marcado-em-x.html">Trump suspende emiss&atilde;o de aportes com g&ecirc;nero marcado em "X"</a></li> </ul> <p class="texto"><strong>E como reagir a isso?</strong></p> <p class="texto">Acho que a estrat&eacute;gia &eacute; n&atilde;o fazer nada sem intencionalidade. Ent&atilde;o, n&oacute;s, como pessoas negras e profissionais, precisamos saber ler o contexto, entender se o contexto &eacute; racista. E tamb&eacute;m conseguir o m&aacute;ximo poss&iacute;vel&nbsp;ter&nbsp;afetos. Que a gente esteja em coletivo, com pessoas que conseguem nos ver dentro da nossa comunidade, dentro da nossa singularidade. O ambiente de trabalho &eacute; um lugar para ser estrat&eacute;gico. &Eacute; preciso entender quais s&atilde;o os c&oacute;digos organizacionais, &eacute; preciso saber jogar.</p> <p class="texto"><strong>Isso incluiu participar dos programas afirmativos? Ainda vale a pena?</strong></p> <p class="texto">Eu acho que &eacute; importante a gente ampliar, olhar como algo muito maior. A gente tem muito mais presen&ccedil;a de pessoas negras nas universidades, pessoas que conseguem chegar a uma entrevista de emprego e dizer: "Eu sou uma mulher negra e esse &eacute; o meu meu lugar". Ent&atilde;o, tem uma gera&ccedil;&atilde;o que est&aacute; vindo que &eacute; muito linda de se ver. Ao mesmo tempo em que o racismo &eacute; din&acirc;mico, ele &eacute; como um algoritmo, vai mudando, a gente tamb&eacute;m &eacute;. Foram quase 400 anos de domina&ccedil;&atilde;o f&iacute;sica, psicol&oacute;gica, emocional, e a gente continua aqui. Uma coisa que a gente sabe &eacute; se reinventar e continuar vivo. Dilu&iacute;do no dia a dia, d&aacute; uma sensa&ccedil;&atilde;o de que tudo est&aacute; um caos. Mas acho que, historicamente falando, a gente est&aacute;, sim, em outro patamar.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/mundo/2025/02/7057582-como-desenvolver-confianca-em-um-novo-emprego-e-se-destacar.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/11/5e6f6200_dde2_11ef_902e_cf9b84dc1357-46259755.jpg?20250211065140" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Como desenvolver confiança em um novo emprego e se destacar</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/educacao-profissional/2025/02/7057358-centro-de-convencoes-sera-palco-do-evento-acelera-marketing-vendas-neste-fim-de-semana.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/10/whatsapp_image_2025_02_10_at_17_39_49-46253909.jpeg" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Educação profissional</strong> <span>Centro de Convenções Ulysses Guimarães será palco do Acelera Empresas e Negócios</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2025/02/7057342-latam-abre-mais-de-800-vagas-para-tripulantes-no-brasil.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/png/2025/02/10/handler__1_-46252585.png?20250210184240" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Trabalho & Formação</strong> <span>Latam abre mais de 800 vagas para tripulantes de cabine e técnicos no Brasil</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/12/675x450/1_whatsapp_image_2025_02_12_at_17_09_05-46392174.jpeg?20250214213712?20250214213712", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Carmen Souza" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 3v6f4x

Eu, Estudante 445c6h

Pretos no Topo

CEO comenta efeitos do retorno de Trump sobre programas afirmativos para pessoas negras 2u2j63

Em entrevista ao Correio, Rafaela Santana, fundadora da Iarhas — Consultoria de carreiras negras traz reflexões sobre os impactos do posicionamento adotado pelo presidente dos EUA contra a inclusão e a diversidade 4o134o

O retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos aumenta a tensão sobre programas de ação afirmativa. A postura e a política adotadas pelo republicano, que critica abertamente iniciativas do tipo, impulsionam um discurso de desvalorização de ações de equidade e inclusão que tem como um dos principais argumentos a alta taxa de turnover (rotatividade) dos selecionados, avalia Rafaela Santana, fundadora da Iarhas — Consultoria de carreiras negras. 

