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O percentual de pretos e pardos com empresas ainda fechadas ou com neg&oacute;cios interrompidos &eacute; de 18%. Entre brancos, o &iacute;ndice &eacute; de 15%.</p> <p class="texto">Os dados s&atilde;o da oitava edi&ccedil;&atilde;o de pesquisa sobre o impacto da crise sanit&aacute;ria nos empreendimentos, feita entre 28 de setembro e 1&ordm; de outubro pelo Servi&ccedil;o Brasileiro de Apoio &agrave;s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A diferen&ccedil;a entre os n&uacute;meros pode parecer pequena, mas h&aacute; disparidades em diversos outros aspectos, os quais evidenciam diferen&ccedil;as anteriores &agrave; pandemia.</p> <p class="texto">Entre os negros, 76% relataram diminui&ccedil;&atilde;o do faturamento (contra 73% dos brancos), 46% t&ecirc;m dificuldades para manter o neg&oacute;cio (contra 41% dos brancos), 36% t&ecirc;m d&iacute;vidas em atraso (contra 27% dos brancos) e 12% conseguiram cr&eacute;dito em banco (contra 18% dos brancos).</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/2-6413063.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Andre R&aacute;ms, tatuador"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Andre R&aacute;ms, tatuador</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">&nbsp;</p> <p class="texto">&ldquo;A queda de faturamento foi pr&oacute;xima, mas, historicamente, a m&eacute;dia de faturamento dos empreendedores negros j&aacute; &eacute; menor&rdquo;, compara o economista Rafael Moreira, assessor da Diretoria T&eacute;cnica do Sebrae Nacional. Ele observa que, tanto agora quanto antes, o empreendedor negro enfrenta mais dificuldade para conseguir cr&eacute;dito, o que explica, em parte, por que o endividamento deles &eacute; maior.</p> <p class="texto">&ldquo;Isso &eacute; um gargalo. Os empreendedores ficaram de mar&ccedil;o a junho faturando metade do que ganhavam antes, mas as contas continuaram chegando. Mesmo com a situa&ccedil;&atilde;o tendo come&ccedil;ado a melhorar, o patamar est&aacute; abaixo do per&iacute;odo pr&eacute;-crise&rdquo;, explica. &ldquo;Ent&atilde;o, o empreendedor, em geral, est&aacute; desesperado por cr&eacute;dito. O endividamento maior dos negros &eacute;, sim, fruto dessa maior dificuldade que eles t&ecirc;m de conseguir cr&eacute;dito&rdquo;, completa.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/3-6413071.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/4-6413075.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>.</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Juntando o contexto de racismo estrutural ao cen&aacute;rio da pandemia, n&atilde;o &eacute; dif&iacute;cil entender por que os empreendedores negros est&atilde;o menos otimistas do que os brancos, segundo a pesquisa do Sebrae. A crise sanit&aacute;ria acelerou a necessidade de digitaliza&ccedil;&atilde;o empresarial, adapta&ccedil;&atilde;o para a qual havia menos negros preparados.</p> <p class="texto">Se empreendedores negros t&ecirc;m pior desempenho com a pandemia, isso significa que mais da metade dos neg&oacute;cios do pa&iacute;s a por isso e h&aacute; chances de retrocessos. De acordo com o Sebrae, negros est&atilde;o &agrave; frente de 51% das empresas no territ&oacute;rio brasileiro. O pa&iacute;s conta com mais de 5,8 milh&otilde;es de empreendedores negros, movimentando cerca de R$ 219,3 bilh&otilde;es por ano, segundo o Instituto Locomotiva com informa&ccedil;&otilde;es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE).</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/5-6413079.jpg" width="665" height="1166" layout="responsive" alt="."></amp-img> <figcaption>Reprodu&ccedil;&atilde;o - <b>.</b></figcaption> </div></p> <h3><br />e do Sebrae</h3> <p class="texto"><br />O Sebrae oferece apoio e capacita&ccedil;&atilde;o a empreendedores, inclusive gratuitamente. O programa Up Digital, por exemplo, ajuda empreendedores a se digitalizarem. Saiba mais pelo <a href="https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae">site</a>, em que &eacute; poss&iacute;vel conversar por chat com consultores gratuitamente, ou pelo telefone 0800-570-0800.</p> <h3>Efeitos na sociedade</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/6-6413087.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Jos&eacute; Vicente, reitor e fundador da Universidade Zumbi dos Palmares"></amp-img> <figcaption>Universidade Zumbi dos Palmares/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>Jos&eacute; Vicente, reitor e fundador da Universidade Zumbi dos Palmares</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Fal&ecirc;ncias e perdas entre empres&aacute;rios pretos e pardos trazem enormes impactos sociais, j&aacute; que o empreendedorismo pode ser um &ldquo;caminho alternativo para redu&ccedil;&atilde;o de desigualdades&rdquo;, conforme explica Jos&eacute; Vicente, reitor e fundador da Universidade Zumbi dos Palmares. Quando negros s&atilde;o donos de empresas, h&aacute; maiores chances de contrata&ccedil;&atilde;o e de tratamento igualit&aacute;rio de trabalhadores pretos.</p> <p class="texto">O racismo pode aparecer pelo percurso desses empres&aacute;rios e &eacute; preciso ar por ele para conseguir empreender, o que exige capacita&ccedil;&atilde;o e vontade. &ldquo;Quando voc&ecirc; tem habilidade e talento, voc&ecirc; tem que ir e derrubar esse muro. Tendo disposi&ccedil;&atilde;o e dom para a &aacute;rea, todos os desafios e limites s&atilde;o mais facilmente superados, incluindo o racismo&rdquo;, afirma.</p> <p class="texto">&Eacute; assim que o tatuador Andr&eacute; Lu&iacute;s Ramos, 30 anos, conhecido profissionalmente como Andre R&aacute;ms, enfrenta as dificuldades. H&aacute; quase dois anos, ele atende na Barbearia Elvis, no Taguatinga Shopping. Antes disso, teve um est&uacute;dio no Riacho Fundo 2. O tra&ccedil;o dele &eacute; fino e realista e atrai um p&uacute;blico bastante variado, incluindo muitas mulheres, mesmo atuando numa barbearia.</p> <p class="texto">Andre nunca deixou que o racismo o impedisse de progredir na carreira. &ldquo;Existe, sim, muito preconceito. Tem pessoas que acham que voc&ecirc; merece menos, que deve cobrar menos e que n&atilde;o &eacute; t&atilde;o bom por ser negro&rdquo;, relata o morador do Recanto das Emas. &Agrave;s vezes, a discrimina&ccedil;&atilde;o &eacute; sutil, observa Andre, por meio de uma brincadeira ou piada. &ldquo;Venho de fam&iacute;lia negra e aprendi, desde cedo, a me posicionar, mesmo antes de ser tatuador&rdquo;, conta. Para n&atilde;o criar conflitos, Andre, por vezes, &ldquo;abstrai e finge dem&ecirc;ncia&rdquo;.</p> <h3>Artista diverso</h3> <p class="texto">A hist&oacute;ria com a tatuagem come&ccedil;ou aos 15 anos, da primeira vez, quase como uma aventura: um amigo pediu que ele fizesse uma tattoo mesmo sem experi&ecirc;ncia alguma. O experimento deu certo e outras pessoas aram a requisitar trabalhos. Ele resolveu parar porque nunca tinha feito cursos na &aacute;rea e poderia ser perigoso. Desde jovem, ele desenhava e era grafiteiro.</p> <p class="texto">V&aacute;rios dos amigos do meio art&iacute;stico se tornaram tatuadores. No in&iacute;cio, Andre rejeitou a possibilidade para ele. &ldquo;Meu sonho mesmo era pintar telas, e eu n&atilde;o achava certo que a &uacute;nica possibilidade de ganhar dinheiro em Bras&iacute;lia com a minha arte fosse a tatuagem&rdquo;, conta.</p> <p class="texto">Andr&eacute; trabalhou como vendedor e atendente de telemarketing e percebeu como era mais dif&iacute;cil conseguir emprego. Ele retornou &agrave; tatuagem, fez cursos e certifica&ccedil;&otilde;es nacionais e internacionais e abra&ccedil;ou as possibilidades que ser empreendedor poderiam trazer. &ldquo;Quando voc&ecirc; &eacute; uma empresa, n&atilde;o tem limite de ganhos. Quanto mais voc&ecirc; trabalha, mais ganha&rdquo;, diz. Hoje em dia, boa parte dos clientes o encontram pelo Instagram.</p> <p class="texto">A pandemia afetou o trabalho e, por atuar num shopping, o funcionamento da barbearia foi interrompido por um longo per&iacute;odo. &ldquo;O impacto foi brutal. Mesmo quando outras lojas reabriram, n&oacute;s permanecemos fechados por muito tempo. Foi um baque muito grande, e o faturamento ainda n&atilde;o voltou &agrave; normalidade&rdquo;, revela.</p> <p class="texto">Apesar do preju&iacute;zo, a crise sanit&aacute;ria trouxe para Andre mais tempo ocioso antes da reabertura dos shoppings, o que o ajudou a retomar o antigo sonho de tamb&eacute;m pintar telas. Hoje, ele vende pinturas por meio de uma galeria on-line.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais&nbsp;</strong><br />&mdash; &nbsp;<a href="https://www.instagram.com/andrerms11/">instagram.com/andrerms11</a><br />&mdash; &nbsp;98485-0437<br />&mdash; &nbsp;<a href="https://www.urbanarts.com.br/">www.urbanarts.com.br</a> (telas)</p> <h3>Diferen&ccedil;as raciais</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/7-6413091.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Micheline Ramalho, influenciadora digital, maquiadora e modelo"></amp-img> <figcaption>Instagram/Reprodu&ccedil;&atilde;o - <b>Micheline Ramalho, influenciadora digital, maquiadora e modelo</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Certas caracter&iacute;sticas dos neg&oacute;cios tocados por pretos e pardos fazem com que eles tenham menos f&ocirc;lego para resistir a crises. &ldquo;De modo geral, o empreendedor negro tem menor escolaridade, tem a empresa h&aacute; menos tempo e faixa de rendimento menor&rdquo;, diz Rafael Moreira, do Sebrae. Cerca de 68% dos pretos e pardos s&atilde;o microempreendedores individuais (MEIs), enquanto 49% dos brancos est&atilde;o nesse porte. A maior parte dos MEIs empreende por necessidade e n&atilde;o por oportunidade.</p> <p class="texto">As &aacute;reas de atividades apresentam diferen&ccedil;as raciais: h&aacute; mais negros concentrados em ramos voltados a produtos e servi&ccedil;os para o consumidor final, como sal&atilde;o de beleza, que sofrem mais que a ind&uacute;stria ou servi&ccedil;os empresariais. &ldquo;O consumo das fam&iacute;lias n&atilde;o voltou a um n&iacute;vel pr&eacute;-pandemia. As pessoas ainda t&ecirc;m medo. Tudo isso tamb&eacute;m impacta a quest&atilde;o, sem diminuir o impacto do racismo estrutural&rdquo;, afirma Moreira.</p> <p class="texto">Maquiadora, influenciadora digital e modelo plus size, Micheline Ramalho, 35 anos, sentiu o impacto da pandemia no trabalho. ou a ser inexistente a demanda de maquiagem para eventos, por exemplo. No entanto, a procura pelo curso de automaquiagem est&aacute; em alta. Ela d&aacute; as aulas num ateli&ecirc; em Samambaia.</p> <p class="texto">&ldquo;Atendo, no m&aacute;ximo, duas pessoas por sess&atilde;o e s&oacute; abro agenda ter&ccedil;as e quintas&rdquo;, conta. Como empreendedora negra, ela sofreu racismo em muitos momentos, mas n&atilde;o se deixou abalar. &ldquo;Sou uma pessoa negra e crespa. Onde chego, chamo aten&ccedil;&atilde;o. Tem gente que diz &lsquo;seu cabelo est&aacute; alto&rsquo; ou acha que eu n&atilde;o penteei o cabelo, n&atilde;o entendem que essa &eacute; a estrutura do fio&rdquo;, conta. Micheline conta que a m&atilde;e dela &eacute; branca e tamb&eacute;m n&atilde;o entendia isso, principalmente quando ela parou de usar chapinha.</p> <p class="texto">&ldquo;Quando uma marca de beleza resolveu me patrocinar, ela perguntou: a empresa gosta do seu cabelo assim ressecado? S&oacute; que n&atilde;o &eacute; ressecado, o fio crespo &eacute; assim. Se eu n&atilde;o tivesse tido for&ccedil;a para enfrentar isso, n&atilde;o teria assumido meu cabelo&rdquo;, relata. Com o tempo e o reconhecimento, a m&atilde;e de Micheline entendeu isso. Em outras ocasi&otilde;es, as pessoas achavam que ela deveria ganhar menos pelo trabalho.</p> <p class="texto">&ldquo;Uma blogueira me perguntou por que eu cobrava determinado valor e n&atilde;o um menor como modelo. Eu expliquei: h&aacute; uma gama de modelos brancas e claras no mercado, mas onde iam achar um cabelo desse, uma pele dessa, um corpo desse?&rdquo; Casada h&aacute; nove anos, Micheline conta que o marido foi fundamental para reconstruir sua autoestima, o que permitiu que ela asse a ajudar outras pessoas nesse sentido.</p> <h3>Lado social</h3> <p class="texto">Antes de viver exclusivamente do empreendedorismo, Micheline trabalhava como assistente istrativa terceirizada num minist&eacute;rio, fun&ccedil;&atilde;o que deixou quando teve c&acirc;ncer no colo do &uacute;tero. Hoje, ela est&aacute; em remiss&atilde;o. As sequelas n&atilde;o permitem que ela fique oito horas sentada, ent&atilde;o, encontrou nas redes sociais uma maneira de se reinventar. Ela j&aacute; era ativa como influenciadora digital e compartilhava o tratamento com os seguidores.</p> <p class="texto">Micheline usa a influ&ecirc;ncia, hoje, n&atilde;o s&oacute; para o pr&oacute;prio neg&oacute;cio, mas, tamb&eacute;m, para ajudar outras pessoas. Com doa&ccedil;&otilde;es de seguidores e marcas, por exemplo, est&aacute; reconstruindo a casa de um morador de Samambaia que pegou fogo. O que come&ccedil;ou como a ideia de construir um quarto ganhou uma propor&ccedil;&atilde;o muito maior, com direito a servi&ccedil;o de arquiteto. Ela tamb&eacute;m presta um trabalho social dando aulas de maquiagem na Caravana da Juventude Negra, que tem apoio da Secretaria de Turismo.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong><br />&mdash;&nbsp;<a href="https://www.instagram.com/michelineramalho/">instagram.com/michelineramalho</a></p> <h3>Impacto social</h3> <p class="texto">Ana L&iacute;dia Ara&uacute;jo*</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/8-6413095.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Ot&aacute;vio Damichel, fundador da Singelo Burguer, e Su&aacute;via Gimenes, s&oacute;cia"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Ot&aacute;vio Damichel, fundador da Singelo Burguer, e Su&aacute;via Gimenes, s&oacute;cia</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Mais do que ser uma hamburgueria, a Singelo Burguer foi idealizada para ser um projeto de relev&acirc;ncia social. &Eacute; o que diz o ex-articulador de eventos sociais e fundador do neg&oacute;cio, Ot&aacute;vio Damichel, 29 anos. Ele criou a empresa no quintal de casa, em Ceil&acirc;ndia, em 2016. Sem emprego e sem perspectivas de encontrar uma recoloca&ccedil;&atilde;o, o jovem usou as economias da rescis&atilde;o para investir no pr&oacute;prio neg&oacute;cio.</p> <p class="texto">&ldquo;Foi uma tentativa de sobreviv&ecirc;ncia mesmo, com tudo improvisado e coisas emprestadas dos amigos&rdquo;, conta. &ldquo;Come&ccedil;ou a dar certo, ent&atilde;o usei a internet para estudar o ramo, experimentei produtos e fui me aprimorando&rdquo;, diz. Depois, com uma sede, a iniciativa ganhou espa&ccedil;o e reconhecimento em Taguatinga.</p> <p class="texto">Cerca de seis meses ap&oacute;s a abertura, Ot&aacute;vio fechou sociedade com a amiga de longa data Su&aacute;via Gimenes, 38, e, juntos, eles levaram a loja para a QNJ, em Taguatinga. &ldquo;Somos quase irm&atilde;os de considera&ccedil;&atilde;o. Ela estava chegando a Bras&iacute;lia sem emprego e queria investir em alguma coisa&rdquo;, relembra Ot&aacute;vio.</p> <p class="texto">Para o empres&aacute;rio, a hamburgueria foi um divisor de &aacute;guas. &ldquo;Sou um homem preto, vim da periferia de S&atilde;o Paulo e morei na favela a vida inteira. A Singelo me deu a oportunidade de empregar pessoas, de estar &agrave; frente de um neg&oacute;cio lucrativo e mudar a perspectiva do que &eacute; o papel do negro na sociedade&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">&ldquo;Assim como todos os negros em nosso pa&iacute;s, j&aacute; fui v&iacute;tima do racismo e do preconceito. No entanto, n&atilde;o gosto de me colocar somente com essa imagem: sou, tamb&eacute;m, um homem vitorioso, que, apesar de todas as barreiras, conseguiu vencer com o trabalho.&rdquo;</p> <h3>Identidade da empresa</h3> <p class="texto">Durante a pandemia, o neg&oacute;cio tem enfrentado adversidades. Com o fechamento da loja e as restri&ccedil;&otilde;es de conv&iacute;vio social, metade da equipe foi desligada e novas estrat&eacute;gias precisam ser tomadas, como mudan&ccedil;as no card&aacute;pio e o fortalecimento do delivery, que n&atilde;o era uma prioridade.</p> <p class="texto">&ldquo;Nosso foco era o sal&atilde;o e o atendimento presencial, mas fomos for&ccedil;ados a fazer essa transi&ccedil;&atilde;o e trabalhar com isso da melhor maneira poss&iacute;vel.&rdquo; Mesmo com as dificuldades, o per&iacute;odo em que a loja ficou fechada para o p&uacute;blico foi aproveitado. Em parceria com o grupo Coletiva&ccedil;&atilde;o, a Singelo Burguer produziu centenas de refei&ccedil;&otilde;es para moradores de rua de Ceil&acirc;ndia.</p> <p class="texto">O empres&aacute;rio conta que servir a sociedade de alguma maneira faz parte da identidade da empresa. &ldquo;Quando t&iacute;nhamos uma equipe grande, n&oacute;s sempre optamos por ter um quadro equilibrado entre homens e mulheres, com pessoas LGBTQI+, e j&aacute; empregamos pessoas em situa&ccedil;&atilde;o de rua. N&oacute;s acreditamos em fazer a diferen&ccedil;a com as ferramentas que temos &agrave; nossa disposi&ccedil;&atilde;o&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">A hamburgueria lan&ccedil;ou o concurso de beleza negra Simpatia Preta, cujo resultado foi divulgado na sexta-feira (20), e a vencedora ganhou ensaio fotogr&aacute;fico, maquiagem, penteado e R$ 300 em consuma&ccedil;&atilde;o na loja. &ldquo;Nossa ideia com esse projeto &eacute; trabalhar a autoestima do negro e aproveitar o m&ecirc;s da consci&ecirc;ncia negra para dar mais visibilidade a isso&rdquo;, explica.</p> <p class="texto"><strong>Saiba mais</strong></p> <p class="texto">&mdash;&nbsp;<a href="https://www.instagram.com/singeloburguer/">instagram.com/singeloburguer </a>ou entre em contato pelo telefone 99684/7436. H&aacute; delivery pelo iFood.</p> <p class="texto">&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>* Estagi&aacute;ria sob a supervis&atilde;o da subeditora Ana Paula Lisboa</strong></p> <h3><strong>Turismo sem preconceito</strong></h3> <p class="texto"><strong><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/9-6413099.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da Di&aacute;spora.Black "></amp-img> <figcaption>Rodrigo Rodrigues/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da Di&aacute;spora.Black </b></figcaption> </div></strong></p> <p class="texto">Natural de Nova Igua&ccedil;u (RJ), Carlos Humberto da Silva Filho, 41 anos, &eacute; CEO da Di&aacute;spora.Black, startup de impacto social de turismo, cultura negra e treinamentos. A empresa promove cursos e oficinas para empresas desenvolverem padr&atilde;o de qualidade para o consumidor negro e para comunidades ribeirinhas e quilombolas desenvolverem turismo de base comunit&aacute;ria.</p> <p class="texto">&Eacute; tamb&eacute;m um canal para que pessoas reservem hospedagem livre de preconceitos. A plataforma tamb&eacute;m oferta experi&ecirc;ncias que contam a hist&oacute;ria da comunidade negra, por meio de roteiros gastron&ocirc;micos, viv&ecirc;ncias em comunidades tradicionais como a Kalunga, na Chapada dos Veadeiros, em Goi&aacute;s. Desde 2017, foram mais de 4 mil turistas atendidos em 15 pa&iacute;ses.</p> <p class="texto">&ldquo;N&oacute;s recebemos s positivos todos os dias. Um muito forte foi de uma senhora branca de classe m&eacute;dia de S&atilde;o Paulo. A filha dela foi morar em Nova York e ela buscou acomoda&ccedil;&atilde;o na nossa plataforma porque acreditou que as pessoas que oferecem hospedagem ali poderiam garantir seguran&ccedil;a e respeito&rdquo;, diz. A ideia surgiu em 2016, a partir de problemas que Carlos enfrentou na pr&oacute;pria casa.</p> <p class="texto">Ele morava num apartamento com vista para a praia no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. &ldquo;Como eu viajava muito, comecei a alugar um dos quartos com a perspectiva de compartilhar aquela experi&ecirc;ncia e ei a enfrentar racismo. As pessoas duvidavam que eu fosse o anfitri&atilde;o e um casal at&eacute; se negou a se hospedar ali quando viu que eu era negro&rdquo;, conta.</p> <h3>Rea&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto">Quando era crian&ccedil;a, a fam&iacute;lia de Carlos ficou sem casa e foi acolhida por um terreiro de umbanda. Por isso, ele era acostumado a ver no lar um lugar de compartilhamento. &ldquo;Nessa experi&ecirc;ncia, aprendi valores de acolhida, cooperativismo, ancestralidade que trago para a Di&aacute;spora at&eacute; hoje. Casa para mim era algo sagrado&rdquo;, conta. Por isso, ser desrespeitado nesse espa&ccedil;o foi a gota d&rsquo;&aacute;gua.</p> <p class="texto">Ele teve experi&ecirc;ncias de racismo em outros contextos relacionados ao turismo, como quando as reservas dele demoravam a ser encontradas no hotel, ou quando ele voltava de um jantar e os seguran&ccedil;as questionavam se ele era h&oacute;spede sem fazer a mesma pergunta para turistas brancos. Juntando essa viv&ecirc;ncia ao desrespeito na pr&oacute;pria casa, ele percebeu a necessidade de ter um servi&ccedil;o como o Di&aacute;sporas.Black.</p> <p class="texto">O site permite que pessoas ofere&ccedil;am op&ccedil;&otilde;es de hospedagem em casas, hot&eacute;is e resorts que sejam livres de preconceito. A outra linha &eacute; a oferta de treinamentos. O interesse pelo turismo j&aacute; existia em Carlos antes de empreender: na inf&acirc;ncia e na adolesc&ecirc;ncia, o deslocamento para a praia era muito dif&iacute;cil. &ldquo;Aos 11 anos, comecei a organizar excurs&otilde;es com a minha tia, atendendo pessoas da comunidade&rdquo;, lembra.</p> <p class="texto">Carlos estudou geografia e meio ambiente na Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), integrando a primeira turma de bolsistas de programa de a&ccedil;&otilde;es afirmativas. Tamb&eacute;m com bolsa, durante a gradua&ccedil;&atilde;o, fez um interc&acirc;mbio na Universidade Harvard. Como profissional, atuou em grandes corpora&ccedil;&otilde;es, como Canal Futura, Funda&ccedil;&atilde;o Roberto Marinho, Vale. Hoje, a Di&aacute;spora.Black tem sede em S&atilde;o Paulo e uma equipe de nove pessoas.</p> <h3><br />Facebook capacita negros</h3> <p class="texto"><br />Estimativa do Instituto Guetto, a partir da Pnad Cont&iacute;nua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios) do primeiro trimestre de 2020, mostra que a presen&ccedil;a de pessoas empregadas no mercado publicit&aacute;rio &eacute; de 4,4% entre pretos e de 21,5% entre pardos. Para mudar esse cen&aacute;rio, surgiu o Pot&ecirc;ncia Preta, novo programa de capacita&ccedil;&atilde;o do Facebook. O objetivo &eacute; capacitar 600 jovens da comunidade negra nas &aacute;reas de marketing digital e marketing. Os cursos come&ccedil;am nesta segunda-feira (23/11) e seguem at&eacute; dezembro. A iniciativa &eacute; uma parceria com o Instituto Guetto e Indique uma Preta, com apoio do Afro Hub e da Cufa (Central &Uacute;nica das Favelas). Inscri&ccedil;&otilde;es e informa&ccedil;&otilde;es: <a href="https://www.facebook.com/groups/fbrise">fb.me/ RiseFB</a>.</p> <h3>Afro Hub</h3> <p class="texto">&Eacute; com o intuito de fortalecer e estimular o ecossistema de afroempreendedorismo no Brasil que existe o Afro Hub, programa de capacita&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica e networking criado em 2018. Organizado por Di&aacute;spora.Black, Feira Preta, Afro Business, o projeto tem apoio do Facebook para expans&atilde;o digital.</p> <p class="texto">Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da Di&aacute;spora.Black, entende as dificuldades pr&oacute;prias dos empreendedores pretos e pardos. &ldquo;Ser negro, independentemente da sua posi&ccedil;&atilde;o social, traz muitos desafios que, &agrave;s vezes, os pr&oacute;prios negros podem n&atilde;o perceber, mas existem&rdquo;, afirma. &ldquo;A saga do empreendedor negro &eacute; cheia de obst&aacute;culos para ar ferramentas e tecnologias e, inclusive, cr&eacute;dito.&rdquo;</p> <p class="texto">Por isso, ele se tornou um dos criadores do Afro Hub. &ldquo;O Facebook &lsquo;comprou&rsquo; o projeto e n&oacute;s, os criadores, nos tornamos as organiza&ccedil;&otilde;es que o implementam&rdquo;, explica. A import&acirc;ncia de apoiar neg&oacute;cios de pretos e pardos vai al&eacute;m das empresas em si. &ldquo;O empreendedor negro mobiliza e potencializa a economia de fam&iacute;lias negras e do Brasil.&rdquo;</p> <h3>Os desafios a mais da mulher negra</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/10-6413103.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Adriana Barbosa, da Feira Preta, foi eleita uma das pessoas negras mais influentes do mundo "></amp-img> <figcaption>Jef Delgado/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>Adriana Barbosa, da Feira Preta, foi eleita uma das pessoas negras mais influentes do mundo </b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Os empreendedores negros foram os mais impactados pela pandemia e, entre eles, as mulheres, as mais prejudicadas, de acordo com pesquisa do Sebrae. As empresas lideradas por pretas e pardas s&atilde;o a maior propor&ccedil;&atilde;o entre as que ainda permanecem com a atividade interrompida, t&ecirc;m maior dificuldade de funcionar de forma virtual e s&atilde;o as que mais tiveram cr&eacute;dito banc&aacute;rio negado em raz&atilde;o do F negativado.</p> <p class="texto">Entre 25 e 30 de junho, enquanto 36% das empreendedoras negras estavam com a atividade interrompida temporariamente, essa propor&ccedil;&atilde;o ca&iacute;a para 29% entre as empres&aacute;rias brancas e para 24% entre os homens brancos; entre os homens negros, essa propor&ccedil;&atilde;o &eacute; de 30%.</p> <p class="texto">Adriana Barbosa, 43 anos, &eacute; fundadora do festival de cultura negra Feira Preta, outra institui&ccedil;&atilde;o respons&aacute;vel pelo Afro Hub. Ela percebe que o o &agrave; tecnologia, a maquin&aacute;rio, a cr&eacute;dito e &agrave; forma&ccedil;&atilde;o ainda &eacute; o grande desafio dos empreendedores negros, apesar dos avan&ccedil;os dos &uacute;ltimos anos. Mais pessoas aram a se entender e a se declararem como pretas e pardas, mas o racismo persiste tamb&eacute;m no meio empreendedor.</p> <p class="texto">&ldquo;Faz parte do cotidiano do empreendedor negro, por exemplo, ser questionado na entrada de eventos e em diversas outras situa&ccedil;&otilde;es&rdquo;, diz. Ela pr&oacute;pria enfrentou e enfrenta preconceito tanto de ra&ccedil;a quanto de g&ecirc;nero. &ldquo;Sentada numa mesa de reuni&atilde;o, me perguntaram se a Adriana viria para o encontro&rdquo;, relata.</p> <p class="texto">Principalmente no in&iacute;cio, ela via que muitas empresas n&atilde;o queriam se associar a um evento chamado Feira Preta. &ldquo;Chegavam a pedir para eu mudar o nome da feira&rdquo;, conta. Enfrentar a discrimina&ccedil;&atilde;o &eacute; pesado. &ldquo;Eu lido como uma pessoa preta lida. Fa&ccedil;o terapia h&aacute; muitos anos, o que me ajuda a me abrir para o campo do di&aacute;logo e n&atilde;o do embate&rdquo;.</p> <p class="texto">Adriana foi eleita, em 2017, uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo no ranking Mipad (Most Influential People of African Descendent, ou pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo). A Feira Preta tem 18 anos de hist&oacute;ria e gerou frutos que apoiam outros empreendedores negros: a institui&ccedil;&atilde;o conta com um instituto hom&ocirc;nimo e com o Preta Hub, que oferecem capacita&ccedil;&atilde;o t&eacute;cnica e criativa e funcionam como aceleradora e incubadora do empreendedorismo negro no Brasil.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong>&nbsp;<br />&mdash; <a href="http://festivalfeirapreta.com.br/">feirapreta.com.br</a><br />&mdash; <a href="http://pretahub.com/">pretahub.com</a></p> <p class="texto"><br /><strong>36%</strong><br />Percentual das empresas lideradas por mulheres negras com o funcionamento interrompido</p> <p class="texto"><strong>27%</strong><br />Parcela de empreendedoras negras cuja empresa s&oacute; funciona presencialmente</p> <p class="texto"><strong>58%</strong><br />&Iacute;ndice de mulheres negras que buscaram um empr&eacute;stimo e n&atilde;o conseguiram obter o cr&eacute;dito</p> <p class="texto"><strong>25%</strong><br />Propor&ccedil;&atilde;o de empreendedoras que receberam &ldquo;n&atilde;o&rdquo; do banco por F negativado</p> <p class="texto"><strong>Fonte:</strong> Sebrae</p> <h3>Por mais visibilidade</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/11-6413107.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Jaqueline Fernandes, fundadora do Afrolatinas e do Latinidades"></amp-img> <figcaption>Ag&ecirc;ncia Afrolatinas/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>Jaqueline Fernandes, fundadora do Afrolatinas e do Latinidades</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Fundadora do Instituto Afrolatinas e do Festival Latinidades, Jaqueline Fernandes, 40 anos, &eacute; uma grande parceira para a implementa&ccedil;&atilde;o do Afro Hub em Bras&iacute;lia. Jornalista, pesquisadora, produtora e gestora cultural, foi subsecret&aacute;ria de Cidadania e Diversidade Cultural, na Secretaria de Cultura do Distrito Federal.</p> <p class="texto">As barreiras para empreender como mulher negra, observa Jaqueline, s&atilde;o imensas. &ldquo;Elas s&atilde;o arrimo de fam&iacute;lia dentro das periferias, respons&aacute;veis por filhos, irm&atilde;os, pais... S&atilde;o mulheres com um desafio enorme de serem provedoras enquanto enfrentam racismo&rdquo;, diz a moradora do Varj&atilde;o.</p> <p class="texto">&ldquo;Todo esse percurso pelo qual a gente a ao longo da vida tem traumas e barreiras, mas, tamb&eacute;m, tem elementos de for&ccedil;a que s&oacute; n&oacute;s temos. Isso gera um empreendedorismo espec&iacute;fico das mulheres negras, uma pot&ecirc;ncia que, sem autoconhecimento, n&atilde;o &eacute; descoberta&rdquo;, afirma.</p> <p class="texto">Foi com essa for&ccedil;a que Jaqueline e a produtora Chaia Dechen criaram, h&aacute; 13 anos, o festival de mulheres negras Latinidades, que celebra o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho. &ldquo;Ele nasceu do inc&ocirc;modo da inv&iacute;vel e da falta de espa&ccedil;o para artistas negras&rdquo;, lembra. O evento, que come&ccedil;ou em Bras&iacute;lia, tornou-se nacional e internacional. Antes de criarem o festival, Jaqueline e Chaia abriram uma produtora em Planaltina para artistas negros.</p> <p class="texto">&ldquo;Pensamos que poder&iacute;amos contribuir para mudar o cen&aacute;rio ao ajudar a formar artistas da cidade, com clipe legal, produ&ccedil;&atilde;o executiva&hellip;&rdquo; Elas atendiam mais de 20 artistas e perceberam que o trabalho qualificado n&atilde;o adiantava porque a falta de espa&ccedil;o era causada pelo racismo. A partir da&iacute;, surgiu um festival para dar a visibilidade que faltava, com foco na mulher negra.</p> <p class="texto">O evento chegou a reunir 50 mil pessoas no Museu Nacional. &ldquo;Foi uma maneira de colocar pessoas negras para circular na Esplanada, onde, muitas vezes, elas n&atilde;o circulam a n&atilde;o ser como subalternas, como a tia do caf&eacute; ou o seguran&ccedil;a&rdquo;, comenta Jaqueline. Com o tempo, surgiram outros festivais de mulheres negras em Bras&iacute;lia e muitos avan&ccedil;os foram conquistados. Agora, por&eacute;m, observa Jaqueline, em vez de &ldquo;avan&ccedil;ar, &eacute; preciso cuidar do que j&aacute; foi conquistado&rdquo;, pois existem riscos de retrocessos.</p> <h3>Apoio e mentorias</h3> <p class="texto">Durante a pandemia, por meio de parcerias com outras institui&ccedil;&otilde;es, o Afrolatinas abriu editais de apoio emergencial. Por meio de um dos editais, entre mais de 1.500 inscri&ccedil;&otilde;es do Brasil e de 10 pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina, 68 empreendedoras foram apoiadas com R$ 1.310 cada, al&eacute;m de mentorias. Outro edital com foco em gastronomia apoiou 33 mulheres com cart&otilde;es de R$ 1.000.</p> <p class="texto">Durante a mentoria, as empreendedoras aprendem n&atilde;o s&oacute; sobre estrat&eacute;gias de neg&oacute;cio e digitaliza&ccedil;&atilde;o, mas, tamb&eacute;m, sobre ancestralidade africana e autoconhecimento. &ldquo;A gente est&aacute; acostumada a ver a hist&oacute;ria do povo negro contada pelo lado da escravid&atilde;o e do fracasso, mas os nossos ancestrais j&aacute; existiam antes disso e deram contribui&ccedil;&otilde;es para a ci&ecirc;ncia e a humanidade. Mostramos isso para as pessoas se sentirem herdeiras disso tudo&rdquo;, explica Jaqueline.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong><br /></p> <p class="texto">&mdash; <a href="http://afrolatincorreiobraziliense-br.informativocarioca.com.br/">afrolatincorreiobraziliense-br.informativocarioca.com.br</a>. A institui&ccedil;&atilde;o busca apoio para construir, no Varj&atilde;o, a Casa Afrolatinas, um espa&ccedil;o de cyber cultura dedicado &agrave;s mulheres negras e &agrave;s comunidades perif&eacute;ricas do Distrito Federal. A cada R$ 1 investido pelo p&uacute;blico, o Fundo Enfrente investir&aacute; mais R$ 2. Para ajudar nessa a&ccedil;&atilde;o de multiplica&ccedil;&atilde;o, e a vaquinha on-line: <a href="https://benfeitoria.com/casaafrolatinas">www.benfeitoria.com/casaafrolatinas</a>.</p> <h3>Heran&ccedil;a valorizada</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/12-6413111.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Isabel Barcelos, propriet&aacute;ria de uma cl&iacute;nica de est&eacute;tica"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Isabel Barcelos, propriet&aacute;ria de uma cl&iacute;nica de est&eacute;tica</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Entre as beneficiadas de um dos editais do Instituto Afrolatinas est&aacute; a estudante de fisioterapia Isabel Barcelos, 38 anos, que oferece tratamentos est&eacute;ticos e contra a dor n&atilde;o invasivos, como limpeza de pele, drenagem linf&aacute;tica, ventosas, entre outros. Ela era propriet&aacute;ria, h&aacute; 13 anos, da Bel Barcelos Est&eacute;tica em Planaltina e, em meio &agrave; pandemia, arranjou uma s&oacute;cia e mudou o neg&oacute;cio para o Colorado, h&aacute; um m&ecirc;s.</p> <p class="texto">A Est&eacute;tica Colorado fica a cerca de 30km da anterior, mesmo assim, clientes de Isabel a seguiram. Para ela, a pandemia foi &ldquo;extremamente desesperadora&rdquo;, por isso, o apoio e a mentoria foram fundamentais. &ldquo;Eu consegui fazer um curso de uma nova vers&atilde;o de microagulhamento. Sem essa ajuda, eu s&oacute; pagaria contas.&rdquo; Para ela, aprender sobre a ancestralidade africana foi um grande ganho.</p> <p class="texto">Isabel sofreu bullying por conta do nariz e pela boca ao longo da vida. Em alguns dos epis&oacute;dios, uma cliente disse que ela n&atilde;o tinha &ldquo;cabelo de esteticista&rdquo; e, durante um curso de harmoniza&ccedil;&atilde;o facial, um instrutor chegou a perguntar se Isabel n&atilde;o queria afinar seus tra&ccedil;os. &ldquo;Eu me identifico com as minhas caracter&iacute;sticas. O meu nariz tem toda uma heran&ccedil;a&rdquo;, diz.</p> <h3>Empoderamento</h3> <p class="texto">Isabel diz que, por n&atilde;o ser &ldquo;negra retinta&rdquo;, n&atilde;o sofreu formas de racismo mais cru&eacute;is, por&eacute;m, inc&ocirc;modos com seus tra&ccedil;os e seu cabelo sempre existiram. &ldquo;Quando eu trabalhava para os outros, eu perdia oportunidade para pessoas brancas&rdquo;, relata. O empoderamento de se valorizar come&ccedil;ou ap&oacute;s os 30 anos. &ldquo;Hoje, amo meu cabelo e amo como sou. N&atilde;o vale a pena sofrer para entrar num padr&atilde;o que n&atilde;o &eacute; nosso. Antes, tentei me embranquecer, chegou a um ponto em que eu cansei de tentar ser quem n&atilde;o sou.&rdquo;</p> <p class="texto">A mentoria tamb&eacute;m ajudou a empreendedora a sonhar mais alto. &ldquo;A mulher negra e perif&eacute;rica tem desvantagens enormes, tudo para a gente &eacute; mais dif&iacute;cil, a gente vive tirando de um buraco para cobrir outro. Minha perspectiva antes era s&oacute; cobrir o aluguel e minhas contas&rdquo;, conta. &ldquo;Hoje, para os meus planos, o c&eacute;u &eacute; o limite.&rdquo;</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong>&nbsp;</p> <p class="texto">&mdash; <a href="http://www.instagram.com/coloradoestetica">www.instagram.com/coloradoestetica</a></p> <h3>Resgate da autoimagem</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/13-6413115.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Cristiane Matos, consultora de imagem"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Cristiane Matos, consultora de imagem</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Cristiane Matos, 36 anos, &eacute; banc&aacute;ria e consultora de imagem para mulheres que desejam ter um guarda-roupa aut&ecirc;ntico e otimizar seu estilo de vida. A primeira carreira come&ccedil;ou h&aacute; 14 anos e a segunda, formalmente, completa um ano em dezembro. Graduada em gest&atilde;o de pessoas com MBA em gest&atilde;o empresarial, come&ccedil;ou a repensar a trajet&oacute;ria ao fazer a p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o e, assim, decidiu empreender.