
Para Flavio Padovan, ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), o setor automotivo é uma indústria muito competitiva e nunca é bom atuar num mercado onde não se sabe até quando existirão incentivos. “Só há incentivo onde há ineficiência. E o Brasil vem nessa toada faz tempo”, destacou.
No entanto, Padovan ressaltou que a saída da Ford é uma decisão costurada lá atrás, acelerada pela pandemia. “Desde que resolveu fechar as operações de caminhões, dois anos atrás, isso já estava sendo desenhado. Só foi antecipado”, assinalou. Segundo ele, todo o planejamento da companhia foi feito em cima de uma projeção de volumes que não vingou, por conta das sucessivas crises. “A Ford não saiu do segundo pelotão”, disse.
O especialista explicou que GM, Volkswagen e Fiat têm de 16% a 17% de participação no mercado, cada. Enquanto a Ford, detém de 6% a 7%, junto com outras montadoras, como Hyundai, Toyota, Renault. “Essa fatia vai ser absorvida por outras montadoras, que estão competindo no mesmo segmento”, assegurou.
Padovan avaliou que a decisão da Ford ou pela estratégia global de se livrar dos negócios onde perde dinheiro. “A companhia decidiu focar em Pickups e SVUs. Por isso, vai manter plantas onde fabrica esses produtos, como Argentina e Uruguai”, disse. Para ele, todas as outras montadoras serão beneficiadas, porque os produtos são similares e nas mesmas faixas de preços.