
Hoje, estreia na Globoplay a série documental Crime da 113 Sul , projeto de jornalistas da TV Globo de Brasília que busca explorar o caso de 2009. Em 28 de agosto de 2009, a Asa Sul foi palco de um homicídio triplo. Na 113 Sul, José Guilherme Villela, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, sua esposa Maria Carvalho Villela e a empregada Francisca Nascimento da Silva foram encontrados mortos com mais de 70 facadas. Inicialmente, o caso foi visto como um latrocínio.
Os primeiros culpados pela morte foram o ex-porteiro do prédio, Leonardo Campos Alves, e seu sobrinho Paulo Cardoso Santana, que confessaram o crime. Os dois assumiram invadir o apartamento da família para roubar joias e dinheiro. Porém, a história mudou e os acusados disseram que o assassinato teria sido encomendado pela filha do casal, Adriana Vilela.
O caso foi emblemático e levantou diversas dúvidas e polêmicas no processo de investigação. O uso de uma vidente para apontar suspeitos, acusações de tortura por parte de investigadores e a prisão de uma delegada são algumas das reviravoltas do caso. A importância da figura de José Guilherme apressou o processo para identificar o responsável e muitos pontos ficaram soltos. A série revela ao público vídeos e depoimentos inéditos, além de uma releitura das 16 mil páginas do processo. Pela primeira vez, Adriana Villela, filha do casal, fala com a imprensa sobre o crime.
Gabriel Tibaldo, jornalista que conduz as reportagens, conta ao Correio que em uma reunião sobre a complexidade do caso, o interesse em falar sobre esse crime emblemático foi crescendo. "A cada detalhe falado, ficamos mais interessados em fazer a nossa própria investigação. Adriana Villela, condenada por matar os pais, nunca tinha falado anteriormente com tantos detalhes. Conversar com ela foi o primeiro desafio. O jornalismo precisa ouvir todos os lados", comenta o jornalista.
A investigação para o projeto audiovisual iniciou com o processo escrito e o noticiário da época. Reynaldo Turollo Jr., repórter e roteirista, explica que o trabalho foi norteado pela exigência de dar voz a todos os envolvidos no caso. "Eu e o Joelson Maia (roteirista) queríamos que o roteiro fosse um diálogo constante, com a defesa rebatendo a acusação e vice-versa, o tempo todo. Um Tribunal do Júri nada mais é que um grupo de pessoas como nós, que vai fazer um juízo sem precisar explicar o motivo. Ali, não é o juiz que sentencia, mas são pessoas comuns, que não necessariamente sabem analisar provas. Então, procuramos dar subsídios para cada pessoa que assistir ao documentário fazer sua análise", destaca Reynaldo.
O roteirista destaca que muitos elementos da história prendem a atenção de quem se interessa por crimes reais. "Uma vidente que aponta 'suspeitos', uma carta achada dentro de uma fossa sanitária, um homem que está preso e que descobre na prisão quem são os assassinos. Tudo isso faz essa história ser única. O documentário também traz reflexões sobre a atuação das polícias e a necessidade de se buscar provas técnicas, além dos depoimentos, o que justifica o interesse público pela história", comenta.
Histórias de crime tem levantado cada vez mais a curiosidade do público e marcado presença nos catálogos de streaming. Para Gabriel Tibaldo, o interesse das pessoas por esses temas vem do desejo de entender com detalhes os principais pontos dessas investigações, ouvindo os personagens da história. Segundo Reynaldo, essas histórias retratam os valores de uma determinada sociedade em uma determinada época. "Mostram que é aceito e o que não é. E mostram como a Justiça trata isso tudo", comenta o roteirista.
Saiba Mais
Outros casos de Brasília
Além do crime da 113 Sul, outros casos no Distrito Federal viraram projetos audiovisuais. Um exemplo é o do assassino Lázaro Barboza que matou quatro pessoas em Ceilândia e foi procurado pela polícia durante 20 dias em 2021. O episódio se tornou uma série. Os 20 dias de Lázaro é uma produção original do Playplus que mostra detalhes dos crimes e da perseguição.
Outro crime que se tornou um filme é o caso Pedrinho. Pedro Rosalino Braule Pinto foi sequestrado após seu nascimento na maternidade Santa Lúcia em 1986 e se reencontra com a família em 2002. A diretora Anna Muylaert se inspirou na história e produziu o filme Mãe só há uma. O filme pode ser alugado na Apple TV.
Na Globoplay, é possível encontrar o programa Linha direta, programa de televisão da TV Globo que apresentava crimes reais. Em um dos episódios, a história de Ana Lídia (foto), de 1973, é o foco. A menina de sete anos foi sequestrada do colégio Madre Carmen Salles na 405 Norte e encontrada morta no dia seguinte.Existe um parquinho dentro da Parque da Cidade em sua homenagem.