Mais de 7 mil estudantes e de todo o país estão reunidos em Brasília, até domingo (15), no maior evento de estudantes da América Latina. Aberto na quarta-feira (12), o 44º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Conubes) tem como mote a potência da juventude para a realidade da educação. Com o apoio institucional da Secretaria de Turismo do GDF, o evento ocorre na ginásio Nilson Nelson e reúne uma série de atividades, como palestras e debates acerca do cenário da educação básica no país, seguindo o lema Pra fazer do Brasil uma sala de aula. Após cinco anos, devido à pandemia do coronavírus, o congresso retorna no formato presencial.
Questões como a cívico-militarização das escolas, assédio sexual e moral, democratização do o ao ensino e à internet e o rumo da educação básica brasileira no cenário pós-pandêmico estão sendo debatidas no encontro. Os estudantes promoveram uma eata na tarde desta sexta-feira, saindo do ginásio Nilson Nelson até a Esplanada do Ministérios. "A ideia é chamar a atenção da situação que a educação atravessa, sem projeto, sem direção. Além das frequentes denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), sem apuração, e que acabam afetando o geral", disse a presidente da Ubes, Rozana Barroso.
Ela destaca que a meta do Conubes é continuar agregando cada vez mais estudantes em defesa da educação. "É muito triste todo esse momento difícil, de desemprego e falta de perspectiva para o estudante, mas ver milhares de estudantes reunidos nos dá esperança de que a gente possa reverter essa situação. O coração fica feliz e esperançoso”, disse.
A dirigente da Ubes destaca que o congresso adquire ainda mais importância diante do cenário de evasão escolar, que atingiu nível recorde no país durante a pandemia. Segundo dados do Censo Escolar de 2021, mais de 400 mil jovens saíram da escola sem concluir o ensino médio no ano ado.
Barrozo disse acreditar que o Conubes é uma forma de resgatar esses estudantes, e salientou que, com muita luta, o cenário da educação brasileira pode melhorar como um todo.
Ela frisa que, em função do ano eleitoral, esta reunião pode influenciar no engajamento político dos jovens e, consequentemente, no comparecimento às urnas de votação. "Esta é uma pauta histórica da Ubes", disse. Segundo ela, campanhas da entidade motivaram mais de 2 milhões de jovens menores de 18 anos a tirar o título de eleitor neste ano, quase metade deles no prazo final.
"Este ato é histórico. É importante ouvir a juventude brasileira, que tem anseios e direitos. Estaremos mostrando aos representantes deste país que, ou eles escutam os jovens ou não ocuparão mais nenhum cargo, pois a juventude está decidida a colocar no Parlamento pessoas que defendem a educação"
Rozana Barroso, presidente da Ubes
Muitos estudantes viajaram milhares de quilômetros para participar do Conubes, como Sallan Mohammad, 16 anos, que veio do Rio de Janeiro. Sallan faz parte do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ).
Ele comenta que seu grupo chegou a Brasília de forma independente, e que o interesse em debater as pautas foi a principal motivação. “Estou achando interessante entender o que acontece por trás destes movimentos que fazem a vida estudantil fluir. O congresso ajuda a levantar questões que as pessoas não dariam atenção se viessem só dos alunos. Este evento é importantíssimo, pois eleva as discussões a um outro patamar”, disse.
A potiguar Rayanne Eufrásio, 24 anos, veio de Natal e é uma das dirigentes nacionais da União dos Jovens Socialistas (UJS), maior delegação presente no congresso, com cerca de 4 mil estudantes. Mesmo já sendo experiente nos movimentos estudantis, ela conta que tem grandes expectativas para o evento. “É muito bom ver tantos alunos ainda com aquela paixão de querer debater e mudar esse triste cenário que estamos vivendo na educação. Vamos travar ainda muita luta pela frente”, disse.
"O Congresso da UBES esse ano é muito emblemático. Os anos da pandemia foram ainda mais desafiadores para os estudantes brasileiros. E nos reunimos para ouvir demandas de jovens do Brasil inteiro. Essa reunião, nesse momento, representa uma grande força para mudar os rumos que a educação tem tomado no país", conclui a presidente da Ubes, Rozana Barroso.
*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende