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"Proximidade define Francisco", afirma reitor do Seminário Maior de Brasília

Em entrevista, o padre Carlos Costa, reitor do Seminário Maior de Brasília, enaltece a postura empática e inclusiva com os fiéis adotada por Francisco, Além disso, comenta sobre as expectativas pela escolha de um novo líder da fé católica

 23/04/2025 Bruna Gaston CB/DA Press. CB Poder. Padre Carlos Costa, reitor do Seminário Maior de Brasília, é o entrevistado do CB.Poder de hoje.

Na bancada: Adriana Bernardes e Sibele Negromonte
       -  (crédito:  Bruna Gaston CB/DA Press)
23/04/2025 Bruna Gaston CB/DA Press. CB Poder. Padre Carlos Costa, reitor do Seminário Maior de Brasília, é o entrevistado do CB.Poder de hoje. Na bancada: Adriana Bernardes e Sibele Negromonte - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

A formação dos sacerdotes e o legado do papa Francisco para os novos padres foram temas do CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília. Às jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, o padre Carlos Costa, reitor do Seminário Maior de Brasília, também comenta sobre a escolha do novo pontífice.

Como o papa Francisco influenciou na formação de novos padres pelo mundo?

Principalmente com a sua postura de proximidade e pela sua busca pelas pessoas, não somente nos discursos, mas também na sua postura adotada. O papa Francisco era muito empático e tinha uma capacidade impressionante de atrair as pessoas. Com certeza, isso impactava muitos jovens que estavam buscando uma resposta, e ou a ser um sinal de Deus para muitos jovens.

A participação do papa na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro também despertou a vocação religiosa nos jovens?

Na Jornada Mundial da Juventude, com certeza, houve muitos despertares vocacionais. Acho que não somente para os sacerdotes, mas também para algumas missões juvenis, e para outros tipos de apostolados, como comunidades de vida, apostolados de formação, busca da santidade em relacionamentos de namoro. De fato, ele causava um grande impacto nas pessoas. Os seminários têm recebido muitos jovens para discernimento vocacional.

O senhor acha que a postura inclusiva do papa Francisco é irreversível?

Sim. Imagina como a instituição e os representantes da Igreja começam a ter uma postura diferente, vai  gerar uma uma perda, na verdade. Porque o secularismo já afasta tanta gente. Imagina se nós tivéssemos responsabilidade no afastamento dos nossos fieis. Trazer pessoas que precisam de inclusão não é nada fácil, é preciso ter muita coragem. Ele não só falou, mas foi um grande exemplo. Por isso, temos que trabalhar em maneiras práticas de conversar com as pessoas, criar serviços apostolados e formas de incluir as pessoas da nossa comunidade. Nós não podemos tomar uma postura elitista depois de um papa que foi tão inclusivo e acolhedor. Eu acho que foi o primeiro papa que abriu as portas da Igreja para a diversidade de gênero.

Oitenta por cento dos cardeais que vão participar da votação do conclave foram nomeados pelo papa Francisco. Isso significa que haverá um pensamento de seguir a mesma linha dele?

É provável, com certeza. Como todos eles são homens que conhecem profundamente a Igreja, não é só uma questão de escolher um perfil de um jeito ou de outro, mas representa uma responsabilidade muito importante em ser instrumento de Deus, para votar em alguém que será o pastor das almas das pessoas, que irá transmitir uma mensagem de paz para o mundo e lidar com nações e com os governantes. É claro que irá também, com certeza, fazer presente o que o papa Francisco deixou: a sua grande preocupação com os mais simples. 

O senhor também comentou sobre uma reforma realizada pelo papa para a formação dos sacerdotes. Quais foram as mudanças feitas?

A principal mudança foi o enfoque na preparação mais humana dos candidatos. É muito importante preparar os futuros sacerdotes para seres pastores, para terem misericórdia das pessoas e saírem de seus confortos, e irem atrás das "ovelhas". Eu acho que proximidade é a palavra-chave que define o papa Francisco. 

Como é a formação de um padre?

Ela começa efetivamente a partir de um ano preparatório chamado propedêutico, para depois começar os estudos em nível superior dos cursos de filosofia e teologia, mas que também são duas etapas chamadas discipulado e configuração. O grande objetivo é fazer esse rapaz discípulo de Cristo, porque ele vai falar disso para as pessoas, ensinar as pessoas a seguir Jesus. Depois de três anos de discipulado, ele vai para o período de configuração, onde colocamos muitas conversas com observação e convivência, onde vamos trabalhar a mentalidade e o coração do rapaz para se configurar a Cristo. Temos um processo chamado acompanhamento vocacional que acontece em reuniões mensais durante um ano na Arquidiocese de Brasília e aplicamos algumas palestras e conversas com esses rapazes.

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti 

 

 

postado em 24/04/2025 01:00
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