
Menos de dois meses após impactar a cena musical com o disco “Mayhem”, Lady Gaga volta a movimentar os bastidores da indústria. A artista registrou oficialmente uma nova canção intitulada Dead Dance em duas das principais entidades de direitos autorais dos Estados Unidos: a BMI (Broadcast Music, Inc.) e a ASCAP (Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores).
A nova faixa tem a da própria Gaga em parceria com os produtores Cirkut e Andrew Watt – nomes já conhecidos pelos fãs da era “Mayhem”. Os dois trabalharam com a cantora em faixas de destaque como Disease e Abracadabra, esta última responsável por garantir presença no Top 15 da Billboard Hot 100 e atingir o Top 5 na parada global da Billboard.
Apesar da oficialização do registro, Dead Dance ainda não possui previsão de lançamento. O movimento, no entanto, alimenta rumores sobre possíveis versões estendidas do álbum ou até um novo projeto em construção. Vale lembrar que Gaga lançou Mayhem em abril com edições especiais que incluíram músicas bônus: Kill For Love, disponível exclusivamente na Target, e Can’t Stop the High, vendida apenas no Japão e no site oficial da artista – ambas também criadas em parceria com Cirkut e Watt.
Com uma estética definida como “ópera dark pop”, Gaga reforça seu apreço por conceitos que transitam entre o clássico e o contemporâneo. Sua performance no Coachella, por exemplo, foi apontada por diversos críticos como uma experiência sonora que se aproxima da ópera rock. O mesmo rótulo foi recentemente utilizado por Miley Cyrus em referência ao projeto visual “Something Beautiful”, evidenciando um movimento artístico onde elementos da ópera tradicional são ressignificados dentro da cultura pop.
Opera pop: o conceito usado para trabalhos de Lady Gaga
No palco do Coachella, Lady Gaga não apenas se apresentou — ela encenou um espetáculo que muitos já consideram um marco na fusão entre música pop e teatro lírico. O show, carregado de teatralidade e dividido em atos, foi amplamente descrito como uma “ópera rock” ou “ópera dark pop”, evidenciando como o conceito clássico de ópera se transformou para dialogar com a estética contemporânea.
Esse mesmo conceito também aparece no novo projeto de Miley Cyrus. A cantora define seu álbum visual Something Beautiful como uma verdadeira “ópera pop”, reforçando a tendência de transformar álbuns musicais em narrativas cinematográficas e completamente cantadas. A primeira parte da obra, batizada de “Ato 1”, já foi apresentada com faixas como “Prelude”, “Something Beautiful” e “End of the World” — todas entrelaçadas sem espaço para diálogos falados, seguindo à risca o formato operístico.
Historicamente, a ópera surgiu na Itália do século XVII, com a obra Dafne de Jacopo Peri, considerada o ponto de partida do gênero. Desde então, a ópera se estabeleceu como uma forma artística que une canto, encenação e música orquestral em uma narrativa contínua. Ao contrário do teatro musical moderno, onde canções se intercalam com falas, a ópera se caracteriza por não conter diálogos falados — toda a comunicação acontece por meio da música.
Lady Gaga e Miley Cyrus, portanto, não estão apenas inovando dentro da música pop — estão resgatando uma tradição erudita e recontextualizando-a para as novas gerações. Seus projetos não apenas encantam os fãs com visual e som, mas também ampliam os horizontes do que pode ser considerado música popular.
Se antes a ópera era restrita a teatros e públicos seletos, agora ela pulsa no centro da cultura pop, embalando multidões em festivais e plataformas de streaming. O clássico e o moderno, enfim, se encontram — e cantam juntos.