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N&atilde;o eram fornecidos equipamentos de prote&ccedil;&atilde;o individual adequados e n&atilde;o havia sanit&aacute;rios nem local para guardar as refei&ccedil;&otilde;es nas frentes de trabalho, levando a comida a azedar.</p> <p class="texto">&Ocirc;nibus que faziam o transporte para a fazenda estavam em condi&ccedil;&otilde;es igualmente prec&aacute;rias tanto que um acidente por problemas de conserva&ccedil;&atilde;o com um deles deixou trabalhadores feridos.</p> <p class="texto">"As usinas come&ccedil;aram a praticar o que faziam antigamente, antes da fiscaliza&ccedil;&atilde;o agir de forma mais incisiva. Quando ela reduziu, voltaram a adotar intermedia&ccedil;&atilde;o ilegal de m&atilde;o de obra", afirmou &agrave; coluna o procurador do Trabalho Tiago Cabral, que participou da opera&ccedil;&atilde;o. "Eles est&atilde;o achando que podem fazer qualquer coisa", avalia.</p> <p class="texto">Essa "virada" de produtores rurais coincide com os quatro anos do governo <a href="https://correiobraziliense-br.informativocarioca.com/tags/jair-bolsonaro/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Jair Bolsonaro</a>. O ex-presidente da Rep&uacute;blica &eacute; criticado por enfraquecer a fiscaliza&ccedil;&atilde;o ambiental e trabalhista, respons&aacute;vel pelo cumprimento da lei.</p> <p class="texto">A empresa n&atilde;o questionou o que foi encontrado e assumiu a responsabilidade, segundo a equipe de fiscaliza&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto">Ao todo, R$ 877 mil foram pagos aos trabalhadores como verbas rescis&oacute;rias e direitos devidos. A Defensoria P&uacute;blica da Uni&atilde;o negociou mais R$ 283 mil para eles, a t&iacute;tulo de dano moral individual, e o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho acertou o pagamento de dano moral coletivo no valor de R$ 315 mil, a ser destinado a institui&ccedil;&otilde;es sociais de Acre&uacute;na e de outros munic&iacute;pios goianos.</p> <p class="texto">Os outros dois maiores resgates dos &uacute;ltimos cinco anos, segundo o Minist&eacute;rio do Trabalho e Emprego, foram os de 433 trabalhadores em atividades econ&ocirc;micas em uma seita e os 273 em uma fazenda de cana, ambos nos Estado de Minas Gerais.</p> <h3>Resgate em f&aacute;brica de ra&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto">Mais 13 trabalhadores trabalhavam em condi&ccedil;&otilde;es consideradas desumanas pela fiscaliza&ccedil;&atilde;o em uma f&aacute;brica de ra&ccedil;&atilde;o animal tamb&eacute;m em Acre&uacute;na. O alojamento de cinco deles seria impr&oacute;prio at&eacute; para a cria&ccedil;&atilde;o de animais, dormindo em um ch&atilde;o sujo, com peda&ccedil;os de espumas velhos e muito lixo. Todos estavam sem registro e n&atilde;o recebiam sal&aacute;rios regularmente.</p> <p class="texto">E um trabalhador dom&eacute;stico de 67 anos que morava em condi&ccedil;&otilde;es an&aacute;logas &agrave; escravid&atilde;o foi resgatado em Quirin&oacute;polis (GO). Ele atuava como caseiro em uma pequena propriedade rural, morando com sua esposa em um pequeno barraco, sujo, prec&aacute;rio, sem banheiro e amea&ccedil;ando desabar. O valor das verbas rescis&oacute;rias e <a href="https://correiobraziliense-br.informativocarioca.com/tags/direitos-trabalhistas/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">direitos trabalhistas</a> foi de R$ 14 mil, o que foi pago pela empregadora.</p> <p class="texto">Para quitar o dano moral individual e coletivo, a empregadora firmou um Termo de Ajuste de Conduta com o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho e a Defensoria P&uacute;blica da Uni&atilde;o se comprometendo a comprar e rear para o nome do resgatado uma casa na cidade de Castel&acirc;ndia (GO) em 180 dias.</p> <p class="texto">Todos os resgatados receber&atilde;o tr&ecirc;s parcelas de <a href="https://correiobraziliense-br.informativocarioca.com/guia-de-economia/seguro-desemprego-saiba-quem-tem-direito-e-quais-as-regras-para-receber.htm" target="_blank" rel="noopener noreferrer">seguro-desemprego</a> especial para v&iacute;timas da escravid&atilde;o.</p> <h3>Trabalho escravo hoje no Brasil</h3> <p class="texto">A Lei &Aacute;urea aboliu a escravid&atilde;o formal em maio de 1888, o que significou que o Estado brasileiro n&atilde;o mais reconhece que algu&eacute;m seja dono de outra pessoa. Persistiram, contudo, situa&ccedil;&otilde;es que transformam pessoas em instrumentos descart&aacute;veis de trabalho, negando a elas sua liberdade e dignidade.