</p> <p class="texto">A primeira tentativa foi com a gastronomia: ela fez curso na &aacute;rea e queria abrir um buf&ecirc; personalizado. Chegou a comprar equipamentos e fazer pesquisa de mercado. Ao montar a equipe, acabou desanimando quando um dos colaboradores desistiu. A vontade de empreender e de fazer algo diferente, por&eacute;m, n&atilde;o desapareceu. Depois de obter uma certifica&ccedil;&atilde;o de UX designer (voltado para a experi&ecirc;ncia do usu&aacute;rio), foi volunt&aacute;ria numa associa&ccedil;&atilde;o internacional de design.</p> <p class="texto">&ldquo;Fiquei com a pulga atr&aacute;s da orelha e pensando: tenho que abrir algo para mim&rdquo;, conta. Ent&atilde;o, Cristiane ou a revender roupas que comprava em S&atilde;o Paulo. A partir da&iacute;, fez cursos de personal stylist e consultoria de imagem no Senac (Servi&ccedil;o Nacional de Aprendizagem Comercial) e participou, tamb&eacute;m, de capacita&ccedil;&otilde;es em S&atilde;o Paulo. Quando ou a atuar como consultora, Cristiane parou de vender roupas.</p> <p class="texto">Hoje, ela atende num ateli&ecirc; na Asa Sul, mesmo setor onde mora. Entre os servi&ccedil;os que oferece, al&eacute;m da consultoria de imagem, est&atilde;o an&aacute;lise de colora&ccedil;&atilde;o e an&aacute;lise facial (uma evolu&ccedil;&atilde;o do visagismo). &ldquo;O visagismo vem da ind&uacute;stria da beleza com o objetivo de fazer com que as pessoas fiquem bonitas dentro do padr&atilde;o imposto pela sociedade. O que eu fa&ccedil;o n&atilde;o &eacute; isso&rdquo;, explica. &ldquo;Fa&ccedil;o uma an&aacute;lise n&atilde;o para mudar tra&ccedil;os da pessoa, mas para valorizar o que ela j&aacute; tem.&rdquo;</p> <p class="texto">Cristiane entende que a sociedade &eacute; machista e preconceituosa e ou por uma jornada at&eacute; parar de alisar o cabelo. &ldquo;Nasci num ambiente de sal&atilde;o. Para mim, aquilo era bonito, eu n&atilde;o questionava. Ap&oacute;s tudo que entendi, n&atilde;o posso continuar na mesma vibe&rdquo;, diz. Durante a pandemia, a consultora percebeu que precisa ter, tamb&eacute;m, produtos digitais, algo que ainda est&aacute; formatando.</p> <p class="texto">Depois da flexibiliza&ccedil;&atilde;o do distanciamento social, ela voltou a fazer atendimentos presenciais, com regras de seguran&ccedil;a: atende apenas uma pessoa por per&iacute;odo e higieniza o local e todos os equipamentos entre um cliente e outro. A maior parte das freguesas de Cristiane &eacute; formada por mulheres brancas. Ela atende mais mulheres negras por meio do projeto social crist&atilde;o Bela e Valiosa, um workshop gratuito de resgate da autoestima.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong>&nbsp;<br />&mdash; &nbsp;<a href="https://www.instagram.com/cristiane.smatos/">instagram.com/cristiane.smatos</a><br />&mdash;&nbsp; <a href="https://www.instagram.com/belaevaliosa/">instagram.com/belaevaliosa</a></p> <h3>Afro-brasileira, empreendedora e ativista</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/22/14-6413119.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Aline Karine Dias (ao centro), dona de duas empresas de turismo, durante eio com estudantes de S&atilde;o Sebasti&atilde;o "></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Aline Karine Dias (ao centro), dona de duas empresas de turismo, durante eio com estudantes de S&atilde;o Sebasti&atilde;o </b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Outra beneficiada por um edital do Afrolatinas &eacute; Aline Karina Dias, 31 anos, graduada em turismo e mestranda em patrim&ocirc;nio cultural. Ela &eacute; dona de dois neg&oacute;cios voltados ao turismo: Sebas Tur&iacute;stica (focada em turismo de base comunit&aacute;ria nas regi&otilde;es istrativas do DF) e Circuito Cerrado Ecoturismo (de viv&ecirc;ncias na natureza e valoriza&ccedil;&atilde;o cultural). Com a primeira empresa, oferece eios por regi&otilde;es como S&atilde;o Sebasti&atilde;o, onde morou por 10 anos.</p> <p class="texto">Foi com foco nesta cidade que Aline elaborou o projeto-piloto do neg&oacute;cio, mapeando 100 pontos tur&iacute;sticos de diferentes categorias. Os eios, em geral, s&atilde;o feitos por turmas escolares. Algumas das rotas oferecidas pela segunda empresa s&atilde;o a Ra&iacute;zes da Mem&oacute;ria (imers&atilde;o com viagem e hospedagem no quilombo Kalunga) e Rota da Caliandra (trilha pelo cerrado com cachoeira). Durante a pandemia, os neg&oacute;cios foram impactados e, agora, ela come&ccedil;a a retomar os eios presenciais.</p> <p class="texto">Durante os meses de maior distanciamento social, Aline trabalhou com tours virtuais, em que apresentou, por meio de videoconfer&ecirc;ncia, pontos tur&iacute;sticos usando mapa, banco de imagens e v&iacute;deos. &ldquo;No come&ccedil;o, teve mais procura, bombou e consegui ter retorno financeiro. Agora, as pessoas devem estar cansando de ficar em frente da tela&rdquo;, comenta. Aline usou parte do fundo recebido pelo edital para investir em marketing e compra de equipamentos, como uma c&acirc;mera. As aulas e mentorias foram importantes para aprender a perder vergonha de aparecer nas redes sociais.</p> <p class="texto">&ldquo;Isso &eacute; importante para vencer essa barreira da invisibilidade. O fundo &Eacute;ditodos me mostrou que eu preciso quebrar cren&ccedil;as limitantes para me tornar vis&iacute;vel&rdquo;, conta. &ldquo;Eu aprendi que &eacute; importante me colocar como afro-empreendedora&rdquo;, diz. &ldquo;Como mulher negra, perif&eacute;rica e empreendedora, a gente &eacute; sempre posta em xeque. Duvidam do meu potencial e das minhas empresas.&rdquo; Os piores casos de racismo, a empreendedora sofreu por parte de homens brancos, como o caso de um professor que se apropriou de uma pesquisa dela e, no ano seguinte, foi acusado de racismo por tr&ecirc;s alunas.</p> <h3>&ldquo;Trabalhar para mim&rdquo;</h3> <p class="texto">Quando se graduou, Aline percebeu clara diferen&ccedil;a na inser&ccedil;&atilde;o empregat&iacute;cia entre ela e rec&eacute;m-formados brancos. &ldquo;Tive viv&ecirc;ncias racistas e perversas ao sair da universidade. Meus colegas brancos conseguiram emprego em hot&eacute;is, cruzeiros, alguns viraram gerentes. Eu, mesmo com diploma, s&oacute; consegui trabalhar com turismo rural numa fazenda&rdquo;, relata. &ldquo;Trabalhei como se fosse uma funcion&aacute;ria sem diploma, do n&iacute;vel de lavar prato e limpar cozinha. Trabalh&aacute;vamos fazendo hora extra sem receber e sendo humilhados&rdquo;, recorda.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div></p> <p class="texto">Ass&eacute;dios, racismo e viol&ecirc;ncias fizeram com que Aline asse a ter &ldquo;ran&ccedil;o&rdquo; de trabalhar para os outros. &ldquo;Por mais dif&iacute;cil que seja empreender, eu queria trabalhar para mim.&rdquo; Apesar das dificuldades e da discrimina&ccedil;&atilde;o, ela conta que sempre teve &ldquo;sorte&rdquo; com os clientes. &ldquo;Acabei atraindo um p&uacute;blico mais do ativismo pol&iacute;tico e acad&ecirc;mico, que &eacute; maravilhoso e tem respeito e troca comigo&rdquo;, elogia ela, que &eacute;, tamb&eacute;m, conselheira do Fundo de Apoio &agrave; Cultura do Distrito Federal (FAC-DF) e presta servi&ccedil;o de consultoria de projetos.</p> <p class="texto">Aline mora em Ceil&acirc;ndia, no quilombo urbano Casa Akotirene, do qual &eacute; vice-presidente. &ldquo;Nos organizamos socialmente para discutir uma nova forma de sociedade, trazendo consci&ecirc;ncia racial e expandindo o quilombo para uma perspectiva cosmopolita&rdquo;, explica. O local tem 10 moradores fixos e oferece a&ccedil;&otilde;es sociais para negros. Durante a pandemia, o grupo distribuiu cestas b&aacute;sicas e produtos de limpeza, al&eacute;m de promover terapia para a popula&ccedil;&atilde;o preta e parda.</p> <p class="texto"><br /><strong>Saiba mais</strong>&nbsp;<br />&mdash; <a href="https://www.instagram.com/sebasturistica/">instagram.com/sebasturistica</a><br />&mdash; <a href="https://www.instagram.com/circuitocerradoecoturismo/">instagram.com/circuitocerradoecoturismo</a><br />&mdash; <a href="https://www.instagram.com/casa.akotirene/">instagram.com/casa.akotirene</a></p> <h3><br />Datas marcantes</h3> <p class="texto"><br />O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino foi comemorado na &uacute;ltima quinta-feira (19/11) e o Dia da Consci&ecirc;ncia Negra foi na sexta-feira (20/11).</p> <h3><br />Est&aacute;gio inclusivo</h3> <p class="texto"><br />Est&atilde;o abertas, at&eacute; 30 de novembro, as inscri&ccedil;&otilde;es para o programa de est&aacute;gio da operadora TIM. S&atilde;o mais de 300 vagas e 50% delas s&atilde;o direcionadas para participantes negros. As vagas s&atilde;o para Distrito Federal, Rio de Janeiro, S&atilde;o Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Bel&eacute;m. Podem participar estudantes de qualquer gradua&ccedil;&atilde;o, as bolsas variam entre R$ 1.350 a R$ 1.500. <a href="http://www.estagiotim.com.br/">Inscri&ccedil;&otilde;es</a>:&nbsp;</p> <h3>Fundo do Google</h3> <p class="texto">A Google for Startups Brasil anunciou, na sexta-feira (20/11), seis novas empresas selecionadas para receberem a segunda leva de investimentos do Black Founders Fund, fundo de investimento destinado a startups fundadas e lideradas por negros no Brasil lan&ccedil;ado em setembro. S&atilde;o elas: Aoca Game Lab, LegAut, EasyJur, WeUse, Treinus e Wellbe. Os neg&oacute;cios foram escolhidos por estarem aptos a crescer e promover mudan&ccedil;as significativas em suas comunidades.</p> <p class="texto">Com essas startups, o total de empresas que receberam investimento do Black Founders Fund em 2020 chega a nove. A expectativa do Google for Startups Brasil &eacute; chegar a 30 at&eacute; o fim de 2021. O fundo foi criado para investir um valor inicial de R$ 5 milh&otilde;es. O investimento &eacute; feito sem contrapartida. A iniciativa conta ainda com duas institui&ccedil;&otilde;es colaboradoras, Vale do Dend&ecirc; e Preta Hub, que indicam empresas que acreditam terem potencial e preparo para receber o capital.</p> <p class="texto">Essas institui&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m atuam ao lado do Google for Startups para oferecer sess&otilde;es de treinamento para mentores e realizar f&oacute;runs sobre diversidade racial para engajar l&iacute;deres e players importantes da ind&uacute;stria de tecnologia. Saiba mais sobre o fundo no link: campus.co/intl/pt_ALL/sao-paulo/black-founders-fund.</p> <h3><br />Conhe&ccedil;a as empresas selecionadas:</h3> <p class="texto"><strong>&raquo;</strong> Aoca Game Lab: empresa baiana de desenvolvimento de games independentes, como o jogo para PC &Aacute;rida, que conta a hist&oacute;ria de uma garota que vive uma jornada de descoberta no sert&atilde;o brasileiro do s&eacute;culo 19. <a href="https://easyjur.com/">e</a>:&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>&raquo;</strong> Easyjur: software jur&iacute;dico inteligente para advogados, que auxilia na gest&atilde;o de escrit&oacute;rios de advocacia por meio de intelig&ecirc;ncia humana e artificial. <a href="https://easyjur.com/">e</a>:&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>&raquo;</strong> LegAut: plataforma que busca, analisa e organiza toda documenta&ccedil;&atilde;o de transa&ccedil;&otilde;es imobili&aacute;rias. <a href="https://www.legaut.com/">e</a>:</p> <p class="texto"><br /><strong>&raquo;</strong> Treinus: site de treinos esportivos criados por especialistas de acordo com o perfil e objetivos individuais. <a href="https://www.treinus.com.br/">e</a>:&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>&raquo;</strong> Wellbe: plataforma empresarial de intelig&ecirc;ncia e redu&ccedil;&atilde;o de custo que integra diversos dados de sa&uacute;de e oferece indicadores. Tem tamb&eacute;m um app para o colaborador monitorar h&aacute;bitos saud&aacute;veis. <a href="http://wellbe.com/">e</a>:&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>&raquo;</strong> WeUse: um guarda-roupa virtual de consumo compartilhado. Os s escolhem as roupas pelo app e recebem em casa. <a href="https://www.weuse.online/">e</a>:</p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fmidias.correiobraziliense.com.br%2F_midias%2Fjpg%2F2020%2F11%2F22%2F766x527%2F1_50-6413134.jpg", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Ana Paula Lisboa" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 186q1a

