
Por Marcelo Thompson Flores*
O Distrito Federal registrou, nesta quarta-feira (28/5), o dia mais frio do ano até agora. Na estação de Águas Emendadas, em Planaltina, os termômetros marcaram 11,4°C. A temperatura mais baixa registrada na capital, de 1962 até hoje, foi de 1,4°C, no Gama, em 19 de maio de 2022, por conta de um a massa de ar frio que atravessou o Centro-Oeste. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a queda na sensação térmica é natural nesta época do ano no DF. Com a chegada do inverno, em junho, a temperatura e a umidade vão cair ainda mais nos próximos meses.
De acordo com o meteorologista do Inmet Olívio Bahia, o frio se intensificará dia após dia, caracterizando a transição para o período seco e frio na região. Apesar disso, o especialista explicou que a massa de ar frio que está no sul do Brasil não deve avançar até o DF. "Ela chega ao sul de Goiás, mas não atinge o Distrito Federal. Aqui, o frio vem se estabelecendo gradualmente nos últimos dias, sem influência direta dessa frente fria mais intensa", comentou.
Bahia destacou que as chuvas são pouco prováveis nesta estação. "A gente começa a se estabelecer nesse padrão de tempo seco e frio. Se chover, será de forma muito localizada, sem alterar o cenário atual", afirmou. Sobre o impacto da estiagem, o meteorologista lembrou que o tempo seco favorece a ocorrência de incêndios e de outros problemas ambientais.
"Nesta época do ano, o fogo se prolifera mais facilmente devido à falta de chuvas. O volume de precipitações é extremamente baixo e a vegetação vai naturalmente secando, o que aumenta a chance de incêndios. Não é recomendado limpar terrenos com o uso de fogo ou de outras práticas que podem comprometer o meio ambiente", assinalou.
Saúde
O infectologista André Bon, do Hospital Brasília, destacou os problemas de saúde mais comuns nesta época do ano. "As doenças respiratórias são sazonais. No período mais frio, devido à maior aglomeração em espaços fechados, há um aumento no risco desse tipo de infecção", alertou.
Bon apontou outras doenças frequentes nesta mudança de estação "O vírus sincicial respiratório (VSR), especialmente relacionado à bronquilite em bebês e crianças; a influenza, causadora da gripe; e o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, podem causar diferentes espectros de doença, desde formas leves até quadros respiratórios mais graves", enumerou.
O especialista deu algumas dicas para a população se proteger. "Medidas de higiene respiratória, como usar máscaras, higienizar as mãos e evitar locais de aglomeração ajudam na prevenção. Pacientes com sintomas respiratórios devem realizar a testagem para receberem o tratamento de acordo com o patógeno identificado, mas todos devem usar máscaras e higienizar as mãos. Isso evita a transmissão, independentemente do patógeno isolado", explicou Bon.
Impacto
A combinação das baixas de temperatura e de umidade tem preocupado os moradores da o DF, principalmente no início da manhã, quando o frio é maior do que no restante do dia. Maria de Jesus, 47 anos, contou que tem sido afetada pela baixa umidade. "Tenho sinusite e, quando a umidade está baixa, acabo sofrendo um pouco", comentou, comparando o clima do DF ao de sua cidade natal, Fortaleza (CE). "Moro aqui há 14 anos e aqui é bem mais frio e seco do que lá."
Thiago Henrique Fernandes, 25, disse que tem sentido muito frio nos últimos dias. "De duas semanas para cá, a temperatura caiu bastante. Tenho saído de casa todos os dias com casaco. Várias pessoas que conheço ficaram gripadas. Por sorte, não fiquei", relatou.
Neste fim de semana, de acordo com o Inmet, os termômetros devem variar entre 14°C e 27°C. A umidade relativa do ar ficará entre 95% e 40%, sem previsão de chuvas que, caso ocorram, serão localizadas e bem curtas.
*Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho