GUERRA TARIFÁRIA

Trump pede a demissão de Powell após críticas do Fed

Novas declarações de presidente dos EUA contribuem para queda de bolsas norte-americanas e do dólar. No Brasil, B3 termina a semana com alta de 1,04% e reduz tombo acumulado no mês para 0,47%

Declarações de Trump sobre presidente do Fed, ontem, contribuíram para a queda das bolsas americanas e do dólar caírem  -  (crédito:  whitehouse/Reprodução)
Declarações de Trump sobre presidente do Fed, ontem, contribuíram para a queda das bolsas americanas e do dólar caírem - (crédito: whitehouse/Reprodução)

Em meio ao pedido de demissão do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ontem, as bolsas norte-americanas voltaram a fechar no vermelho. O Índice Dow Jones, por exemplo, recuou 1,33%, e a Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia, escorregou 0,13%.

Na contramão, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), impulsionada pelas ações da Petrobras, avançou 1,04%, variação que contribuiu para a redução das perdas no mês para 0,47%.

Na semana, o barril do petróleo tipo Brent, negociado em Londres e referência no mercado internacional, acumulou alta de 7,24%. As declarações de Trump também ajudaram na desvalorização do dólar. Ontem, a divisa norte-americana fechou em queda de 1,05%, cotado a R$ 5,803 para a venda.

"Espera-se que o BCE (Banco Central Europeu) corte as taxas de juros pela sétima vez, e, no entanto, o 'tarde demais' Jerome Powell, do Fed, que sempre chega 'tarde demais e errado', divulgou ontem um relatório que foi mais uma típica confusão completa!", afirmou o republicano, em publicação nas redes sociais.

Trump afirmou ainda que a política tarifária imposta pela Casa Branca será mantida, após Powell dizer, na quarta-feira, que a guerra comercial pode atrapalhar o duplo mandato do Fed de manter a inflação dentro da meta e o país, com pleno emprego. As críticas de Powell qualificaram as tarifas anunciadas por Trump como "extremas" e algo muito maior do que o Fed esperava. O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.

Desaceleração

A escalada das tensões no cenário global, devido ao tarifaço de Trump, deve causar uma desaceleração na economia, mas ainda não haverá recessão global, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"As nossas projeções de crescimento são de baixa, mas não mostram uma recessão", destacou a diretora-gerente do organismo multilateral, Kristalina Georgieva, ontem, em discurso de pontapé para as reuniões de Primavera (do Hemisfério Norte) do Fundo, que acontecem na próxima semana, em Washington, nos EUA. Segundo ela, a percepção negativa pesará mais sobre o crescimento econômico global do que a realidade, se as expectativas pessimistas atuais não forem equilibradas.

A diretora afirmou ainda que é necessário olhar de maneira mais ampla para as novas políticas econômicas para ter "melhor previsibilidade". "Reconhecemos que houve mudança fundamental nas condições econômicas em todos os países. Mas há expectativas de pivôs em outras áreas, que podem fortalecer o crescimento, como a desregulação", respondeu ela, ao ser questionada sobre porque o FMI não prevê uma recessão apesar do crescente coro de economistas e do mercado, que alertam para este risco.

Trump estabeleceu tarifas mínimas universais de pelo menos 10% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, em vigor desde 5 de abril, e de até 145% sobre os produtos chineses, além dos impostos existentes antes de seu retorno à Casa Branca no fim de janeiro.

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De acordo com a chefe do FMI, os países estão sendo testados por uma reinicialização do sistema de comércio global, motivada pelo anúncio das tarifas e retaliações. "Com os recentes aumentos, pausas, escaladas e isenções das tarifas alfandegárias, está claro que a taxa efetiva nos Estados Unidos atingiu níveis não vistos há muito tempo", enfatizou.

Em relação ao aumento das tensões entre Estados Unidos e China, Georgieva alertou que haverá consequências desse fogo cruzado. Ela reiterou preocupações sobre a incerteza quanto à política tarifária e a tensão entre os dois países: "Quanto mais longa for a incerteza, maior será o impacto negativo sobre o crescimento econômico global."

A diretora alertou para a importância da política monetária e da independência dos bancos centrais para a estabilidade de preços em um cenário de guerra comercial global, e defendeu a autonomia das instituições. (Com informações da Agência Estado)

 

postado em 18/04/2025 03:59
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