
* Texto por Beatriz Mascarenhas — Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado
O Distrito Federal e Águas Lindas (GO), município a 50km de Brasília, enfrentam o aumento de casos de dengue. Em entrevista ao CB. Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília —, de ontem, o secretário de Saúde do município goiano, Evandro dos Santos Soares falou sobre ações emergenciais de combate à doença que ocorrem hoje. Aos jornalistas Roberto Fonseca e Mila Ferreira, o secretário contou que, neste Dia D, os horários das unidades de Saúde da Família foram estendidos para até as 22h.
E como vai funcionar o Dia D, quantos órgãos participarão?
Todas as secretarias de governo estarão envolvidas. Lógico que tem aquelas que vão trabalhar mais, por exemplo, a de Obras e Infraestrutura que estará lá e vai entrar com seus caminhões, tratores e roçadeiras tirando entulhos, cortando mato e eliminando o mosquito. Ocorrerão várias ações ao mesmo tempo. A Secretaria de Saúde estará lá com os Agentes de Combate a Endemia (ACE) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que são os profissionais que lidam com isso no dia a dia, na casa das pessoas, e vão liderar essa ação. Os participantes da ação serão destinados a quatro bairros da cidade, que são os bairros mais infestados pelo mosquito.
Essa semana a Secretária de Saúde do Distrito Federal se reuniu com representantes da Secretaria de Saúde de Goiás. O senhor poderia falar sobre a importância dessa força tarefa entre os dois governos?
Essa parceria calha em boa hora porque vivemos próximos. Águas Lindas e o Distrito Federal são separados apenas por uma barragem. Parte da nossa população cruza as pontes e transitam de lá para cá. Tem gente daqui que trabalha lá, e vice-versa. Se am mal, vão no sistema de saúde daqui. As pessoas que vão daqui para lá também são atendidas no nosso sistema. Não tem como trabalharmos separados.
No DF tivemos uma média de 5 mil casos registrados em duas semanas. Como andam os números de casos em Águas Linda?
Nós tivemos quase 3.000 em duas semanas. É uma quantidade muito grande. Houve um aumento de 180% dos números de casos em relação ao ano ado. Estamos com a força tarefa para notificar, mas está tendo uma dificuldade porque a gente tinha na vigilância epidemiológica apenas três pessoas que faziam esse trabalho. Tivemos que acrescentar profissionais e máquinas para poder fazer as notificações, que chegam a todo momento.
Tem muita gente que está procurando a rede pública de Águas Lindas com sintomas de dengue, o senhor poderia falar sobre esses sintomas?
No momento que o vírus entra em contato com o organismo, ele leva de três a 15 dias com o período de incubação. E é nesse momento que aparecem os primeiros sintomas da doença. Começa com uma febre alta, a hipertermia (febre) bem acentuada na casa dos 39° até 40° graus, onde este paciente já precisa de intervenção medicamentosa, principalmente nas crianças. Depois, terá uma cefaleia, dor de cabeça intensa e geralmente frontal. Dor no fundo dos olhos, o que dificulta manter os olhos abertos porque a dor incomoda no fundo do globo ocular. Acompanhada de prostração, dores no corpo, que chamamos de mialgia, uma dor muscular geral, que obriga a pessoa a permanecer deitada na cama. Além disso, tem os sintomas tardios na fase aguda da doença, a partir do 3° ao 15° dia, onde o paciente pode apresentar distúrbios gastrointestinais com vômito persistente, náuseas e diarreias. Outra informação importante é sobre o exantema, que são pequenas manchinhas, bolinhas vermelhas que às vezes são confundidas com sarampo, e que aparecem na pele da pessoa, no rosto e no tronco.
A forma mais letal da doença é a dengue hemorrágica, qual a diferenciação e como identificá-la?
Praticamente todos os casos de dengue já têm uma baixa no número de plaquetas, que são o fator de coagulação do sangue. Na dengue hemorrágica essa queda é mais intensa, ela vai diminuir tanto as plaquetas, que o sangue, em linguagem comum, fica tão ralo/fino que ele ultraa o tecido do vaso e extravasa pro tecido comum.
Ocorre uma alteração na permeabilidade, ela vai aumentar, é como se as células que formam o vaso se distanciar uma da outra e aí começa a vazar o plasma, que é a parte líquida do sangue. Isso traz uma complicação sistêmica circulatória, à medida que diminui a quantidade de plaquetas e o caso se agrava. Basicamente a dengue hemorrágica leva a pessoa a óbito por choque hipovolêmico, ou seja, pela diminuição do volume sanguíneo.
O cidadão que estiver com sintomas, a quem ele recorre no sistema de saúde?
O nosso sistema de saúde em Águas Lindas é composto por um hospital, que é o municipal, o Hospital Bom Jesus, por uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) e pelas equipes de Saúde da Família, além de outros programas que a gente tem. A determinação do prefeito, que também é médico, é que fossem equipadas as nossas unidades de saúde da família. Separamos cinco das vinte disponíveis, com 36 equipes. Estendemos o horário de atendimento até as 22 horas, além de manter unidades funcionando no final de semana para testar. Nós adaptamos o nosso sistema.
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