/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/trabalho-e-formacao/2022/02/4988619-profissao-no-pais-esta-ameacada.html", "name": "Profissão no país está ameaçada", "headline": "Profissão no país está ameaçada", "alternateName": "Magistério", "alternativeHeadline": "Magistério", "datePublished": "2022-02-27-0306:00:00-10800", "dateModified": "2022-02-27-0306:00:00-10800", "articleBody": "<p class="texto">Pesquisa do Instituto Pen&iacute;nsula revela que estudantes do ensino m&eacute;dio e tamb&eacute;m de n&iacute;vel superior n&atilde;o sentem atra&ccedil;&atilde;o alguma pelo magist&eacute;rio. De acordo com a diretora de pol&iacute;ticas educacionais e pesquisa da entidade, Mariana Breim, nos pr&oacute;ximos 10 anos, grande parte dos professores que est&atilde;o hoje na ativa dever&atilde;o estar aposentados. Ela observa que gestores p&uacute;blicos e demais envolvidos nesse processo precisam promover uma an&aacute;lise urgente e aprofundada do cen&aacute;rio de oferta e demanda em suas redes para que n&atilde;o haja escassez de docentes no mercado.</p> <p class="texto">Breim afirma haver diversas quest&otilde;es que permeiam o assunto, portanto, a an&aacute;lise n&atilde;o deve ser t&atilde;o simples. "&Eacute; imprescind&iacute;vel que haja uma abordagem multifatorial", alerta, ponderando que n&atilde;o basta calcular o volume de professores que se aposentar&atilde;o nos pr&oacute;ximos anos, mas no quanto os jovens se sentem atra&iacute;dos pela carreira, uma vez que apenas 5% deles demonstram interesse de fato. Segundo ela, a falta de entusiasmo ocorre, em grande parte, por conta da competitividade da profiss&atilde;o quando comparada a outros profissionais com educa&ccedil;&atilde;o superior".</p> <p class="texto">A qualidade dos professores ingressantes tamb&eacute;m precisa ser garantida, alerta ela, por haver uma inadequa&ccedil;&atilde;o entre a quantidade e a qualidade de indiv&iacute;duos dispostos a oferecer seus servi&ccedil;os, em um determinado contexto de sal&aacute;rios e condi&ccedil;&otilde;es de trabalho.</p> <p class="texto">Breim aponta, ainda, a car&ecirc;ncia de professores em disciplinas espec&iacute;ficas, como qu&iacute;mica, f&iacute;sica, biologia e matem&aacute;tica, de forma mais acentuada nas regi&otilde;es Norte e Nordeste. "Tamb&eacute;m &eacute; conhecido que a forma&ccedil;&atilde;o inicial n&atilde;o garante &agrave;s redes profissionais formados de acordo com suas demandas", acrescenta.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/02/25/675x450/1_2-7509164.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Mariana Breim: &quot;O planejamento da for&ccedil;a de trabalho de docente deve ser levado a s&eacute;rio&quot;"></amp-img> <figcaption>Instituto Pen&iacute;sula - <b>Mariana Breim: &quot;O planejamento da for&ccedil;a de trabalho de docente deve ser levado a s&eacute;rio&quot;</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Para ela, &eacute; necess&aacute;rio refletir sobre uma coordena&ccedil;&atilde;o, um sistema adequado de an&aacute;lise da oferta e demanda de professores que entendam as caracter&iacute;sticas de um mercado de trabalho em permanente atualiza&ccedil;&atilde;o e que gere incentivos de aloca&ccedil;&atilde;o de recursos, levando em conta a perspectiva territorial.</p> <p class="texto">O planejamento da for&ccedil;a de trabalho docente, na avalia&ccedil;&atilde;o dela, n&atilde;o deve ser visto como um assunto complexo e afastado do cotidiano do brasileiro. "&Eacute; importante prestar aten&ccedil;&atilde;o nesse investimento, levando-se em conta que 22% dos v&iacute;nculos empregat&iacute;cios no poder p&uacute;blico referem-se a professores", analisa.</p> <p class="texto">O comprometimento do Congresso Nacional &eacute; outro fator preponderante, afirma a especialista, uma vez que agora est&aacute; sendo em debate o Sistema Nacional de Educa&ccedil;&atilde;o. Nesse processo, de acordo com a analista do Instituto Pen&iacute;nsula, deveriam ser incorporados mecanismos de gest&atilde;o com olhar territorial para planejar a aloca&ccedil;&atilde;o dos profissionais da educa&ccedil;&atilde;o, levando-se em considera&ccedil;&atilde;o a competitividade da carreira ante outras profiss&otilde;es, o mercado de trabalho local, o desenvolvimento profissional ao longo da vida docente e as necessidades pedag&oacute;gicas das redes e escolas, assim como o desejo dos jovens em se tornar futuros professores.</p> <p class="texto">"N&atilde;o &eacute; uma tarefa f&aacute;cil planejar a for&ccedil;a de trabalho docente. &Eacute; um desafio complexo, mas poss&iacute;vel. No Brasil, houve avan&ccedil;os significativos nas quest&otilde;es de o, infraestrutura, financiamento e curr&iacute;culo. Agora, &eacute; o momento para falar das pessoas, da gest&atilde;o dos profissionais da linha de frente das escolas", argumenta.</p> <h3>Carreira socialmente abandonada</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/02/25/675x450/1_10-7509190.jpg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="&quot;Ainda temos o estigma de licenciaturas serem feitas para as camadas mais populares&quot; afirma Lauro"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>&quot;Ainda temos o estigma de licenciaturas serem feitas para as camadas mais populares&quot; afirma Lauro</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Lauro Rocha, 34 anos, que tem gradua&ccedil;&atilde;o em filosofia, pedagogia e psicologia faz uma avalia&ccedil;&atilde;o do cen&aacute;rio. &ldquo;Penso que as carreiras do magist&eacute;rio t&ecirc;m certas contradi&ccedil;&otilde;es. S&atilde;o muitas faculdades de qualidade duvidosa emitindo milh&otilde;es de diplomas e, nas universidades de qualidade, temos cursos n&atilde;o valorizados, uma vez que o sal&aacute;rio do professor n&atilde;o &eacute; atrativo na maioria dos estados. O piso salarial para muitos &eacute; uma mera fic&ccedil;&atilde;o&rdquo;, afirma.</p> <p class="texto">Ocorre da carga hor&aacute;ria e, consequentemente, a remunera&ccedil;&atilde;o n&atilde;o serem suficientes, e o professor acaba necessitando de outra escola para ter uma renda digna. Para Lauro, essa &eacute; uma realidade em escolas particulares e p&uacute;blicas.</p> <p class="texto">&ldquo;Ainda temos o estigma de licenciaturas serem feitas para as camadas mais populares. Elas n&atilde;o possuem o status dos grandes cursos, mesmo aqueles que n&atilde;o se traduzem em empregabilidade imediata&rdquo;, avalia. Segundo o professor, a classe m&eacute;dia e as elites n&atilde;o t&ecirc;m interesse nas licenciaturas. &ldquo;N&atilde;o temos sobrenomes, tradi&ccedil;&atilde;o familiar. &Eacute; at&eacute; curioso, porque &eacute; comum professores bem sucedidos n&atilde;o quererem seus filhos seguindo a profiss&atilde;o. &Eacute; uma carreira socialmente abandonada&rdquo;, diz</p> <p class="texto">Na sua avalia&ccedil;&atilde;o, a Reestrutura&ccedil;&atilde;o e Expans&atilde;o