</p> <p class="texto">Desde a d&eacute;cada de 1940, o C&oacute;digo Penal Brasileiro prev&ecirc; a puni&ccedil;&atilde;o a esse crime. A essas formas d&aacute;-se o nome de trabalho escravo contempor&acirc;neo, escravid&atilde;o contempor&acirc;nea, condi&ccedil;&otilde;es an&aacute;logas &agrave;s de escravo.</p> <p class="texto">De acordo com o artigo 149 do C&oacute;digo Penal, quatro elementos podem definir escravid&atilde;o contempor&acirc;nea por aqui: trabalho for&ccedil;ado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servid&atilde;o por d&iacute;vida (um cativeiro atrelado a d&iacute;vidas, muitas vezes fraudulentas), condi&ccedil;&otilde;es degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a sa&uacute;de e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado &agrave; intensidade da explora&ccedil;&atilde;o, tamb&eacute;m colocando em risco sua sa&uacute;de e vida).</p> <p class="texto">Desde a cria&ccedil;&atilde;o dos grupos especiais de fiscaliza&ccedil;&atilde;o m&oacute;vel, base do sistema de combate &agrave; escravid&atilde;o no pa&iacute;s, em maio de 1995, mais de 60 mil trabalhadores foram resgatados e R$ 127 milh&otilde;es pagos a eles em valores devidos.</p> <p class="texto">Den&uacute;ncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa no <a href="https://ipe.sit.trabalho.gov.br/#!/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Sistema Ip&ecirc;</a>, sistema lan&ccedil;ado em 2020 pela Secretaria de Inspe&ccedil;&atilde;o do Trabalho (SIT) em parceria com a Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional do Trabalho (OIT). Dados oficiais sobre o combate ao trabalho escravo est&atilde;o dispon&iacute;veis <a href="https://sit.trabalho.gov.br/radar/" target="_blank" rel="noopener noreferrer">no Radar do Trabalho Escravo da SIT</a>.</p> <h3>60 mil resgatados da escravid&atilde;o</h3> <p class="texto">O Brasil encontrou 2.575 pessoas em situa&ccedil;&atilde;o an&aacute;loga &agrave; de escravo em 2022, maior n&uacute;mero desde os 2.808 trabalhadores de 2013, segundo informa&ccedil;&otilde;es do Minist&eacute;rio do Trabalho e Emprego. Com isso, o pa&iacute;s atinge 60.251 trabalhadores resgatados desde a cria&ccedil;&atilde;o dos grupos especiais de fiscaliza&ccedil;&atilde;o m&oacute;vel, base do sistema de combate &agrave; escravid&atilde;o no pa&iacute;s, em maio de 1995. Nesses 28 anos, R$ 127 milh&otilde;es foram pagos a eles em sal&aacute;rios e valores devidos.</p> <p class="texto">.Ao todo, foram 462 opera&ccedil;&otilde;es para verificar den&uacute;ncias em todo o pa&iacute;s. Elas n&atilde;o flagraram o crime apenas em Alagoas, no Amap&aacute; e no Amazonas. Minas Gerais foi o estado com mais opera&ccedil;&otilde;es de combate ao trabalho escravo, com 117 empregadores fiscalizados e o maior n&uacute;mero de resgatados: 1.070. Desde 2013, o estado lidera em n&uacute;mero de flagrados em situa&ccedil;&atilde;o de escravid&atilde;o contempor&acirc;nea.</p> <h3>MG lidera Resgate individual</h3> <p class="texto">Neste ano, Minas tamb&eacute;m ficou com o maior resgate individual de trabalhadores, no munic&iacute;pio de Varj&atilde;o de Minas, com 273 no corte de cana. O recorde hist&oacute;rico ainda est&aacute; na m&atilde;o da usina Pagrisa, em Ulian&oacute;polis (PA), com 1.064 resgatados em 2007.&nbsp;Goi&aacute;s (49) e Bahia (32) v&ecirc;m logo atr&aacute;s na quantidade de fiscaliza&ccedil;&otilde;es, mas Goi&aacute;s ficou em segundo lugar (271) em n&uacute;mero de v&iacute;timas, seguido por Piau&iacute; (180), Rio Grande do Sul (156) e S&atilde;o Paulo (146).</p> <p class="texto">Os 2.575 resgatados receberam R$ 8,19 milh&otilde;es em sal&aacute;rios e verbas rescis&oacute;rias. Mais de R$ 2,8 milh&otilde;es foram recuperados para o Fundo de Garantia do Tempo de Servi&ccedil;o (FGTS). As opera&ccedil;&otilde;es s&atilde;o coordenadas pela Inspe&ccedil;&atilde;o do Trabalho em parceria com o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho, a Pol&iacute;cia Federal, a Pol&iacute;cia Rodovi&aacute;ria Federal, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal e a Defensoria P&uacute;blica da Uni&atilde;o, entre outras institui&ccedil;&otilde;es. 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Eu, Estudante 445c6h

Trabalho escravo

Com 139 vítimas na cana, resgate de escravizados é o 3º maior em 5 anos 6g2522

Lavradores estavam alojados em 11 abrigos em Acréuna (GO), em condições precárias. Outros 13 trabalhadores foram resgatados no mesmo município em fábrica de ração animal a2m2v

Uma operação do grupo especial de fiscalização móvel resgatou 139 trabalhadores de condições análogas às de escravo em uma fazenda de cana-de-açúcar, em Acréuna (GO). De acordo com a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, é o terceiro maior resgate de pessoas em um único estabelecimento nos últimos cinco anos.

"Eles deixaram suas famílias para trás na expectativa de enviar algum dinheiro para casa. Mas chegando lá, viram que as promessas eram falsas e que descontos indevidos eram feitos sobre a alimentação e o transporte", explicou à coluna o auditor fiscal do trabalho Roberto Mendes, que coordenou a ação que terminou nesta quinta-feira (16).

Além da Inspeção do Trabalho, a operação contou com a participação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e da Polícia Federal.

A Agropecuária Nova Gália, responsável pela Usina Nova Gália, terceirizou ilegalmente para "gatos" (contratadores de mão de obra) a responsabilidade pelos trabalhadores, segundo a fiscalização. Dessa forma, quatro pequenas empresas de prestação de serviço sem idoneidade e capacidade financeira evitaram que a beneficiária final arcasse com os custos trabalhistas.

De acordo com o site da Usina Nova Gália, ela tem capacidade para processamento anual de 3,5 milhões de toneladas de cana, produzindo 128 milhões de litros de etanol hidratado e 17,7 milhões de anidro, além de açúcar.

A reportagem tentou contato com a empresa por telefone e e-mail. Assim que um posicionamento for recebido, será aqui publicado.

Os trabalhadores haviam sido contratados para atuar no plantio, mas chegando lá foram colocados em atividades de limpeza do terreno, que pagam menos. Descontos ilegais eram feitos em seu salário para quitar dívidas de transporte da região Nordeste até Goiás, porém a lei obriga que esse deslocamento seja bancado pelo patrão.

De acordo com a fiscalização, após os gastos com alimentação e os descontos de agens, alguns trabalhadores ficavam sem nada no bolso e sequer tinham condições de retornar para seus estados de origem. Parte estava endividada com o comércio local sob a supervisão dos gatos.

Direitos e indenizações 3f2i5g

Eles estavam alojados em 11 abrigos no município em condições precárias. Um grupo cozinhava usando lenha. Não eram fornecidos equipamentos de proteção individual adequados e não havia sanitários nem local para guardar as refeições nas frentes de trabalho, levando a comida a azedar.

Ônibus que faziam o transporte para a fazenda estavam em condições igualmente precárias tanto que um acidente por problemas de conservação com um deles deixou trabalhadores feridos.

"As usinas começaram a praticar o que faziam antigamente, antes da fiscalização agir de forma mais incisiva. Quando ela reduziu, voltaram a adotar intermediação ilegal de mão de obra", afirmou à coluna o procurador do Trabalho Tiago Cabral, que participou da operação. "Eles estão achando que podem fazer qualquer coisa", avalia.

Essa "virada" de produtores rurais coincide com os quatro anos do governo Jair Bolsonaro. O ex-presidente da República é criticado por enfraquecer a fiscalização ambiental e trabalhista, responsável pelo cumprimento da lei.

A empresa não questionou o que foi encontrado e assumiu a responsabilidade, segundo a equipe de fiscalização.

Ao todo, R$ 877 mil foram pagos aos trabalhadores como verbas rescisórias e direitos devidos. A Defensoria Pública da União negociou mais R$ 283 mil para eles, a título de dano moral individual, e o Ministério Público do Trabalho acertou o pagamento de dano moral coletivo no valor de R$ 315 mil, a ser destinado a instituições sociais de Acreúna e de outros municípios goianos.

Os outros dois maiores resgates dos últimos cinco anos, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, foram os de 433 trabalhadores em atividades econômicas em uma seita e os 273 em uma fazenda de cana, ambos nos Estado de Minas Gerais.

Resgate em fábrica de ração 2k4t5m

Mais 13 trabalhadores trabalhavam em condições consideradas desumanas pela fiscalização em uma fábrica de ração animal também em Acreúna. O alojamento de cinco deles seria impróprio até para a criação de animais, dormindo em um chão sujo, com pedaços de espumas velhos e muito lixo. Todos estavam sem registro e não recebiam salários regularmente.

E um trabalhador doméstico de 67 anos que morava em condições análogas à escravidão foi resgatado em Quirinópolis (GO). Ele atuava como caseiro em uma pequena propriedade rural, morando com sua esposa em um pequeno barraco, sujo, precário, sem banheiro e ameaçando desabar. O valor das verbas rescisórias e direitos trabalhistas foi de R$ 14 mil, o que foi pago pela empregadora.

Para quitar o dano moral individual e coletivo, a empregadora firmou um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União se comprometendo a comprar e rear para o nome do resgatado uma casa na cidade de Castelândia (GO) em 180 dias.

Todos os resgatados receberão três parcelas de seguro-desemprego especial para vítimas da escravidão.

Trabalho escravo hoje no Brasil 3s5x6j

A Lei Áurea aboliu a escravidão formal em maio de 1888, o que significou que o Estado brasileiro não mais reconhece que alguém seja dono de outra pessoa. Persistiram, contudo, situações que transformam pessoas em instrumentos descartáveis de trabalho, negando a elas sua liberdade e dignidade.

Desde a década de 1940, o Código Penal Brasileiro prevê a punição a esse crime. A essas formas dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições análogas às de escravo.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao completo esgotamento dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

Desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995, mais de 60 mil trabalhadores foram resgatados e R$ 127 milhões pagos a eles em valores devidos.

Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa no Sistema Ipê, sistema lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados oficiais sobre o combate ao trabalho escravo estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT.

60 mil resgatados da escravidão 522n2k

O Brasil encontrou 2.575 pessoas em situação análoga à de escravo em 2022, maior número desde os 2.808 trabalhadores de 2013, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego. Com isso, o país atinge 60.251 trabalhadores resgatados desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995. Nesses 28 anos, R$ 127 milhões foram pagos a eles em salários e valores devidos.

.Ao todo, foram 462 operações para verificar denúncias em todo o país. Elas não flagraram o crime apenas em Alagoas, no Amapá e no Amazonas. Minas Gerais foi o estado com mais operações de combate ao trabalho escravo, com 117 empregadores fiscalizados e o maior número de resgatados: 1.070. Desde 2013, o estado lidera em número de flagrados em situação de escravidão contemporânea.

MG lidera Resgate individual 563e1s

Neste ano, Minas também ficou com o maior resgate individual de trabalhadores, no município de Varjão de Minas, com 273 no corte de cana. O recorde histórico ainda está na mão da usina Pagrisa, em Ulianópolis (PA), com 1.064 resgatados em 2007. Goiás (49) e Bahia (32) vêm logo atrás na quantidade de fiscalizações, mas Goiás ficou em segundo lugar (271) em número de vítimas, seguido por Piauí (180), Rio Grande do Sul (156) e São Paulo (146).

Os 2.575 resgatados receberam R$ 8,19 milhões em salários e verbas rescisórias. Mais de R$ 2,8 milhões foram recuperados para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). As operações são coordenadas pela Inspeção do Trabalho em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União, entre outras instituições. Ou por equipes ligadas às Superintendências Regionais do Trabalho nos estados, que também contam com o apoio das Polícias Civil, Militar e Ambiental.