Crime

"É um trauma que vai ficar para sempre", diz vítima de gravações no banheiro

A mulher, que preferiu não se identificar, relata que frequentava os mesmos ambientes que Pablo Santiago. Além disso, ela espera que haja o devido processo legal e que a justiça seja feita

As mulheres eram gravadas, sem consêntimento, em banheiros públicos e privados -  (crédito: Caio Gomez)
As mulheres eram gravadas, sem consêntimento, em banheiros públicos e privados - (crédito: Caio Gomez)

“É um trauma que vai ficar para sempre. Reativa violências antigas, que eu tenho certeza que essas mulheres também aram, assim como eu”, contou ao Correio uma das vítimas de Pablo Santiago, de 39 anos, investigado por gravar e armazenar vídeos de mulheres em banheiros públicos do DF.

Ela, que não quis se identificar, comenta que frequentava os mesmos ambientes que Pablo e que descobriu ser uma vítima por meio de outra mulher, que também foi gravada pelo suspeito. “Não cheguei a ver o vídeo, mas foi confirmado que tem conteúdo usando a minha imagem”, relatou. “Não sei como ele fez as imagens, mas, aparentemente, ele usava celulares e também imagino que tinha outras câmeras mais sofisticadas, porque não é tão difícil ver uma câmera em um lugar como um banheiro”, completou a mulher.

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A mulher conta que, com a notícia do mandado de busca e apreensão realizado na casa de Pablo, na última terça (13/5), ou a imaginar como as outras mulheres que imaginam ser vítimas do homem, que atuava na organização de diversos eventos na capital, estão se sentindo. “Vendo a quantidade de possíveis vítimas eu comecei a imaginar todas elas sentindo o que eu senti há um mês atrás, quando descobri tudo. É bastante desesperador sentir que nosso corpo não é nosso”, lamentou.

A brasiliense espera, agora, que Pablo seja devidamente julgado e penalizado. “O que eu quero das autoridades, da polícia, é que seja feito todo o devido processo legal, mas que a gente consiga ver justiça de alguma forma”, explica. “A nossa sociedade é muito misógina e a minha esperança é de ver alguma mudança”, completa.

Entenda o caso 

Pablo foi alvo de uma operação de busca e apreensão em sua residência, na última terça-feira (13/5), realizada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Segundo a advogada que representa duas vítimas do servidor, as denúncias à polícia foram feitas há um mês, quando uma pessoa próxima de Pablo encontrou milhares de arquivos em seu computador contendo gravações de mulheres em banheiros públicos e privados do Distrito Federal.

Em sua conta no Instagram, agora desativada, o homem se denominava “agitador cultural” de Brasília. O Correio apurou que ele estava envolvido na organização de diversos eventos na capital, inclusive de blocos de carnaval.

 

postado em 15/05/2025 18:36
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