das Universidades Federais (Reuni) foi uma boa pol&iacute;tica p&uacute;blica que expandiu de forma significativa as licenciaturas no &acirc;mbito federal. Ainda assim, com o tempo, as universidades perderam investimento e a perman&ecirc;ncia de muitos estudantes foi colocada em risco. &ldquo;Sem falar que os concursos p&uacute;blicos n&atilde;o acompanharam esse crescimento de oferta, com os estados e munic&iacute;pios continuando a abusar do expediente de contratos tempor&aacute;rios&rdquo;, diz</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div></p> <p class="texto">Lauro diz que optou por fazer tr&ecirc;s gradua&ccedil;&otilde;es &mdash; primeiro filosofia, depois pedagogia e, por &uacute;ltimo, psicologia &mdash; por entender que a atua&ccedil;&atilde;o profissional demanda forma&ccedil;&otilde;es mais abrangentes.</p> <p class="texto">&ldquo;Trabalhamos n&atilde;o s&oacute; na nossa disciplina quando estamos em sala, ent&atilde;o, precisamos sempre articular conhecimentos propriamente pedag&oacute;gicos e no&ccedil;&otilde;es do desenvolvimento que precisam ser atravessadas por essa vis&atilde;o integral das pr&aacute;ticas propriamente relacionais&rdquo;, argumenta.</p> <p class="texto">Hoje, ele trabalha no terceiro setor formando outros profissionais e lidando com aspectos socioeducacionais que por vezes fazem falta na forma&ccedil;&atilde;o b&aacute;sica. &ldquo;Mas, em certos momentos, sinto falta da sala de aula, que &eacute; um espa&ccedil;o plural e de abertura para o outro que acredito ser o grande diferencial da profiss&atilde;o&rdquo;, ite.</p> <p class="texto">Lauro ainda diz que, infelizmente, a educa&ccedil;&atilde;o vive de modismos e n&atilde;o consegue estabelecer um planejamento s&oacute;lido e duradouro. Para ele, novas terminologias e curr&iacute;culos que tentam incorporar essas modas aparecem como solu&ccedil;&atilde;o &ldquo;e esquecem que a escola &eacute; apenas um momento da educa&ccedil;&atilde;o&rdquo;.</p> <p class="texto">&ldquo;Penso que o papel do educador &eacute; a de media&ccedil;&atilde;o de um conhecimento que deve articular a sua disciplina e a totalidade social frente a singularidade do aluno. Mas esse professor encontrar&aacute; muitas dificuldades quando encontrar um aluno que vive em uma cultura vulgarizada e embrutecida, isso sem falar das enormes dificuldades propriamente materiais que muitos possuem. Em todos os sentidos, somos um pa&iacute;s extremamente desigual&rdquo;, finaliza.</p> <h3>Em busca de outra sa&iacute;da</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/02/25/675x450/1_1-7509177.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Jo&atilde;o perdeu o interesse em ser professor a partir da instaura&ccedil;&atilde;o do Novo Ensino M&eacute;dio"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Jo&atilde;o perdeu o interesse em ser professor a partir da instaura&ccedil;&atilde;o do Novo Ensino M&eacute;dio</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">O impacto do desprest&iacute;gio da carreira de docente vem a partir da viv&ecirc;ncia da realidade, do conv&iacute;vio com os alunos e da rotina na sala de aula. &Eacute; o caso de Jo&atilde;o Maia, 26 anos, ex -professor de sociologia. Formado em 2018 em ci&ecirc;ncias sociais na Universidade de Bras&iacute;lia (UnB), que come&ccedil;ou a lecionar logo em 2019. Segundo ele, a experi&ecirc;ncia foi prazerosa durante um tempo, mas os problemas vieram depois de alguns meses.