ESTADOS UNIDOS

Trump reduzirá orçamento da Nasa e mais de 40 missões espaciais serão canceladas

Se aprovados pelo Congresso dos EUA, cortes de pelo menos US$ 36 bilhões de instituições científicas eliminariam projetos futuros e inviabilizariam tecnologias e missões em andamento 

Se a proposta orçamentária de Trump for aprovada pelo Congresso, a Nasa perde 25% do orçamento -  (crédito: - Divulgação NASA)
Se a proposta orçamentária de Trump for aprovada pelo Congresso, a Nasa perde 25% do orçamento - (crédito: - Divulgação NASA)

A proposta orçamentária do governo Trump para a istração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa, na sigla em inglês) em 2026 chamou a atenção da comunidade científica devido a reduções financeiras significativas e encerramento de diversos programas de exploração espacial conduzidos pelo país. A istração pretende cortar 25% do orçamento da agência, o que resultará no cancelamento de mais de 40 missões espaciais consideradas de “menor prioridade”.  

Os cortes, que precisam ser aprovados pelo Congresso dos EUA, visam eliminar projetos futuros importantes e inviabilizar alguns que se encontram em órbita ou a caminho dos alvos que pretendem alcançar. O orçamento para ciência também será reduzido em 47%, o que sufocaria não apenas a agência principal, mas tiraria outras instituições — como a Fundação Nacional de Ciências (NSF), a istração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) — da competição internacional 

Contraditoriamente, o governo diz, na proposta, estar comprometido em “fortalecer a liderança dos Estados Unidos na exploração espacial”. O objetivo seria focar, a partir da redução de custos, em projetos de “prioridades mais elevadas”.  

Entre os cortes e descontinuidades, estão incluídos programas de exploração como o Moon to Mars, o Gateway e o Exploration Ground Systems (EGS). A maior parte deles, se não for completamente zerada a partir de 2026, será reduzida em cerca de US$ 200 milhões (mais de R$ 1,1 bilhão) cada. Além disso, instrumentos como a espaçonave Orion e o sistema Space Launch (SLS) seriam desligados, a fim de dar espaço a veículos da SpaceX, por exemplo. 

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As missões para Vênus — DAVINCI, VERITAS e EnVision, da Agência Especial Europeia , o programa de Retorno de Amostras de Marte (MSR) — que traz elementos do planeta vermelho para análise detalhada na Terra — e os Sistemas de Exploração Avançada (AES) — que incluem capacidades e trajes que permitem mobilidade humana em superfícies — seriam encerrados. Outros estudos relacionados a exploração humana, ciência da Terra, ciência planetária, astrofísica, heliofísica — aquela relativa ao Sol —, aeronáutica e observação de planetas para além da Via Láctea também estão marcados para serem cancelados.

Nesse âmbito, serão encerrados, além de missões, observatórios, tecnologias e financiamento para pesquisas. Deixar de observar e estudar esses sistemas e astros significa perder dados que auxiliam na proteção da Terra e da própria civilização do planeta. Além disso, imagens de Vênus, por exemplo, que vêm de sondas soviéticas, continuariam fora da investigação americana se o orçamento for aprovado.  

Nas redes sociais, uma astrofísica publicou uma imagem que ilustra a situação do Sistema Solar no caso de aprovação da proposta. “Os ‘X’s vermelhos serão totalmente desfinanciados, os ‘X’s verdes perderão todo o financiamento da Nasa, mas terão outras fontes, e o ponto de exclamação significa cortes de mais de 50%”, explica. 

Following the inspiration of @ohdearz.bsky.social @theplanetaryguy.bsky.social @jtuttlekeane.bsky.social here’s the NASA fleet with the proposed budget cuts. Red X’s will be fully defunded, green X’s will lose all NASA funding but have other funding sources, and exclamation point means >50% cuts

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— Skylar Grayson (@skylargrayson.bsky.social) 31 de maio de 2025 às 20:29

A ideia do governo seria investir, em vez de em missões “menos prioritárias”, em serviços comerciais de transporte de tripulação para a Lua. Será permitido, inclusive, reutilizar elementos de programas seriam descontinuados, como o Lunar Gateway — estação espacial que deveria orbitar o satélite terrestre.  

O projeto HERMES será reformulado também com o objetivo de estabelecer futura missão comercial a Marte. Ex-integrante do governo Trump, o bilionário Elon Musk, dono da Space X, já havia adiantado que humanos em breve chegariam ao planeta vermelho. Apesar disso, a missão MAVEN, que recentemente descobriu auroras parecidas com as da Terra em Marte, e a Mars Odyssey, seriam encerradas. 

Missões e tecnologias consideradas de “alto impacto” seguem financiadas sem cortes. Entre elas, os telescópios espaciais James Webb, Hubble e Roman, a missão Dragonfly — para a lua Titã de Saturno —, a NEO Surveyor — que detecta asteroides perigosos próximos à Terra — e a Estação Espacial Internacional (ISS). 

Se o orçamento for aprovado, seriam cortados pelo menos US$ 36 bilhões (mais de R$ 204 bilhões, na cotação atual) de instituições científicas. Como pesquisas mostram que a cada US$ 1 de investimento em inovação nos Estados Unidos há retorno de US$ 5, calcula-se, com os cortes, uma perda de mais de US$ 180 bilhões em retorno. 

postado em 03/06/2025 17:15
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