"A lógica é a mesma do fim da escravização. Abrem as portas e falam: 'Podem entrar, a empresa está aberta'. Só que nenhum outro processo é mudado", critica. Rafaela, que estuda a política de cotas em um mestrado na Universidade de Brasília (UnB), avalia que é pertinente cogitar que o efeito Trump pode chegar ao Brasil. Mas é otimista quanto aos possíveis desdobramentos. "Pode vir um movimento contracorrente, até porque já tem dinheiro empregado nisso", justifica. 

Donald Trump, como prometido, começou o segundo mandato encerrando programas de ações afirmativas e dizendo que o setor privado deve fazer o mesmo. Como você avalia esse início?

Ele veio afirmando que esse era o lado que iria tomar. Eu acho que a questão aqui é que, quando uma empresa privada toma a decisão de fazer ações afirmativas ou práticas de diversidade e inclusão, isso não vem de uma benevolência, vem de uma pressão social, de um contexto. E, no momento em que tem um governo cuja política é voltada para e por  pessoas que estão no topo — são homens brancos, os mais ricos da economia mundial —, isso faz com que, de fato, eles tomem decisões como essa. Os programas de ações afirmativas já não eram uma vontade genuína. E, agora, se pode falar abertamente:  "Não os queremos mais". É basicamente o que Cida Bento traz como o pacto narcísico da branquitude. E é um pacto bem declarado: "A gente não quer isso no governo, e o que entendemos como meritocracia são pessoas com a mesma trajetória que a nossa estarem associadas às tomadas de decisão".  

Antes da volta do Trump, já se percebia, de certa forma, um movimento nesse sentido. Inclusive, aqui no Brasil…

Tem o momento do boom George Floyd, em 2020, em que ficou impossível, em qualquer esfera social, a não reflexão sobre questões raciais, porque foi algo televisionado, gravado. Com isso, nas organizações, vem a ideia de que, já que é para falar nisso, que vire um mercado, um negócio. Então, o ESG fica ainda mais forte nessa temática racial. Alguns recortes já eram executados há mais tempo, como de gênero e de pessoas com deficiência, e o racial vem com muita força. No Brasil, tem o marco do trainee da Magalu para pessoas negras. A partir dele, há um movimento de maior entrada de pessoas negras no mercado de trabalho privado. Mas também algumas dificuldades acontecem, porque não é só entrar. A entrada é vontade política, mas há outras barreiras. Começa, então, a surgir um movimento de porta-giratória. Há a entrada de pessoas negras, mas também a saída. E, no empresariado brasileiro, começa a minguar a vontade de fazer diversidade e inclusão racial. Então, antes de Trump chegar, já estávamos nesse momento de declínio e diminuição dessa vontade política. O Trump traz essa chancela principalmente para as multinacionais com escritórios nos EUA. Ou seja, o nosso escritório está dizendo que não faz sentido gastar dinheiro para fazer políticas e práticas de diversidade e inclusão com esse nível de turn over. 

kleeber sales - Rafaela Santana, fundadora da Iarhas Consultoria: "Com a volta do republicano, o empresariado brasileiro começa a minguar a vontade de fazer diversidade e inclusão racial"

E os desdobramentos para o Brasil?