</p> <p class="texto">&ldquo;No come&ccedil;o, &eacute; encantador. Sou uma pessoa que gosta de sala de aula. &Eacute; incr&iacute;vel ter contato com alunos e conseguir colocar na pr&aacute;tica o que voc&ecirc; aprendeu e tamb&eacute;m ir aprendendo com os estudantes. A gente percebe que muita coisa s&oacute; se aprende na pr&aacute;tica, mas o ambiente escolar pode adoecer&rdquo;, afirma.</p> <p class="texto">Segundo Maia, professores com idade entre 30 e 35 anos se viram obrigados a se afastar de suas atividades por problemas psicol&oacute;gico como depress&atilde;o e ansiedade. &ldquo;Tudo isso associado a rotinas desgastantes, &agrave; sobrecarga de trabalho. Um professor n&atilde;o trabalha somente 40 horas semanais, uma vez que leva muito trabalho para casa&rdquo;. diz.</p> <p class="texto">A m&aacute; remunera&ccedil;&atilde;o &eacute; outro fator desestimulante, segundo Maia. Ele conta que &eacute; muito dif&iacute;cil conviver com as realidades dos alunos e sentir que pode ajud&aacute;-los e contribuir um pouco para a mudan&ccedil;a, mas, ao mesmo tempo sente-se incapacitado por ser &ldquo;muito min&uacute;sculo&rdquo; no meio disso.</p> <p class="texto">&ldquo;A quest&atilde;o da impot&ecirc;ncia e da instabilidade me afetaram muito, pois eu era professor tempor&aacute;rio. No m&ecirc;s seguinte, eu n&atilde;o tinha garantia nenhuma de que estaria ali. Era dif&iacute;cil contar com algo que n&atilde;o fosse fixo&rdquo;, lembra.</p> <p class="texto">Maia observa, ainda, que &eacute; preocupante a escassez de concursos p&uacute;blicos para professor no Distrito Federal. &ldquo;O mais recente foi realizado em 2016. Ou seja, o DF ou seis anos sem fazer concurso de professor definitivo&rdquo;, lamenta. &ldquo;Mais um motivo de frustra&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Ele ressalta que a realidade do brasiliense ainda &eacute; positiva quando comparada &agrave; de outros estados, pois o sal&aacute;rio do professor na capital federal &eacute; um dos maiores do pa&iacute;s.</p> <p class="texto">O Novo Ensino M&eacute;dio &eacute; outro ponto crucial nesse processo. Maia observa que nessa mudan&ccedil;a o protagonismo de mat&eacute;rias, como sociologia, foi reduzido sensivelmente. &ldquo;O Novo Ensino M&eacute;dio descaracteriza o ensino como a gente conheceu at&eacute; ent&atilde;o. &Eacute; um ensino m&eacute;dio focado em m&atilde;o de obra para o mercado, n&atilde;o &eacute; pensado como uma oportunidade de capacitar o cidad&atilde;o de forma consciente&rdquo;, opina.</p> <p class="texto">Essas disciplinas, principalmente as de humanas, perderam, na vis&atilde;o dele, seu papel em raz&atilde;o de uma &ldquo;l&oacute;gica mercantilista&rdquo;. Segundo ele, essa realidade tamb&eacute;m foi um dos motivos que o levaram a se afastar da sala de aula.</p> <p class="texto">Dessa forma, ele buscou uma sa&iacute;da, aproveitando a experi&ecirc;ncia vivida. Como portador de diploma, ingressou novamente na UnB para cursar engenharia de software. Hoje, est&aacute; estagiando no Minist&eacute;rio da Ci&ecirc;ncia, Tecnologia e Inova&ccedil;&otilde;es, onde trabalha em um projeto que re&uacute;ne as duas &aacute;reas: ci&ecirc;ncias sociais e programa&ccedil;&atilde;o.</p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/02/25/766x527/1_1-7509027.jpg?20220225215803?20220225215803", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Ana Luisa Araujo" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 2r6v1r

