
Crítica // Hiroshima mon amour ★★★★★
No marcante ano de 1959, o vanguardista cineasta Alain Resnais cunhou cenas no seu histórico Casablanca (14 anos depois do clássico de Michael Curtiz), um recinto japonês que abrigou a nostalgia elevada ao cubo na memória de qualquer cinéfilo. Com atores em estado de graça, o casal Eiji Okada e Emmanuelle Riva, o mesmo diretor de O ano ado em Marienbad (1961), preza a cartilha de revolução na linguagem do cinema, com direito a roteiro de Marguerite Duras e trilha sonora absurdamente marcante assinada por Giovanni Fusco e Georges Delerue. O clássico tem sessões no Cine Brasília.
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Na base da trama está o "horror do esquecimento" — que alcança até mesmo os bombardeios atômicos de Hiroshima. Reflexos da violência são nítidos, nesta história única que versa sobre uma paixão inaceitável e a fluidez das emoções num tempo em suspenso. As interpretações parecem recitadas (particularmente, Riva parece cantar o texto), num universo em que a alegria parece falsa e a extroversão, desesperada. A personagem de Riva esgarça, na trama, um doloroso amor do ado, com a mesma impossibilidade do atual sentimento que demarca seu adultério (ao lado do personagem de Okada).