Velório

Francisco Galeno é velado em clima de emoção e homenagens nesta quinta

Amigos, familiares e iradores se despedem do artista, reconhecido por seu legado na arte popular brasileira

Galeno deixou sua marca na Igrejinha da 308 Sul, onde pintou uma obra em homenagem à Virgem Maria, com uma pipa no lugar das mãos. -  (crédito: Davi Cruz)
Galeno deixou sua marca na Igrejinha da 308 Sul, onde pintou uma obra em homenagem à Virgem Maria, com uma pipa no lugar das mãos. - (crédito: Davi Cruz)

O corpo do artista plástico Francisco Galeno é velado nesta quinta-feira (5/6) em um clima de profunda emoção e celebração à sua vida e obra. O velório ocorre na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 308 Sul, onde o artista deixou uma de suas mais emblemáticas marcas, e segue para o sepultamento às 15h, na Ala dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança.

Galeno foi encontrado morto na última segunda-feira (2/6), ao lado da cama do ateliê onde vivia e trabalhava, em Parnaíba (PI), aos 68 anos. A despedida reuniu familiares, amigos, figuras da cultura e da política local, além de iradores da sua obra.

Durante o velório, o poeta Nicolas Behr destacou o que Galeno era um artista único. “O Galeno foi o grande artista porque ele não matou a sua criança interior. Essa criança era o maior aliado dele, seu maior amigo. Foi ela que deu a ele a espontaneidade, a criatividade, o lúdico. Ele trouxe pra arte esse universo infantil que ele carregou, que nunca renegou. Galeno e sua criança eram a mesma coisa e isso fazia dele o grande artista que foi”, afirmou ao Correio.

O poeta relembrou ainda a convivência entre os dois desde os tempos do movimento Cabeças, em Brasília. “Estávamos sempre em contato. Tenho obras dele em casa. Era um cara da nossa geração, dessa moçada que fazia Brasília acontecer”, relembrou o Behr.

O ex-governador José Roberto Arruda, que também esteve no velório, destacou que Galeno era conhecido pelo talento e simplicidade, e é como se lembrará dele. “Conheci o Galeno lá em Brazlândia, há muitos anos. Tenho algumas telas dele em casa. Era uma figura humana maravilhosa, um verdadeiro craque. Ao mesmo tempo que era um grande artista, era uma pessoa muito simples. Vai deixar saudades”, declarou.

Legado

Nascido no Piauí, Galeno chegou ao Distrito Federal aos 8 anos de idade e ou boa parte da juventude em Brazlândia. Carregava, em sua arte, o elo entre suas origens nordestinas e a identidade cultural de Brasília. Suas formas lúdicas, esculturas coloridas e estética popular o consagraram como um dos principais nomes da arte brasileira contemporânea.

Galeno deixou sua marca na Igrejinha da 308 Sul, onde pintou uma obra em homenagem à Virgem Maria, com uma pipa no lugar das mãos, referência ao trabalho do modernista Alfredo Volpi, que havia pintado originalmente o interior da igreja, apagado posteriormente por reação conservadora. Desde 2009, os azulejos de Athos Bulcão dividem espaço com a obra do piauiense no espaço sagrado.

A trajetória do artista também ganhou projeção internacional. Em 2012, a então presidente Dilma Rousseff presenteou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com uma obra de Galeno, gesto que simbolizou o reconhecimento global de sua arte.

  • O corpo do artista plástico Francisco Galeno é velado nesta quinta-feira (5/6) em um clima de profunda emoção e celebração à sua vida e obra, na Igrejinha.
    O corpo do artista plástico Francisco Galeno é velado nesta quinta-feira (5/6) em um clima de profunda emoção e celebração à sua vida e obra, na Igrejinha. Foto: Davi Cruz
  • "O Galeno foi o grande artista porque ele não matou a sua criança interior. Essa criança era o maior aliado dele, seu maior amigo", diz o poeta Nicolas Behr. Foto: Davi Cruz
DC
postado em 05/06/2025 14:06
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