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"Em muitos casos, o dinheiro é contado nos detalhes para os gastos mensais, fazendo com que os trabalhadores precisem cortar custos não essenciais, como atividades de lazer e autocuidado, para priorizar saúde, alimentação, transporte para o trabalho e afins. Esses cortes podem acontecer para não faltar dinheiro no fim do mês", explica.</p> <p class="texto">Para o vigilante Myykon Rodrigues, 25, o alto valor das agens dificultou, por muito tempo, a conquista de um emprego no Plano Piloto, onde normalmente os salários são melhores. No momento, ele, que é morador do Jardim Ingá, trabalha em um condomínio da Asa Sul durante as madrugadas. "Saio de casa às 17h e chego na Rodoviária às 19h. Depois, pego o circular. Além da má qualidade dos ônibus, ficamos (a população) com medo de ar muito tempo nas paradas, sempre escuras e perigosas", relata. </p> <h3>Descaso</h3> <p class="texto">Rosimar Maria Romão, 58, mora em Valparaíso e trabalha no setor de hotelaria em um hospital particular na Asa Sul. Além da tarifa cara — R$ 8,85 —, a ageira reclama do mau estado dos coletivos. "São ônibus muito empoeirados, com assento desconfortável e sujeira. Vi até baratas em alguns deles. Isso sem contar os profissionais mal-humorados", descreve.</p> <p class="texto">Devido às paradas cheias e ao congestionamento, o trajeto que deveria durar cerca de 40 minutos se multiplica. "Durante a semana, se eu perco o ônibus das 9h, o próximo a quase duas horas depois. Aos finais se semana, a situação piora com a redução das linhas", ressalta.  </p> <ul> <li><strong>Leia também:</strong> <a href="/cidades-df/2025/02/7066519-antt-apoia-parceria-do-df-com-o-goias-para-impedir-aumento-das-agens.html" target="_blank">ANTT apoia parceria do DF com o Goiás para impedir aumento das agens</a></li> </ul> <p class="texto">O porteiro João Antônio da Silva, 62, faz um trajeto parecido há 15 anos. Morador do Jardim Céu Azul, também em Valparaíso, ele trabalha de madrugada em um prédio residencial na Asa Norte, de três a quatro vezes por semana. O sofrimento também é semelhante ao de Rosimar. "Além de sujos, os ônibus não têm amortecedores, então, se amos em um quebra-molas muito grande, levamos uma pancada. Mas tudo isso não é novidade", lamenta. </p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/24022025ea_22-47112731.jpg" width="2976" height="1923" layout="responsive" alt="Myykon Rodrigues mora no Jardim Ingá e revelou ter tido dificuldades para conseguir um emprego por morar no Entorno"></amp-img> <figcaption> Ed Alves CB/DA Press - <b>Myykon Rodrigues mora no Jardim Ingá e revelou ter tido dificuldades para conseguir um emprego por morar no Entorno</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Quem se aproveita da situação de descaso são os motoristas de transportes clandestinos que, na fila dos ônibus de Planaltina de Goiás, oferecem viagens de carro a R$ 12, quase R$ 1 a mais que a tarifa para o município. O anúncio para fazer a viagem sentado num carro é uma das tentações. 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Isso significa que 100% do custo da operação é arcado exclusivamente pelo ageiro, o que torna as tarifas elevadas e dificulta a realização de investimentos na renovação da frota e na melhoria da infraestrutura dos serviços", declara.</p> <p class="texto">Outros desafios destacados pela Anatrip incluem o preço do combustível, que representa 40% do custo operacional das empresas; as despesas com a manutenção da frota, que enfrentam trânsito intenso e por longas distâncias; o custo da mão de obra; os seguros e taxas; e a "concorrência desleal com o transporte clandestino".</p> <h3>Gestão integrada</h3> <p class="texto">Conforme divulgado em 20 de fevereiro, a criação de um convênio interfederativo, por parte do GDF, com os governos federal e de Goiás visa reduzir o preço médio das agens de ônibus do Entorno. Para que o preço final das agens não atinja os usuários do transporte público, os governos vão pagar um subsídio. A estimativa é que o valor a ser pago seja de R$ 67 milhões por ano, tanto para o DF quanto para Goiás. O governo federal não arcará com esses custos. Espera-se que, com esse aporte, as tarifas tenham um preço médio de R$ 8.</p> <p class="texto">Segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), a criação de um consórcio interfederativo depende da aprovação, nas casas legislativas do DF e de Goiás, de leis que autorizem a participação das respectivas unidades da Federação no referido consórcio. Mesmo após a constituição do convênio, será necessário obter a delegação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para gerir os contratos em vigor do transporte semiurbano. Somente a partir disso que DF e Goiás poderão destinar os subsídios anunciados para reduzir os valores das tarifas de ônibus do Entorno.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/24022025ea_31-47114327.jpg" width="3648" height="1924" layout="responsive" alt="Tarifas altas, má qualidade e superlotação são reclamações constantes dos usuários do transporte que conecta o Entorno ao DF"></amp-img> <figcaption> Ed Alves CB/DA Press - <b>Tarifas altas, má qualidade e superlotação são reclamações constantes dos usuários do transporte que conecta o Entorno ao DF</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">"A população do Entorno espera muito por essas mudanças no transporte semiurbano, que tem agens caras e opera por meio de contratos precários com uma frota acima da idade recomendada, que deixa muito a desejar. Esses ageiros que se deslocam diariamente, sobretudo para trabalhar no DF, almejam um sistema de transporte semelhante ao de Brasília", ressalta o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves. </p> <p class="texto">O objetivo desta integração é, segundo a secretária do Entorno do DF de Goiás, Caroline Fleury, redesenhar as linhas do Entorno para o DF, aumentando a quantidade de ônibus em horários de pico e barateando as tarifas. "Na criação do consórcio, ficou definido é que o governo federal ficará com a parte de infraestrutura, visto que precisamos da renovação das frotas para ter ônibus realmente de qualidade. Sabemos que os coletivos que andam no Entorno são ônibus velhos e põem em risco a segurança da população", afirma a secretária. Caroline destaca que, até o momento, a responsabilidade do transporte Entorno-DF é exclusiva da ANTT. "Com a gestão compartilhada, faremos os avanços necessários para trazer melhorias e, consequentemente, os usuários do transporte terão uma melhor qualidade de vida", diz. Até o fechamento desta reportagem, a ANTT não se manifestou. </p> <h3>Medida necessária, mas é preciso mais</h3> <p class="texto">Por Paulo César Marques, professor da área de transporte na Universidade de Brasília (UnB)</p> <p class="texto"><em>O convênio (para evitar o aumento das agens) é importante, mas está longe de ser suficiente. O foco do convênio é o compartilhamento — entre o GDF, o governo de Goiás e o governo federal — da responsabilidade pelo subsídio para evitar o aumento das tarifas pagas pelos usuários. Sem dúvida, trata-se de uma medida necessária. 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Um órgão com essas atribuições e uma governança local teria muito mais condições não só de ratear custos, mas também de prover um serviço muito mais adequado à realidade da população e da própria economia da Área Metropolitana em torno do DF.</em></p> <p class="texto"> Colaborou Carlos Silva</p> <p class="texto"> <div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/cidades-df/2025/02/7069679-acusado-de-tentativa-de-homicidio-e-preso-veja-video.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/whatsapp_image_2025_02_24_at_22_08_57-47132610.jpeg" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Cidades DF</strong> <span>Acusado de tentativa de homicídio no Sol Nascente é preso; veja vídeo </span> </div> </a> </li> <li> <a href="/cidades-df/2025/02/7069662-policiais-penais-do-df-pedem-inclusao-em-reajuste-salarial.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/12/05/policia_penal_df-32916481.jpeg?20250224215019" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Cidades DF</strong> <span>Policiais penais do DF pedem inclusão em reajuste salarial</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/cidades-df/2025/02/7069642-corpo-de-gravida-morta-em-igreja-e-liberado-vitima-sera-enterrada-no-piaui.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/22/whatsapp_image_2025_02_22_at_22_13_32-47019157.jpeg?20250225002024" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Cidades DF</strong> <span>Corpo de grávida morta em igreja é liberado; vítima será enterrada no Piauií</span> </div> </a> </li> </ul> </div><br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/1200x801/1_24022025ea_17-47112177.jpg?20250224171119?20250224171119", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/1000x1000/1_24022025ea_17-47112177.jpg?20250224171119?20250224171119", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/02/24/800x600/1_24022025ea_17-47112177.jpg?20250224171119?20250224171119" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Letícia Mouhamad", "url": "/autor?termo=leticia-mouhamad" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 5t4i6y

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MOBILIDADE URBANA

ageiros reclamam de tarifa alta e ônibus sem qualidade no Entorno 1t6x4v

Superlotação, agens caras e demora são reclamações constantes dos usuários do transporte que conecta o DF a regiões vizinhas. Especialista cobra medidas estruturantes e uma gestão moderna que favoreça o ageiro 3h6u2s

Lídia Faustino, 25 anos, estava há 40 minutos na fila para embarcar no ônibus rumo a Luziânia. Depois de 48 horas de trabalho como enfermeira no Lago Sul, ela só queria voltar para casa sentada num ônibus bem conservado e seguro. Mas isso dificilmente acontece. Sua rotina é dura. Acorda às 4h30, pega o ônibus às 5h30 e chega ao serviço às 8h. Nesse horário, embarcar sentada é impossível. "O ônibus sempre chega lotado na parada, enfrento a viagem toda em pé", lamenta. Assim como Lídia, cerca de 175 mil ageiros utilizam as mais de 400 linhas que conectam o Entorno ao Distrito Federal.

Ed Alves CB/DA Press - O porteiro João Antônio da Silva faz o trajeto do Céu Azul à Asa Norte há 15 anos e reclama da demora dos ônibus

Entre as queixas mais comuns, está o alto valor das tarifas que, na última semana, ficariam ainda mais cara, por determinação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 18 de fevereiro. O aumento sobre as agens seria de 2,91%. No caso de Luziânia, as tarifas ariam de R$ 10,70 a R$ 12,05. Dois dias depois, o governador Ibaneis Rocha (MDB) anunciou a criação de um convênio interfederativo com os governos federal e de Goiás tentar reduzir o preço médio das agens de ônibus do Entorno.

E, no último sábado, o Ministério dos Transportes comunicou à Secretaria de Estado do Entorno do DF (SEDF) a suspensão do reajuste, adiado por, pelo menos, seis meses, após pedidos encaminhados pelos executivos de Goiás e do DF. Para Lídia, a suspensão do aumento das tarifas é um alívio, porém a expectativa para a melhora na prestação do serviço permanece. 

Quebras constantes h2h

"Semana ada, o ônibus quebrou e acabei chegando atrasada no trabalho. Isso porque, somente de ida, pago R$ 15,80, somando a agem de Luziânia a Brasília e o circular até o Lago Sul. É um desrespeito", destaca Lídia. Por mês, os valores totalizam R$ 252,80. "Com esse dinheiro, eu poderia fazer uma poupança de emergência para as minhas filhas, porque nunca sabemos quando as crianças vão ficar doentes ou não", diz a enfermeira, que é mãe de duas meninas, de 5 e 7 anos. 

Segundo o economista Ian Lopes, a despesa com as agens afeta fortemente o orçamento das famílias que vivem no Entorno. "Em muitos casos, o dinheiro é contado nos detalhes para os gastos mensais, fazendo com que os trabalhadores precisem cortar custos não essenciais, como atividades de lazer e autocuidado, para priorizar saúde, alimentação, transporte para o trabalho e afins. Esses cortes podem acontecer para não faltar dinheiro no fim do mês", explica.

Para o vigilante Myykon Rodrigues, 25, o alto valor das agens dificultou, por muito tempo, a conquista de um emprego no Plano Piloto, onde normalmente os salários são melhores. No momento, ele, que é morador do Jardim Ingá, trabalha em um condomínio da Asa Sul durante as madrugadas. "Saio de casa às 17h e chego na Rodoviária às 19h. Depois, pego o circular. Além da má qualidade dos ônibus, ficamos (a população) com medo de ar muito tempo nas paradas, sempre escuras e perigosas", relata. 

Descaso 3y7051

Rosimar Maria Romão, 58, mora em Valparaíso e trabalha no setor de hotelaria em um hospital particular na Asa Sul. Além da tarifa cara — R$ 8,85 —, a ageira reclama do mau estado dos coletivos. "São ônibus muito empoeirados, com assento desconfortável e sujeira. Vi até baratas em alguns deles. Isso sem contar os profissionais mal-humorados", descreve.

Devido às paradas cheias e ao congestionamento, o trajeto que deveria durar cerca de 40 minutos se multiplica. "Durante a semana, se eu perco o ônibus das 9h, o próximo a quase duas horas depois. Aos finais se semana, a situação piora com a redução das linhas", ressalta.  

O porteiro João Antônio da Silva, 62, faz um trajeto parecido há 15 anos. Morador do Jardim Céu Azul, também em Valparaíso, ele trabalha de madrugada em um prédio residencial na Asa Norte, de três a quatro vezes por semana. O sofrimento também é semelhante ao de Rosimar. "Além de sujos, os ônibus não têm amortecedores, então, se amos em um quebra-molas muito grande, levamos uma pancada. Mas tudo isso não é novidade", lamenta. 

Ed Alves CB/DA Press - Myykon Rodrigues mora no Jardim Ingá e revelou ter tido dificuldades para conseguir um emprego por morar no Entorno

Quem se aproveita da situação de descaso são os motoristas de transportes clandestinos que, na fila dos ônibus de Planaltina de Goiás, oferecem viagens de carro a R$ 12, quase R$ 1 a mais que a tarifa para o município. O anúncio para fazer a viagem sentado num carro é uma das tentações. "É mais caro, mas consigo descansar e chego em casa mais rápido", diz uma usuária desse transporte que não quis se idenficiar. 

Falta de incentivos 6p1v4m

Questionada sobre as reclamações recorrentes acerca dos coletivos que conectam o Entorno ao DF, a Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de ageiro (Anatrip) destaca que os problemas são resultados da falta de incentivos governamentais e da ausência de políticas públicas de financiamento e subsídio ao setor.

Ed Alves CB/DA Press - Lídia Faustino trabalha como enfermeira no Lago Sul e acorda às 4h30 para chegar às 8h no serviço: "Uma viagem cansativa"

"Ao contrário do que ocorre no Distrito Federal, onde o governo subsidia aproximadamente 55% do valor da agem — garantindo que o ageiro pague menos da metade do custo real do serviço —, no Entorno não há qualquer subsídio governamental. Isso significa que 100% do custo da operação é arcado exclusivamente pelo ageiro, o que torna as tarifas elevadas e dificulta a realização de investimentos na renovação da frota e na melhoria da infraestrutura dos serviços", declara.

Outros desafios destacados pela Anatrip incluem o preço do combustível, que representa 40% do custo operacional das empresas; as despesas com a manutenção da frota, que enfrentam trânsito intenso e por longas distâncias; o custo da mão de obra; os seguros e taxas; e a "concorrência desleal com o transporte clandestino".

Gestão integrada 6k6g4e

Conforme divulgado em 20 de fevereiro, a criação de um convênio interfederativo, por parte do GDF, com os governos federal e de Goiás visa reduzir o preço médio das agens de ônibus do Entorno. Para que o preço final das agens não atinja os usuários do transporte público, os governos vão pagar um subsídio. A estimativa é que o valor a ser pago seja de R$ 67 milhões por ano, tanto para o DF quanto para Goiás. O governo federal não arcará com esses custos. Espera-se que, com esse aporte, as tarifas tenham um preço médio de R$ 8.

Segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), a criação de um consórcio interfederativo depende da aprovação, nas casas legislativas do DF e de Goiás, de leis que autorizem a participação das respectivas unidades da Federação no referido consórcio. Mesmo após a constituição do convênio, será necessário obter a delegação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para gerir os contratos em vigor do transporte semiurbano. Somente a partir disso que DF e Goiás poderão destinar os subsídios anunciados para reduzir os valores das tarifas de ônibus do Entorno.

Ed Alves CB/DA Press - Tarifas altas, má qualidade e superlotação são reclamações constantes dos usuários do transporte que conecta o Entorno ao DF

"A população do Entorno espera muito por essas mudanças no transporte semiurbano, que tem agens caras e opera por meio de contratos precários com uma frota acima da idade recomendada, que deixa muito a desejar. Esses ageiros que se deslocam diariamente, sobretudo para trabalhar no DF, almejam um sistema de transporte semelhante ao de Brasília", ressalta o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves. 

O objetivo desta integração é, segundo a secretária do Entorno do DF de Goiás, Caroline Fleury, redesenhar as linhas do Entorno para o DF, aumentando a quantidade de ônibus em horários de pico e barateando as tarifas. "Na criação do consórcio, ficou definido é que o governo federal ficará com a parte de infraestrutura, visto que precisamos da renovação das frotas para ter ônibus realmente de qualidade. Sabemos que os coletivos que andam no Entorno são ônibus velhos e põem em risco a segurança da população", afirma a secretária. Caroline destaca que, até o momento, a responsabilidade do transporte Entorno-DF é exclusiva da ANTT. "Com a gestão compartilhada, faremos os avanços necessários para trazer melhorias e, consequentemente, os usuários do transporte terão uma melhor qualidade de vida", diz. Até o fechamento desta reportagem, a ANTT não se manifestou. 

Medida necessária, mas é preciso mais 471k

Por Paulo César Marques, professor da área de transporte na Universidade de Brasília (UnB)

O convênio (para evitar o aumento das agens) é importante, mas está longe de ser suficiente. O foco do convênio é o compartilhamento — entre o GDF, o governo de Goiás e o governo federal — da responsabilidade pelo subsídio para evitar o aumento das tarifas pagas pelos usuários. Sem dúvida, trata-se de uma medida necessária. Mas o transporte na Área Metropolitana em torno de Brasília reclama há muito tempo uma medida mais estruturante.

Trata-se de uma região que envolve três unidades da Federação — as cidades do estado de Minas Gerais são menos dependentes do serviço, mas a contiguidade territorial recomendaria solução similar para atender, por exemplo, Unaí, Buritis etc. — e seus municípios, mas tem um serviço provido pela União, via ANTT, cuja vocação é o transporte entre grandes distâncias e entre o Brasil e nossos vizinhos no continente.

O que considero estruturante é muito mais do que um convênio pontual: seria a constituição de uma agência metropolitana de transporte de ageiros para planejar, gerir e operar (ou contratar sua operação) os serviços de transporte. Um órgão com essas atribuições e uma governança local teria muito mais condições não só de ratear custos, mas também de prover um serviço muito mais adequado à realidade da população e da própria economia da Área Metropolitana em torno do DF.

 Colaborou Carlos Silva

 


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