A minha pesquisa de mestrado é sobre avaliação de programas de inclusão em empresas privadas. Desde a posse do Trump, isso virou um tópico na minha cabeça. É uma especulação do que pode acontecer, e a minha posição é de que é impossível não pensar em impactos. As nossas principais empresas são multinacionais, e eu acredito que possa, sim, ter impacto no Brasil. Mas tenho percebido um movimento contrário. A C&A acabou de divulgar que, no Brasil, não terá mudança em políticas de diversidade, equidade e inclusão, e  eles continuam com metas bem agressivas em relação à equidade de gênero e racial. A gente tem o Mover, que é um movimento de equidade com mais de 50 empresas que estão no Brasil, de vários setores da economia, que continua  com as suas ações. Eu analiso que algumas empresas vão, de fato, surfar e dizer "Não vamos mais trabalhar com isso". Mas também pode vir um movimento contracorrente. Até porque já tem dinheiro empregado nisso. Temos também leis — como a de cotas e a que obriga que a cultura afro seja abordada nas escolas — que nos resguardam para que possamos minimamente seguir refletindo sobre isso. E, como em toda a história da humanidade, há os movimentos sociais, que fazem com que as coisas evoluam. 

Há ainda a leitura de que poucos chegam ou ficam em cargos de liderança porque a maioria não tem capacidade para isso…

A lógica é a mesma do fim da escravização. Abrem as portas e falam: "Podem entrar, a empresa está aberta". Só que nenhum outro processo é mudado. Na seleção e recrutamento, já há um perfil que diz que, para participar do programa afirmativo, a pessoa precisa ter inglês completo, tido experiência em uma multinacional, feito uma universidade privada ou alguma universidade fora do país. Essa pessoa também precisa ter carro, porque é importante que ela chegue cedo e participe dos happy hours. Contratada, será avaliada pela inovação. Mas como é que vai ser inovadora se está morrendo de medo de ser demitida porque está em um ambiente que não tem nada a ver com ela? O modelo de avaliação de desempenho é um modelo que não é para pessoas negras. Subjetivamente falando, você entra num lugar que não é seu, e você tem que enfrentar barreiras para que se sinta um bom profissional, consiga colocar novas ideias, avalie as questões de raça sem magoar ninguém. Dentro da minha avaliação de pesquisa, percebo dois impactos. Quando a gente só pensa na entrada e não pensa no dia a dia, isso gera currículos de menos de um ano e o adoecimento da população negra relacionado ao trabalho. 

Você fala em adoecimento psíquico?

Dentro da minha experiência, olhando carreiras negras, tem um momento em que alguns podem chegar a um lugar de totem. Então, se essa pessoa deu conta, vamos todos performar como ela. Mas, para essa pessoa chegar ali, ela teve que, muitas vezes, quebrar o vínculo com o mundo social dela. Ela perde a sua subjetividade. Ela não consegue praticar o racismo, porque racismo é uma relação de poder, mas precisa perpetuar muitas coisas para estar ali. E, às vezes, simplesmente para ter uma condição financeira um pouquinho melhor para a família dela. 

E como reagir a isso?

Acho que a estratégia é não fazer nada sem intencionalidade. Então, nós, como pessoas negras e profissionais, precisamos saber ler o contexto, entender se o contexto é racista. E também conseguir o máximo possível ter afetos. Que a gente esteja em coletivo, com pessoas que conseguem nos ver dentro da nossa comunidade, dentro da nossa singularidade. O ambiente de trabalho é um lugar para ser estratégico. É preciso entender quais são os códigos organizacionais, é preciso saber jogar.

Isso incluiu participar dos programas afirmativos? Ainda vale a pena?

Eu acho que é importante a gente ampliar, olhar como algo muito maior. A gente tem muito mais presença de pessoas negras nas universidades, pessoas que conseguem chegar a uma entrevista de emprego e dizer: "Eu sou uma mulher negra e esse é o meu meu lugar". Então, tem uma geração que está vindo que é muito linda de se ver. Ao mesmo tempo em que o racismo é dinâmico, ele é como um algoritmo, vai mudando, a gente também é. Foram quase 400 anos de dominação física, psicológica, emocional, e a gente continua aqui. Uma coisa que a gente sabe é se reinventar e continuar vivo. Diluído no dia a dia, dá uma sensação de que tudo está um caos. Mas acho que, historicamente falando, a gente está, sim, em outro patamar.