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Documentário faz perfil sonoro e imagético de Hermeto Pascoal 671n2j
Festival de Cinema

Documentário faz perfil sonoro e imagético de Hermeto Pascoal 4a2x70

Longa de Lírio Ferreira e Carolina Sá merguLha nas sonoridades que estão na base das criações do "Bruxo" 4f2m70

Carolina Sá e Lírio Ferreira não queriam fazer uma cinebiografia e escolheram o caminho da poesia para O menino d'olho d'água, que marca o encerramento do 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e traz para a tela o processo criativo e os elementos primários  das composições de Hermeto Pascoal. "Hermeto é uma montanha com várias cavernas: você procura a sua e tenta decifrar o enigma dentro dela", brinca Ferreira, que tem na bagagem longas premiados como Baile perfumado e Árido Movie. "Já fizeram muita coisa com o Hermeto, coisas mais cronológicas. A gente optou por um caminho que é mais sensorial, mas tentando decifrar esse enigma fantástico dele, se é que é possível. Para não nadar no mesmo rio", explica. 

Na tela, aparecem imagens de um show acompanhado pela produção e uma longa entrevista com o músico combinadas com uma investigação, proposta por Carolina, que levou a equipe até Lagoa da Canoa, no município de Arapiraca, onde Hermeto nasceu há 88 anos. A ideia era ir em busca do que o multi-instrumentista chama de música universal. "E que é essa música que tem essa complexidade harmônica e rítmica que ele faz", explica Carolina. 

Quando menino, Hermeto ia com o pai trabalhar na roça mas, como era albino, precisava se abrigar na sombra das árvores. "É esse contato com uma natureza microcósmica, o sapo do brejo, os pastos, a feira de gado, que está na gênese da música dele", diz Carolina, que pensou em um roteiro capaz de fazer a ponte entre as sonoridades que inspiraram a obra do músico e a música universal. "É um filme que tenta compreender poeticamente a relação entre a terra dele e o cosmos. O que ele fala de música universal. Foi um lindo processo", garante a diretora. 

Ela e Lírio nunca haviam trabalhado juntos e a parceria foi uma iniciativa do diretor pernambucano, que viu em Carolina a sensibilidade necessária para fazer um filme menos convencional. Diretora de televisão e roteirista, ela trouxe a experiência da série Música libre, que dirigiu para o GNT, e de um episódio da série brasileira Meu amor — Seis histórias de amor verdadeiro, produzida por José Padilha para a Netflix. Carolina também é musicista e toca, como ela diz, "violão primitivo". "Primitivo porque não é profissional", explica. "Canto, componho música de dois acordes, tenho disco, mas não sou profissional." 

A familiaridade com o universo musical, no entanto, foi fundamental para a ideia de conceber um filme sensorial, que contou com o coletivo O Grivo para o desenho de som. "A escolha dessas pessoas que trabalharam o som com a gente era importante porque tinha que gostar de timbre, de silêncio, entender a importância do silêncio, da textura do som. É um filme que leva em consideração a textura do som", explica a diretora. "A gente queria fazer um filme buscando o olhar do Hermeto. Então, imageticamente, é muito poético e, sonoramente, é uma viagem."

Entrevista // Carolina Sá

O documentário não chega
a ser uma biografia. Como
ele se estrutura?

A gente queria falar dessa ponte que o Hermeto faz entre  o que é mais particular da região dele, no sertão de Alagoas, e o cosmos, a música universal. E o filme tem esse três pilares: uma grande entrevista, um show e os sons que a gente buscou na região dele, que é um brejo. E isso diz muito sobre a inspiração dele. É uma alegria estrear no encerramento do Festival. No IDFA (Festival Internacional de Documentário de Amsterdã) foi muito bem recebido, as pessoas saem muito atravessadas pelo Hermeto, pelo pensamento dele. Ele é um mestre, um campeão, um bruxo. É um alquimista mesmo.

Quais são os elementos da alquimia da música do Hermeto?

A primeira relação dele com os elementos musicais são os sons primeiros da natureza. E a natureza, é o som do boi, do pássaro, o som da água. Até hoje ele toca com um copo d'água. Ele está sempre atrás da imagem do som. Como ele enxerga pouco, acho que o som, para ele, tem uma dimensão até física, ele vê o som das coisas. Coisas como o som da roda do carro de boi, que vira uma nota e a nota vira uma música. O avô dele era ferreiro, então a gente foi atrás do som do ferro. No Nordeste ainda tem esses lugares de fazer ferro, muito rústicos. E a feira livre de boi, o som do ferro, o som da água, o som do pássaro, os sons da música do Nordeste, do triângulo, que é feito do ferro, a gente foi buscar a sonoridade da infância do Hermeto, que está nas músicas dele com toda a complexidade que ele traz. 

Porque não uma biografia?

Tem filmes mais biográficos da vida do Hermeto, já feitos. A biografia, hoje em dia, tem muitos caminhos. A opção foi entender mais o que está antes da biografia. O que é a ideia da música e do mundo. Ele conta alguns causos no filme, mas meio en ant. O mais interessante é esse pensamento dele sobre o mundo, o cosmos, a música, sobre deus. Foi um processo, mas desde o começo a biografia não interessava tanto ao Lírio, nem a mim. Como documentarista e musicista, me interessava mais entender o processo desses elementos que compõem a música dele. O filme é uma viagem imagética e uma viagem sonora, um mergulho em possibilidades mais sensoriais, porque Hermeto é muito sensorial nas coisas que pensa e nas coisas que  faz. 

Entrevista // Lírio Ferreira

Como surgiu a ideia de fazer um filme mais sensorial?

É muito bacana quando você faz um filme sobre uma pessoa tão grande quanto o Hermeto, um gênio, é muito importante e agradável jogar um olhar. Porque é muito confortável pegar uma figura dessas e catar coisas e ir montando, fazer uma biografia convencional, dificilmente você erra, porque é fadado ao sucesso. Mas o risco e a dúvida é que são o barato. Jogar um olhar em cima dessa montanha, isso que a gente tentou fazer. O filme é sobre um olhar singular sobre uma pessoa incrível, fantástica, genial. 

E qual o resultado desse caminho?

É um filme hermético, caótico, lírico. Carolínico. A gente partiu para essa viagem sensorial, visual e sobretudo sonora. Isso norteou a gente desde o início. As escolhas de ir para o sertão de Alagoas e tentar imaginar de onde vinha aquela sensibilidade toda, a escolha da montagem com Cao Guimarães, a trilha com o Grivo. 

Qual o maior desafio de fazer um filme sobre uma figura como Hermeto Pascoal, tão cheio de camadas e de possibilidades poéticas?

O maior desafio é o Hermeto, é tentar decifrar esse enigma, no bom sentido. Essa montanha. É uma figura gigantesca e tentamos achar um caminho que não fosse mais óbvio. O Hermeto é um cara experimental, sensorial e tentamos nos aproximar dessa atmosfera. Isso foi o mais difícil. É muito mais cômodo e confortável fazer uma cinebiografia em cima de imagens de arquivo, sons, músicas e fica lindo, porque Hermeto é um gênio esplendoroso, espetacular. Sair da zona de conforto e procurar esse caminho foi o grande desafio.

Melhor momento 4n232u

O Correio Braziliense concede, todos os anos, o Prêmio Saruê para o melhor momento do Festival de Brasília. A escultura da premiação é concebida pelo artista Francisco Galeno, que este ano desenhou e esculpiu o troféu inspirado em uma lamparina, objeto constante em suas pinturas e obras. "Lamparina, lâmpada, lampejo.Carregada de histórias que não pertencem só a mim. Chama cigana que, por muito tempo, vem clareando a minha história. Muito antes da TV, e cheia de ideias, imaginação, criatividade e perdição. Luz de alma cigana. A lamparina para mim é a unidade, a procura da carne sem osso, pão de massa fina, água filtrada e conhecimento de uma vida cheia de luz, alegria e prazer. Felicidade", explica o artista. O nome do prêmio é uma dupla homenagem na qual entram Vladimir Carvalho, diretor de O país de São Saruê, e o próprio Cerrado, que  tem no pequeno marsupial um de seus animais símbolo.

 


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