
Após um hiato forçado de dois anos, o cantor carioca Rubel, de 34 anos, está de volta com um novo trabalho que marca não só sua retomada artística, mas também um recomeço pessoal. Na noite da última quarta-feira (28), ele lançou “Beleza. Mas agora o que a gente faz com que isso">gshow.
A pausa inesperada na carreira do artista aconteceu em meio ao sucesso de faixas como “Partilhar” e “Quando Bate Aquela Saudade”, e pouco tempo depois de uma indicação ao Grammy Latino. Rubel vivia um dos melhores momentos profissionais quando foi surpreendido por um diagnóstico sério: prolapso da válvula mitral, condição cardíaca grave que exigiu uma cirurgia imediata.
O problema foi descoberto por acaso, durante uma internação motivada por uma infecção alimentar. Ao ser examinado por uma enfermeira, um sopro cardíaco chamou a atenção. Exames posteriores revelaram a gravidade do quadro: seu coração já estava dilatado e funcionando de forma irregular. “Tive medo de morrer, sim, isso foi bem literal. O sangue não circulava como deveria. Meu coração já estava muito grande”, contou o artista em entrevista ao gshow.
Diante da possibilidade real de morte, Rubel diz que não sentiu receio em interromper a carreira. Na verdade, isso sequer era uma preocupação. “Eu não tinha medo de pausar minha carreira, zero! Pelo contrário. Esse choque me fez redimensionar minhas prioridades. Pensei: ‘Se eu tivesse mais um mês de vida, como eu queria aproveitá-lo?’”, relembra.
Foi nesse momento de pausa e reavaliação que nasceu a essência do novo disco. Mais introspectivo e livre das amarras do mercado, o álbum foi composto rapidamente, em um processo criativo espontâneo. As influências vão de Radiohead a Jorge Ben Jor, refletindo a dualidade de referências que Rubel carrega com naturalidade. “Queria fazer algo bonito, verdadeiro, sem pensar se faria sucesso ou não”, afirmou.
A produção, por outro lado, levou mais de um ano. E com ela, veio uma nova filosofia de trabalho: lançar um álbum a cada dois anos, com mais constância e menos pressão. “Quero preservar minha relação com a música, não com o sucesso. Antigamente, artistas tinham que lançar discos com frequência por contrato. Isso produzia obras irregulares, mas poderosas. É esse ciclo que quero resgatar”, explicou ao gshow.
A volta aos palcos também será diferente. Após os desgastes de turnês intensas antes da pandemia, Rubel optou por um formato mais íntimo: voz e violão, em teatros pelo Brasil. “Quero estar feliz e saudável nos próximos meses. Esse novo formato faz sentido para o tipo de música que estou fazendo agora”, declarou.
O título do álbum também traz a marca da inquietação criativa do artista. Inspirado pela leitura de “Triste não é ao certo a palavra”, de Gabriel Abreu, Rubel buscou uma frase que provocasse questionamento. Assim nasceu “Beleza. Mas agora o que a gente faz com que isso?”, uma espécie de espelho das angústias e esperanças que compõem a experiência humana — e que agora embalam sua nova fase.
Rubel volta, enfim, mais humano do que nunca. E sua música, antes de tudo, continua sendo abrigo — para ele e para quem escuta.
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