Eu, Estudante 445c6h

HISTÓRIAS DE CONSCIÊNCIA

Empreendedorismo afro-brasileiro é uma potência de inclusão racial qd3v

Empresas de pretos e pardos tendem a ser mais diversas e a contratar mais negros, constituindo ferramenta de superação de desigualdades. Empreendedores contam como lidam com o racismo xj73

Os empreendedores negros foram mais prejudicados pela pandemia do que os brancos e continuam sendo, mesmo após a reabertura do comércio e a flexibilização das medidas de distanciamento. O percentual de pretos e pardos com empresas ainda fechadas ou com negócios interrompidos é de 18%. Entre brancos, o índice é de 15%.

Os dados são da oitava edição de pesquisa sobre o impacto da crise sanitária nos empreendimentos, feita entre 28 de setembro e 1º de outubro pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A diferença entre os números pode parecer pequena, mas há disparidades em diversos outros aspectos, os quais evidenciam diferenças anteriores à pandemia.

Entre os negros, 76% relataram diminuição do faturamento (contra 73% dos brancos), 46% têm dificuldades para manter o negócio (contra 41% dos brancos), 36% têm dívidas em atraso (contra 27% dos brancos) e 12% conseguiram crédito em banco (contra 18% dos brancos).

Arquivo Pessoal - Andre Ráms, tatuador

 

“A queda de faturamento foi próxima, mas, historicamente, a média de faturamento dos empreendedores negros já é menor”, compara o economista Rafael Moreira, assessor da Diretoria Técnica do Sebrae Nacional. Ele observa que, tanto agora quanto antes, o empreendedor negro enfrenta mais dificuldade para conseguir crédito, o que explica, em parte, por que o endividamento deles é maior.

“Isso é um gargalo. Os empreendedores ficaram de março a junho faturando metade do que ganhavam antes, mas as contas continuaram chegando. Mesmo com a situação tendo começado a melhorar, o patamar está abaixo do período pré-crise”, explica. “Então, o empreendedor, em geral, está desesperado por crédito. O endividamento maior dos negros é, sim, fruto dessa maior dificuldade que eles têm de conseguir crédito”, completa.

Arquivo Pessoal - .

Arquivo Pessoal - .

Juntando o contexto de racismo estrutural ao cenário da pandemia, não é difícil entender por que os empreendedores negros estão menos otimistas do que os brancos, segundo a pesquisa do Sebrae. A crise sanitária acelerou a necessidade de digitalização empresarial, adaptação para a qual havia menos negros preparados.