Eu, Estudante 445c6h

Magistério

Profissão no país está ameaçada 1l1u4v

Brasil pode amargar escassez de professores na próxima década, revela pesquisa 2j4u18

Pesquisa do Instituto Península revela que estudantes do ensino médio e também de nível superior não sentem atração alguma pelo magistério. De acordo com a diretora de políticas educacionais e pesquisa da entidade, Mariana Breim, nos próximos 10 anos, grande parte dos professores que estão hoje na ativa deverão estar aposentados. Ela observa que gestores públicos e demais envolvidos nesse processo precisam promover uma análise urgente e aprofundada do cenário de oferta e demanda em suas redes para que não haja escassez de docentes no mercado.

Breim afirma haver diversas questões que permeiam o assunto, portanto, a análise não deve ser tão simples. "É imprescindível que haja uma abordagem multifatorial", alerta, ponderando que não basta calcular o volume de professores que se aposentarão nos próximos anos, mas no quanto os jovens se sentem atraídos pela carreira, uma vez que apenas 5% deles demonstram interesse de fato. Segundo ela, a falta de entusiasmo ocorre, em grande parte, por conta da competitividade da profissão quando comparada a outros profissionais com educação superior".

A qualidade dos professores ingressantes também precisa ser garantida, alerta ela, por haver uma inadequação entre a quantidade e a qualidade de indivíduos dispostos a oferecer seus serviços, em um determinado contexto de salários e condições de trabalho.

Breim aponta, ainda, a carência de professores em disciplinas específicas, como química, física, biologia e matemática, de forma mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste. "Também é conhecido que a formação inicial não garante às redes profissionais formados de acordo com suas demandas", acrescenta.

Instituto Penísula - Mariana Breim: "O planejamento da força de trabalho de docente deve ser levado a sério"

Para ela, é necessário refletir sobre uma coordenação, um sistema adequado de análise da oferta e demanda de professores que entendam as características de um mercado de trabalho em permanente atualização e que gere incentivos de alocação de recursos, levando em conta a perspectiva territorial.

O planejamento da força de trabalho docente, na avaliação dela, não deve ser visto como um assunto complexo e afastado do cotidiano do brasileiro. "É importante prestar atenção nesse investimento, levando-se em conta que 22% dos vínculos empregatícios no poder público referem-se a professores", analisa.

O comprometimento do Congresso Nacional é outro fator preponderante, afirma a especialista, uma vez que agora está sendo em debate o Sistema Nacional de Educação. Nesse processo, de acordo com a analista do Instituto Península, deveriam ser incorporados mecanismos de gestão com olhar territorial para planejar a alocação dos profissionais da educação, levando-se em consideração a competitividade da carreira ante outras profissões, o mercado de trabalho local, o desenvolvimento profissional ao longo da vida docente e as necessidades pedagógicas das redes e escolas, assim como o desejo dos jovens em se tornar futuros professores.

"Não é uma tarefa fácil planejar a força de trabalho docente. É um desafio complexo, mas possível. No Brasil, houve avanços significativos nas questões de o, infraestrutura, financiamento e currículo. Agora, é o momento para falar das pessoas, da gestão dos profissionais da linha de frente das escolas", argumenta.

Carreira socialmente abandonada 663y5w

Arquivo pessoal - "Ainda temos o estigma de licenciaturas serem feitas para as camadas mais populares" afirma Lauro

Lauro Rocha, 34 anos, que tem graduação em filosofia, pedagogia e psicologia faz uma avaliação do cenário. “Penso que as carreiras do magistério têm certas contradições. São muitas faculdades de qualidade duvidosa emitindo milhões de diplomas e, nas universidades de qualidade, temos cursos não valorizados, uma vez que o salário do professor não é atrativo na maioria dos estados. O piso salarial para muitos é uma mera ficção”, afirma.

Ocorre da carga horária e, consequentemente, a remuneração não serem suficientes, e o professor acaba necessitando de outra escola para ter uma renda digna. Para Lauro, essa é uma realidade em escolas particulares e públicas.

“Ainda temos o estigma de licenciaturas serem feitas para as camadas mais populares. Elas não possuem o status dos grandes cursos, mesmo aqueles que não se traduzem em empregabilidade imediata”, avalia. Segundo o professor, a classe média e as elites não têm interesse nas licenciaturas. “Não temos sobrenomes, tradição familiar. É até curioso, porque é comum professores bem sucedidos não quererem seus filhos seguindo a profissão. É uma carreira socialmente abandonada”, diz

Na sua avaliação, a Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) foi uma boa política pública que expandiu de forma significativa as licenciaturas no âmbito federal. Ainda assim, com o tempo, as universidades perderam investimento e a permanência de muitos estudantes foi colocada em risco. “Sem falar que os concursos públicos não acompanharam esse crescimento de oferta, com os estados e municípios continuando a abusar do expediente de contratos temporários”, diz

Saiba Mais 6k4ce

Lauro diz que optou por fazer três graduações — primeiro filosofia, depois pedagogia e, por último, psicologia — por entender que a atuação profissional demanda formações mais abrangentes.

“Trabalhamos não só na nossa disciplina quando estamos em sala, então, precisamos sempre articular conhecimentos propriamente pedagógicos e noções do desenvolvimento que precisam ser atravessadas por essa visão integral das práticas propriamente relacionais”, argumenta.

Hoje, ele trabalha no terceiro setor formando outros profissionais e lidando com aspectos socioeducacionais que por vezes fazem falta na formação básica. “Mas, em certos momentos, sinto falta da sala de aula, que é um espaço plural e de abertura para o outro que acredito ser o grande diferencial da profissão”, ite.

Lauro ainda diz que, infelizmente, a educação vive de modismos e não consegue estabelecer um planejamento sólido e duradouro. Para ele, novas terminologias e currículos que tentam incorporar essas modas aparecem como solução “e esquecem que a escola é apenas um momento da educação”.

“Penso que o papel do educador é a de mediação de um conhecimento que deve articular a sua disciplina e a totalidade social frente a singularidade do aluno. Mas esse professor encontrará muitas dificuldades quando encontrar um aluno que vive em uma cultura vulgarizada e embrutecida, isso sem falar das enormes dificuldades propriamente materiais que muitos possuem. Em todos os sentidos, somos um país extremamente desigual”, finaliza.

Em busca de outra saída 1cr6r

Arquivo pessoal - João perdeu o interesse em ser professor a partir da instauração do Novo Ensino Médio

O impacto do desprestígio da carreira de docente vem a partir da vivência da realidade, do convívio com os alunos e da rotina na sala de aula. É o caso de João Maia, 26 anos, ex -professor de sociologia. Formado em 2018 em ciências sociais na Universidade de Brasília (UnB), que começou a lecionar logo em 2019. Segundo ele, a experiência foi prazerosa durante um tempo, mas os problemas vieram depois de alguns meses.

“No começo, é encantador. Sou uma pessoa que gosta de sala de aula. É incrível ter contato com alunos e conseguir colocar na prática o que você aprendeu e também ir aprendendo com os estudantes. A gente percebe que muita coisa só se aprende na prática, mas o ambiente escolar pode adoecer”, afirma.

Segundo Maia, professores com idade entre 30 e 35 anos se viram obrigados a se afastar de suas atividades por problemas psicológico como depressão e ansiedade. “Tudo isso associado a rotinas desgastantes, à sobrecarga de trabalho. Um professor não trabalha somente 40 horas semanais, uma vez que leva muito trabalho para casa”. diz.

A má remuneração é outro fator desestimulante, segundo Maia. Ele conta que é muito difícil conviver com as realidades dos alunos e sentir que pode ajudá-los e contribuir um pouco para a mudança, mas, ao mesmo tempo sente-se incapacitado por ser “muito minúsculo” no meio disso.

“A questão da impotência e da instabilidade me afetaram muito, pois eu era professor temporário. No mês seguinte, eu não tinha garantia nenhuma de que estaria ali. Era difícil contar com algo que não fosse fixo”, lembra.

Maia observa, ainda, que é preocupante a escassez de concursos públicos para professor no Distrito Federal. “O mais recente foi realizado em 2016. Ou seja, o DF ou seis anos sem fazer concurso de professor definitivo”, lamenta. “Mais um motivo de frustração”. Ele ressalta que a realidade do brasiliense ainda é positiva quando comparada à de outros estados, pois o salário do professor na capital federal é um dos maiores do país.

O Novo Ensino Médio é outro ponto crucial nesse processo. Maia observa que nessa mudança o protagonismo de matérias, como sociologia, foi reduzido sensivelmente. “O Novo Ensino Médio descaracteriza o ensino como a gente conheceu até então. É um ensino médio focado em mão de obra para o mercado, não é pensado como uma oportunidade de capacitar o cidadão de forma consciente”, opina.

Essas disciplinas, principalmente as de humanas, perderam, na visão dele, seu papel em razão de uma “lógica mercantilista”. Segundo ele, essa realidade também foi um dos motivos que o levaram a se afastar da sala de aula.

Dessa forma, ele buscou uma saída, aproveitando a experiência vivida. Como portador de diploma, ingressou novamente na UnB para cursar engenharia de software. Hoje, está estagiando no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, onde trabalha em um projeto que reúne as duas áreas: ciências sociais e programação.