Se empreendedores negros têm pior desempenho com a pandemia, isso significa que mais da metade dos negócios do país a por isso e há chances de retrocessos. De acordo com o Sebrae, negros estão à frente de 51% das empresas no território brasileiro. O país conta com mais de 5,8 milhões de empreendedores negros, movimentando cerca de R$ 219,3 bilhões por ano, segundo o Instituto Locomotiva com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Reprodução - .

e do Sebrae 6h93s


O Sebrae oferece apoio e capacitação a empreendedores, inclusive gratuitamente. O programa Up Digital, por exemplo, ajuda empreendedores a se digitalizarem. Saiba mais pelo site, em que é possível conversar por chat com consultores gratuitamente, ou pelo telefone 0800-570-0800.

Efeitos na sociedade 3m4e24

Universidade Zumbi dos Palmares/Divulgação - José Vicente, reitor e fundador da Universidade Zumbi dos Palmares

Falências e perdas entre empresários pretos e pardos trazem enormes impactos sociais, já que o empreendedorismo pode ser um “caminho alternativo para redução de desigualdades”, conforme explica José Vicente, reitor e fundador da Universidade Zumbi dos Palmares. Quando negros são donos de empresas, há maiores chances de contratação e de tratamento igualitário de trabalhadores pretos.

O racismo pode aparecer pelo percurso desses empresários e é preciso ar por ele para conseguir empreender, o que exige capacitação e vontade. “Quando você tem habilidade e talento, você tem que ir e derrubar esse muro. Tendo disposição e dom para a área, todos os desafios e limites são mais facilmente superados, incluindo o racismo”, afirma.

É assim que o tatuador André Luís Ramos, 30 anos, conhecido profissionalmente como Andre Ráms, enfrenta as dificuldades. Há quase dois anos, ele atende na Barbearia Elvis, no Taguatinga Shopping. Antes disso, teve um estúdio no Riacho Fundo 2. O traço dele é fino e realista e atrai um público bastante variado, incluindo muitas mulheres, mesmo atuando numa barbearia.

Andre nunca deixou que o racismo o impedisse de progredir na carreira. “Existe, sim, muito preconceito. Tem pessoas que acham que você merece menos, que deve cobrar menos e que não é tão bom por ser negro”, relata o morador do Recanto das Emas. Às vezes, a discriminação é sutil, observa Andre, por meio de uma brincadeira ou piada. “Venho de família negra e aprendi, desde cedo, a me posicionar, mesmo antes de ser tatuador”, conta. Para não criar conflitos, Andre, por vezes, “abstrai e finge demência”.

Artista diverso 3o6526

A história com a tatuagem começou aos 15 anos, da primeira vez, quase como uma aventura: um amigo pediu que ele fizesse uma tattoo mesmo sem experiência alguma. O experimento deu certo e outras pessoas aram a requisitar trabalhos. Ele resolveu parar porque nunca tinha feito cursos na área e poderia ser perigoso. Desde jovem, ele desenhava e era grafiteiro.

Vários dos amigos do meio artístico se tornaram tatuadores. No início, Andre rejeitou a possibilidade para ele. “Meu sonho mesmo era pintar telas, e eu não achava certo que a única possibilidade de ganhar dinheiro em Brasília com a minha arte fosse a tatuagem”, conta.

André trabalhou como vendedor e atendente de telemarketing e percebeu como era mais difícil conseguir emprego. Ele retornou à tatuagem, fez cursos e certificações nacionais e internacionais e abraçou as possibilidades que ser empreendedor poderiam trazer. “Quando você é uma empresa, não tem limite de ganhos. Quanto mais você trabalha, mais ganha”, diz. Hoje em dia, boa parte dos clientes o encontram pelo Instagram.

A pandemia afetou o trabalho e, por atuar num shopping, o funcionamento da barbearia foi interrompido por um longo período. “O impacto foi brutal. Mesmo quando outras lojas reabriram, nós permanecemos fechados por muito tempo. Foi um baque muito grande, e o faturamento ainda não voltou à normalidade”, revela.

Apesar do prejuízo, a crise sanitária trouxe para Andre mais tempo ocioso antes da reabertura dos shoppings, o que o ajudou a retomar o antigo sonho de também pintar telas. Hoje, ele vende pinturas por meio de uma galeria on-line.


Saiba mais 
—  instagram.com/andrerms11
—  98485-0437
—  www.urbanarts.com.br (telas)

Diferenças raciais 542w4x

Instagram/Reprodução - Micheline Ramalho, influenciadora digital, maquiadora e modelo

Certas características dos negócios tocados por pretos e pardos fazem com que eles tenham menos fôlego para resistir a crises. “De modo geral, o empreendedor negro tem menor escolaridade, tem a empresa há menos tempo e faixa de rendimento menor”, diz Rafael Moreira, do Sebrae. Cerca de 68% dos pretos e pardos são microempreendedores individuais (MEIs), enquanto 49% dos brancos estão nesse porte. A maior parte dos MEIs empreende por necessidade e não por oportunidade.

As áreas de atividades apresentam diferenças raciais: há mais negros concentrados em ramos voltados a produtos e serviços para o consumidor final, como salão de beleza, que sofrem mais que a indústria ou serviços empresariais. “O consumo das famílias não voltou a um nível pré-pandemia. As pessoas ainda têm medo. Tudo isso também impacta a questão, sem diminuir o impacto do racismo estrutural”, afirma Moreira.

Maquiadora, influenciadora digital e modelo plus size, Micheline Ramalho, 35 anos, sentiu o impacto da pandemia no trabalho. ou a ser inexistente a demanda de maquiagem para eventos, por exemplo. No entanto, a procura pelo curso de automaquiagem está em alta. Ela dá as aulas num ateliê em Samambaia.

“Atendo, no máximo, duas pessoas por sessão e só abro agenda terças e quintas”, conta. Como empreendedora negra, ela sofreu racismo em muitos momentos, mas não se deixou abalar. “Sou uma pessoa negra e crespa. Onde chego, chamo atenção. Tem gente que diz ‘seu cabelo está alto’ ou acha que eu não penteei o cabelo, não entendem que essa é a estrutura do fio”, conta. Micheline conta que a mãe dela é branca e também não entendia isso, principalmente quando ela parou de usar chapinha.

“Quando uma marca de beleza resolveu me patrocinar, ela perguntou: a empresa gosta do seu cabelo assim ressecado? Só que não é ressecado, o fio crespo é assim. Se eu não tivesse tido força para enfrentar isso, não teria assumido meu cabelo”, relata. Com o tempo e o reconhecimento, a mãe de Micheline entendeu isso. Em outras ocasiões, as pessoas achavam que ela deveria ganhar menos pelo trabalho.

“Uma blogueira me perguntou por que eu cobrava determinado valor e não um menor como modelo. Eu expliquei: há uma gama de modelos brancas e claras no mercado, mas onde iam achar um cabelo desse, uma pele dessa, um corpo desse?” Casada há nove anos, Micheline conta que o marido foi fundamental para reconstruir sua autoestima, o que permitiu que ela asse a ajudar outras pessoas nesse sentido.

Lado social 106073

Antes de viver exclusivamente do empreendedorismo, Micheline trabalhava como assistente istrativa terceirizada num ministério, função que deixou quando teve câncer no colo do útero. Hoje, ela está em remissão. As sequelas não permitem que ela fique oito horas sentada, então, encontrou nas redes sociais uma maneira de se reinventar. Ela já era ativa como influenciadora digital e compartilhava o tratamento com os seguidores.

Micheline usa a influência, hoje, não só para o próprio negócio, mas, também, para ajudar outras pessoas. Com doações de seguidores e marcas, por exemplo, está reconstruindo a casa de um morador de Samambaia que pegou fogo. O que começou como a ideia de construir um quarto ganhou uma proporção muito maior, com direito a serviço de arquiteto. Ela também presta um trabalho social dando aulas de maquiagem na Caravana da Juventude Negra, que tem apoio da Secretaria de Turismo.


Saiba mais
— instagram.com/michelineramalho

Impacto social 4c6x21

Ana Lídia Araújo*

Arquivo Pessoal - Otávio Damichel, fundador da Singelo Burguer, e Suávia Gimenes, sócia

Mais do que ser uma hamburgueria, a Singelo Burguer foi idealizada para ser um projeto de relevância social. É o que diz o ex-articulador de eventos sociais e fundador do negócio, Otávio Damichel, 29 anos. Ele criou a empresa no quintal de casa, em Ceilândia, em 2016. Sem emprego e sem perspectivas de encontrar uma recolocação, o jovem usou as economias da rescisão para investir no próprio negócio.

“Foi uma tentativa de sobrevivência mesmo, com tudo improvisado e coisas emprestadas dos amigos”, conta. “Começou a dar certo, então usei a internet para estudar o ramo, experimentei produtos e fui me aprimorando”, diz. Depois, com uma sede, a iniciativa ganhou espaço e reconhecimento em Taguatinga.

Cerca de seis meses após a abertura, Otávio fechou sociedade com a amiga de longa data Suávia Gimenes, 38, e, juntos, eles levaram a loja para a QNJ, em Taguatinga. “Somos quase irmãos de consideração. Ela estava chegando a Brasília sem emprego e queria investir em alguma coisa”, relembra Otávio.

Para o empresário, a hamburgueria foi um divisor de águas. “Sou um homem preto, vim da periferia de São Paulo e morei na favela a vida inteira. A Singelo me deu a oportunidade de empregar pessoas, de estar à frente de um negócio lucrativo e mudar a perspectiva do que é o papel do negro na sociedade”, diz.

“Assim como todos os negros em nosso país, já fui vítima do racismo e do preconceito. No entanto, não gosto de me colocar somente com essa imagem: sou, também, um homem vitorioso, que, apesar de todas as barreiras, conseguiu vencer com o trabalho.”

Identidade da empresa 454t5u

Durante a pandemia, o negócio tem enfrentado adversidades. Com o fechamento da loja e as restrições de convívio social, metade da equipe foi desligada e novas estratégias precisam ser tomadas, como mudanças no cardápio e o fortalecimento do delivery, que não era uma prioridade.

“Nosso foco era o salão e o atendimento presencial, mas fomos forçados a fazer essa transição e trabalhar com isso da melhor maneira possível.” Mesmo com as dificuldades, o período em que a loja ficou fechada para o público foi aproveitado. Em parceria com o grupo Coletivação, a Singelo Burguer produziu centenas de refeições para moradores de rua de Ceilândia.

O empresário conta que servir a sociedade de alguma maneira faz parte da identidade da empresa. “Quando tínhamos uma equipe grande, nós sempre optamos por ter um quadro equilibrado entre homens e mulheres, com pessoas LGBTQI+, e já empregamos pessoas em situação de rua. Nós acreditamos em fazer a diferença com as ferramentas que temos à nossa disposição”, diz.

A hamburgueria lançou o concurso de beleza negra Simpatia Preta, cujo resultado foi divulgado na sexta-feira (20), e a vencedora ganhou ensaio fotográfico, maquiagem, penteado e R$ 300 em consumação na loja. “Nossa ideia com esse projeto é trabalhar a autoestima do negro e aproveitar o mês da consciência negra para dar mais visibilidade a isso”, explica.

Saiba mais

— instagram.com/singeloburguer ou entre em contato pelo telefone 99684/7436. Há delivery pelo iFood.

 

* Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

Turismo sem preconceito 1g315m

Rodrigo Rodrigues/Divulgação - Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da Diáspora.Black

Natural de Nova Iguaçu (RJ), Carlos Humberto da Silva Filho, 41 anos, é CEO da Diáspora.Black, startup de impacto social de turismo, cultura negra e treinamentos. A empresa promove cursos e oficinas para empresas desenvolverem padrão de qualidade para o consumidor negro e para comunidades ribeirinhas e quilombolas desenvolverem turismo de base comunitária.

É também um canal para que pessoas reservem hospedagem livre de preconceitos. A plataforma também oferta experiências que contam a história da comunidade negra, por meio de roteiros gastronômicos, vivências em comunidades tradicionais como a Kalunga, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Desde 2017, foram mais de 4 mil turistas atendidos em 15 países.

“Nós recebemos s positivos todos os dias. Um muito forte foi de uma senhora branca de classe média de São Paulo. A filha dela foi morar em Nova York e ela buscou acomodação na nossa plataforma porque acreditou que as pessoas que oferecem hospedagem ali poderiam garantir segurança e respeito”, diz. A ideia surgiu em 2016, a partir de problemas que Carlos enfrentou na própria casa.

Ele morava num apartamento com vista para a praia no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. “Como eu viajava muito, comecei a alugar um dos quartos com a perspectiva de compartilhar aquela experiência e ei a enfrentar racismo. As pessoas duvidavam que eu fosse o anfitrião e um casal até se negou a se hospedar ali quando viu que eu era negro”, conta.

Reação 2u5t11

Quando era criança, a família de Carlos ficou sem casa e foi acolhida por um terreiro de umbanda. Por isso, ele era acostumado a ver no lar um lugar de compartilhamento. “Nessa experiência, aprendi valores de acolhida, cooperativismo, ancestralidade que trago para a Diáspora até hoje. Casa para mim era algo sagrado”, conta. Por isso, ser desrespeitado nesse espaço foi a gota d’água.

Ele teve experiências de racismo em outros contextos relacionados ao turismo, como quando as reservas dele demoravam a ser encontradas no hotel, ou quando ele voltava de um jantar e os seguranças questionavam se ele era hóspede sem fazer a mesma pergunta para turistas brancos. Juntando essa vivência ao desrespeito na própria casa, ele percebeu a necessidade de ter um serviço como o Diásporas.Black.

O site permite que pessoas ofereçam opções de hospedagem em casas, hotéis e resorts que sejam livres de preconceito. A outra linha é a oferta de treinamentos. O interesse pelo turismo já existia em Carlos antes de empreender: na infância e na adolescência, o deslocamento para a praia era muito difícil. “Aos 11 anos, comecei a organizar excursões com a minha tia, atendendo pessoas da comunidade”, lembra.

Carlos estudou geografia e meio ambiente na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), integrando a primeira turma de bolsistas de programa de ações afirmativas. Também com bolsa, durante a graduação, fez um intercâmbio na Universidade Harvard. Como profissional, atuou em grandes corporações, como Canal Futura, Fundação Roberto Marinho, Vale. Hoje, a Diáspora.Black tem sede em São Paulo e uma equipe de nove pessoas.

Facebook capacita negros 6c60h


Estimativa do Instituto Guetto, a partir da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do primeiro trimestre de 2020, mostra que a presença de pessoas empregadas no mercado publicitário é de 4,4% entre pretos e de 21,5% entre pardos. Para mudar esse cenário, surgiu o Potência Preta, novo programa de capacitação do Facebook. O objetivo é capacitar 600 jovens da comunidade negra nas áreas de marketing digital e marketing. Os cursos começam nesta segunda-feira (23/11) e seguem até dezembro. A iniciativa é uma parceria com o Instituto Guetto e Indique uma Preta, com apoio do Afro Hub e da Cufa (Central Única das Favelas). Inscrições e informações: fb.me/ RiseFB.

Afro Hub 5c421n

É com o intuito de fortalecer e estimular o ecossistema de afroempreendedorismo no Brasil que existe o Afro Hub, programa de capacitação técnica e networking criado em 2018. Organizado por Diáspora.Black, Feira Preta, Afro Business, o projeto tem apoio do Facebook para expansão digital.

Carlos Humberto da Silva Filho, CEO da Diáspora.Black, entende as dificuldades próprias dos empreendedores pretos e pardos. “Ser negro, independentemente da sua posição social, traz muitos desafios que, às vezes, os próprios negros podem não perceber, mas existem”, afirma. “A saga do empreendedor negro é cheia de obstáculos para ar ferramentas e tecnologias e, inclusive, crédito.”

Por isso, ele se tornou um dos criadores do Afro Hub. “O Facebook ‘comprou’ o projeto e nós, os criadores, nos tornamos as organizações que o implementam”, explica. A importância de apoiar negócios de pretos e pardos vai além das empresas em si. “O empreendedor negro mobiliza e potencializa a economia de famílias negras e do Brasil.”

Os desafios a mais da mulher negra 5j61o

Jef Delgado/Divulgação - Adriana Barbosa, da Feira Preta, foi eleita uma das pessoas negras mais influentes do mundo

Os empreendedores negros foram os mais impactados pela pandemia e, entre eles, as mulheres, as mais prejudicadas, de acordo com pesquisa do Sebrae. As empresas lideradas por pretas e pardas são a maior proporção entre as que ainda permanecem com a atividade interrompida, têm maior dificuldade de funcionar de forma virtual e são as que mais tiveram crédito bancário negado em razão do F negativado.

Entre 25 e 30 de junho, enquanto 36% das empreendedoras negras estavam com a atividade interrompida temporariamente, essa proporção caía para 29% entre as empresárias brancas e para 24% entre os homens brancos; entre os homens negros, essa proporção é de 30%.

Adriana Barbosa, 43 anos, é fundadora do festival de cultura negra Feira Preta, outra instituição responsável pelo Afro Hub. Ela percebe que o o à tecnologia, a maquinário, a crédito e à formação ainda é o grande desafio dos empreendedores negros, apesar dos avanços dos últimos anos. Mais pessoas aram a se entender e a se declararem como pretas e pardas, mas o racismo persiste também no meio empreendedor.

“Faz parte do cotidiano do empreendedor negro, por exemplo, ser questionado na entrada de eventos e em diversas outras situações”, diz. Ela própria enfrentou e enfrenta preconceito tanto de raça quanto de gênero. “Sentada numa mesa de reunião, me perguntaram se a Adriana viria para o encontro”, relata.

Principalmente no início, ela via que muitas empresas não queriam se associar a um evento chamado Feira Preta. “Chegavam a pedir para eu mudar o nome da feira”, conta. Enfrentar a discriminação é pesado. “Eu lido como uma pessoa preta lida. Faço terapia há muitos anos, o que me ajuda a me abrir para o campo do diálogo e não do embate”.

Adriana foi eleita, em 2017, uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo no ranking Mipad (Most Influential People of African Descendent, ou pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo). A Feira Preta tem 18 anos de história e gerou frutos que apoiam outros empreendedores negros: a instituição conta com um instituto homônimo e com o Preta Hub, que oferecem capacitação técnica e criativa e funcionam como aceleradora e incubadora do empreendedorismo negro no Brasil.


Saiba mais 
feirapreta.com.br
pretahub.com


36%
Percentual das empresas lideradas por mulheres negras com o funcionamento interrompido

27%
Parcela de empreendedoras negras cuja empresa só funciona presencialmente

58%
Índice de mulheres negras que buscaram um empréstimo e não conseguiram obter o crédito

25%
Proporção de empreendedoras que receberam “não” do banco por F negativado

Fonte: Sebrae

Por mais visibilidade 11306

Agência Afrolatinas/Divulgação - Jaqueline Fernandes, fundadora do Afrolatinas e do Latinidades

Fundadora do Instituto Afrolatinas e do Festival Latinidades, Jaqueline Fernandes, 40 anos, é uma grande parceira para a implementação do Afro Hub em Brasília. Jornalista, pesquisadora, produtora e gestora cultural, foi subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural, na Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

As barreiras para empreender como mulher negra, observa Jaqueline, são imensas. “Elas são arrimo de família dentro das periferias, responsáveis por filhos, irmãos, pais... São mulheres com um desafio enorme de serem provedoras enquanto enfrentam racismo”, diz a moradora do Varjão.

“Todo esse percurso pelo qual a gente a ao longo da vida tem traumas e barreiras, mas, também, tem elementos de força que só nós temos. Isso gera um empreendedorismo específico das mulheres negras, uma potência que, sem autoconhecimento, não é descoberta”, afirma.

Foi com essa força que Jaqueline e a produtora Chaia Dechen criaram, há 13 anos, o festival de mulheres negras Latinidades, que celebra o Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho. “Ele nasceu do incômodo da invível e da falta de espaço para artistas negras”, lembra. O evento, que começou em Brasília, tornou-se nacional e internacional. Antes de criarem o festival, Jaqueline e Chaia abriram uma produtora em Planaltina para artistas negros.

“Pensamos que poderíamos contribuir para mudar o cenário ao ajudar a formar artistas da cidade, com clipe legal, produção executiva…” Elas atendiam mais de 20 artistas e perceberam que o trabalho qualificado não adiantava porque a falta de espaço era causada pelo racismo. A partir daí, surgiu um festival para dar a visibilidade que faltava, com foco na mulher negra.

O evento chegou a reunir 50 mil pessoas no Museu Nacional. “Foi uma maneira de colocar pessoas negras para circular na Esplanada, onde, muitas vezes, elas não circulam a não ser como subalternas, como a tia do café ou o segurança”, comenta Jaqueline. Com o tempo, surgiram outros festivais de mulheres negras em Brasília e muitos avanços foram conquistados. Agora, porém, observa Jaqueline, em vez de “avançar, é preciso cuidar do que já foi conquistado”, pois existem riscos de retrocessos.

Apoio e mentorias 6i6cz

Durante a pandemia, por meio de parcerias com outras instituições, o Afrolatinas abriu editais de apoio emergencial. Por meio de um dos editais, entre mais de 1.500 inscrições do Brasil e de 10 países da América Latina, 68 empreendedoras foram apoiadas com R$ 1.310 cada, além de mentorias. Outro edital com foco em gastronomia apoiou 33 mulheres com cartões de R$ 1.000.

Durante a mentoria, as empreendedoras aprendem não só sobre estratégias de negócio e digitalização, mas, também, sobre ancestralidade africana e autoconhecimento. “A gente está acostumada a ver a história do povo negro contada pelo lado da escravidão e do fracasso, mas os nossos ancestrais já existiam antes disso e deram contribuições para a ciência e a humanidade. Mostramos isso para as pessoas se sentirem herdeiras disso tudo”, explica Jaqueline.


Saiba mais

afrolatincorreiobraziliense-br.informativocarioca.com.br. A instituição busca apoio para construir, no Varjão, a Casa Afrolatinas, um espaço de cyber cultura dedicado às mulheres negras e às comunidades periféricas do Distrito Federal. A cada R$ 1 investido pelo público, o Fundo Enfrente investirá mais R$ 2. Para ajudar nessa ação de multiplicação, e a vaquinha on-line: www.benfeitoria.com/casaafrolatinas.

Herança valorizada 423t4f

Arquivo Pessoal - Isabel Barcelos, proprietária de uma clínica de estética

Entre as beneficiadas de um dos editais do Instituto Afrolatinas está a estudante de fisioterapia Isabel Barcelos, 38 anos, que oferece tratamentos estéticos e contra a dor não invasivos, como limpeza de pele, drenagem linfática, ventosas, entre outros. Ela era proprietária, há 13 anos, da Bel Barcelos Estética em Planaltina e, em meio à pandemia, arranjou uma sócia e mudou o negócio para o Colorado, há um mês.

A Estética Colorado fica a cerca de 30km da anterior, mesmo assim, clientes de Isabel a seguiram. Para ela, a pandemia foi “extremamente desesperadora”, por isso, o apoio e a mentoria foram fundamentais. “Eu consegui fazer um curso de uma nova versão de microagulhamento. Sem essa ajuda, eu só pagaria contas.” Para ela, aprender sobre a ancestralidade africana foi um grande ganho.

Isabel sofreu bullying por conta do nariz e pela boca ao longo da vida. Em alguns dos episódios, uma cliente disse que ela não tinha “cabelo de esteticista” e, durante um curso de harmonização facial, um instrutor chegou a perguntar se Isabel não queria afinar seus traços. “Eu me identifico com as minhas características. O meu nariz tem toda uma herança”, diz.

Empoderamento i6w66

Isabel diz que, por não ser “negra retinta”, não sofreu formas de racismo mais cruéis, porém, incômodos com seus traços e seu cabelo sempre existiram. “Quando eu trabalhava para os outros, eu perdia oportunidade para pessoas brancas”, relata. O empoderamento de se valorizar começou após os 30 anos. “Hoje, amo meu cabelo e amo como sou. Não vale a pena sofrer para entrar num padrão que não é nosso. Antes, tentei me embranquecer, chegou a um ponto em que eu cansei de tentar ser quem não sou.”

A mentoria também ajudou a empreendedora a sonhar mais alto. “A mulher negra e periférica tem desvantagens enormes, tudo para a gente é mais difícil, a gente vive tirando de um buraco para cobrir outro. Minha perspectiva antes era só cobrir o aluguel e minhas contas”, conta. “Hoje, para os meus planos, o céu é o limite.”


Saiba mais 

www.instagram.com/coloradoestetica

Resgate da autoimagem 476n2n

Arquivo Pessoal - Cristiane Matos, consultora de imagem

Cristiane Matos, 36 anos, é bancária e consultora de imagem para mulheres que desejam ter um guarda-roupa autêntico e otimizar seu estilo de vida. A primeira carreira começou há 14 anos e a segunda, formalmente, completa um ano em dezembro. Graduada em gestão de pessoas com MBA em gestão empresarial, começou a repensar a trajetória ao fazer a pós-graduação e, assim, decidiu empreender.

A primeira tentativa foi com a gastronomia: ela fez curso na área e queria abrir um bufê personalizado. Chegou a comprar equipamentos e fazer pesquisa de mercado. Ao montar a equipe, acabou desanimando quando um dos colaboradores desistiu. A vontade de empreender e de fazer algo diferente, porém, não desapareceu. Depois de obter uma certificação de UX designer (voltado para a experiência do usuário), foi voluntária numa associação internacional de design.

“Fiquei com a pulga atrás da orelha e pensando: tenho que abrir algo para mim”, conta. Então, Cristiane ou a revender roupas que comprava em São Paulo. A partir daí, fez cursos de personal stylist e consultoria de imagem no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e participou, também, de capacitações em São Paulo. Quando ou a atuar como consultora, Cristiane parou de vender roupas.

Hoje, ela atende num ateliê na Asa Sul, mesmo setor onde mora. Entre os serviços que oferece, além da consultoria de imagem, estão análise de coloração e análise facial (uma evolução do visagismo). “O visagismo vem da indústria da beleza com o objetivo de fazer com que as pessoas fiquem bonitas dentro do padrão imposto pela sociedade. O que eu faço não é isso”, explica. “Faço uma análise não para mudar traços da pessoa, mas para valorizar o que ela já tem.”

Cristiane entende que a sociedade é machista e preconceituosa e ou por uma jornada até parar de alisar o cabelo. “Nasci num ambiente de salão. Para mim, aquilo era bonito, eu não questionava. Após tudo que entendi, não posso continuar na mesma vibe”, diz. Durante a pandemia, a consultora percebeu que precisa ter, também, produtos digitais, algo que ainda está formatando.

Depois da flexibilização do distanciamento social, ela voltou a fazer atendimentos presenciais, com regras de segurança: atende apenas uma pessoa por período e higieniza o local e todos os equipamentos entre um cliente e outro. A maior parte das freguesas de Cristiane é formada por mulheres brancas. Ela atende mais mulheres negras por meio do projeto social cristão Bela e Valiosa, um workshop gratuito de resgate da autoestima.


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—  instagram.com/cristiane.smatos
—  instagram.com/belaevaliosa

Afro-brasileira, empreendedora e ativista p1r20

Arquivo Pessoal - Aline Karine Dias (ao centro), dona de duas empresas de turismo, durante eio com estudantes de São Sebastião

Outra beneficiada por um edital do Afrolatinas é Aline Karina Dias, 31 anos, graduada em turismo e mestranda em patrimônio cultural. Ela é dona de dois negócios voltados ao turismo: Sebas Turística (focada em turismo de base comunitária nas regiões istrativas do DF) e Circuito Cerrado Ecoturismo (de vivências na natureza e valorização cultural). Com a primeira empresa, oferece eios por regiões como São Sebastião, onde morou por 10 anos.

Foi com foco nesta cidade que Aline elaborou o projeto-piloto do negócio, mapeando 100 pontos turísticos de diferentes categorias. Os eios, em geral, são feitos por turmas escolares. Algumas das rotas oferecidas pela segunda empresa são a Raízes da Memória (imersão com viagem e hospedagem no quilombo Kalunga) e Rota da Caliandra (trilha pelo cerrado com cachoeira). Durante a pandemia, os negócios foram impactados e, agora, ela começa a retomar os eios presenciais.

Durante os meses de maior distanciamento social, Aline trabalhou com tours virtuais, em que apresentou, por meio de videoconferência, pontos turísticos usando mapa, banco de imagens e vídeos. “No começo, teve mais procura, bombou e consegui ter retorno financeiro. Agora, as pessoas devem estar cansando de ficar em frente da tela”, comenta. Aline usou parte do fundo recebido pelo edital para investir em marketing e compra de equipamentos, como uma câmera. As aulas e mentorias foram importantes para aprender a perder vergonha de aparecer nas redes sociais.

“Isso é importante para vencer essa barreira da invisibilidade. O fundo Éditodos me mostrou que eu preciso quebrar crenças limitantes para me tornar visível”, conta. “Eu aprendi que é importante me colocar como afro-empreendedora”, diz. “Como mulher negra, periférica e empreendedora, a gente é sempre posta em xeque. Duvidam do meu potencial e das minhas empresas.” Os piores casos de racismo, a empreendedora sofreu por parte de homens brancos, como o caso de um professor que se apropriou de uma pesquisa dela e, no ano seguinte, foi acusado de racismo por três alunas.

“Trabalhar para mim” g84j

Quando se graduou, Aline percebeu clara diferença na inserção empregatícia entre ela e recém-formados brancos. “Tive vivências racistas e perversas ao sair da universidade. Meus colegas brancos conseguiram emprego em hotéis, cruzeiros, alguns viraram gerentes. Eu, mesmo com diploma, só consegui trabalhar com turismo rural numa fazenda”, relata. “Trabalhei como se fosse uma funcionária sem diploma, do nível de lavar prato e limpar cozinha. Trabalhávamos fazendo hora extra sem receber e sendo humilhados”, recorda.

Saiba Mais 6k4ce

Assédios, racismo e violências fizeram com que Aline asse a ter “ranço” de trabalhar para os outros. “Por mais difícil que seja empreender, eu queria trabalhar para mim.” Apesar das dificuldades e da discriminação, ela conta que sempre teve “sorte” com os clientes. “Acabei atraindo um público mais do ativismo político e acadêmico, que é maravilhoso e tem respeito e troca comigo”, elogia ela, que é, também, conselheira do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF) e presta serviço de consultoria de projetos.

Aline mora em Ceilândia, no quilombo urbano Casa Akotirene, do qual é vice-presidente. “Nos organizamos socialmente para discutir uma nova forma de sociedade, trazendo consciência racial e expandindo o quilombo para uma perspectiva cosmopolita”, explica. O local tem 10 moradores fixos e oferece ações sociais para negros. Durante a pandemia, o grupo distribuiu cestas básicas e produtos de limpeza, além de promover terapia para a população preta e parda.


Saiba mais 
instagram.com/sebasturistica
instagram.com/circuitocerradoecoturismo
instagram.com/casa.akotirene

Datas marcantes 5o2lw


O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino foi comemorado na última quinta-feira (19/11) e o Dia da Consciência Negra foi na sexta-feira (20/11).

Estágio inclusivo 6q484x


Estão abertas, até 30 de novembro, as inscrições para o programa de estágio da operadora TIM. São mais de 300 vagas e 50% delas são direcionadas para participantes negros. As vagas são para Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Belém. Podem participar estudantes de qualquer graduação, as bolsas variam entre R$ 1.350 a R$ 1.500. Inscrições

Fundo do Google 1k3q3a

A Google for Startups Brasil anunciou, na sexta-feira (20/11), seis novas empresas selecionadas para receberem a segunda leva de investimentos do Black Founders Fund, fundo de investimento destinado a startups fundadas e lideradas por negros no Brasil lançado em setembro. São elas: Aoca Game Lab, LegAut, EasyJur, WeUse, Treinus e Wellbe. Os negócios foram escolhidos por estarem aptos a crescer e promover mudanças significativas em suas comunidades.

Com essas startups, o total de empresas que receberam investimento do Black Founders Fund em 2020 chega a nove. A expectativa do Google for Startups Brasil é chegar a 30 até o fim de 2021. O fundo foi criado para investir um valor inicial de R$ 5 milhões. O investimento é feito sem contrapartida. A iniciativa conta ainda com duas instituições colaboradoras, Vale do Dendê e Preta Hub, que indicam empresas que acreditam terem potencial e preparo para receber o capital.

Essas instituições também atuam ao lado do Google for Startups para oferecer sessões de treinamento para mentores e realizar fóruns sobre diversidade racial para engajar líderes e players importantes da indústria de tecnologia. Saiba mais sobre o fundo no link: campus.co/intl/pt_ALL/sao-paulo/black-founders-fund.

Conheça as empresas selecionadas: 5bh1y

» Aoca Game Lab: empresa baiana de desenvolvimento de games independentes, como o jogo para PC Árida, que conta a história de uma garota que vive uma jornada de descoberta no sertão brasileiro do século 19. e

» Easyjur: software jurídico inteligente para advogados, que auxilia na gestão de escritórios de advocacia por meio de inteligência humana e artificial. e

» LegAut: plataforma que busca, analisa e organiza toda documentação de transações imobiliárias. e:


» Treinus: site de treinos esportivos criados por especialistas de acordo com o perfil e objetivos individuais. e

» Wellbe: plataforma empresarial de inteligência e redução de custo que integra diversos dados de saúde e oferece indicadores. Tem também um app para o colaborador monitorar hábitos saudáveis. e

» WeUse: um guarda-roupa virtual de consumo compartilhado. Os s escolhem as roupas pelo app e recebem em casa. e: