Recentes observações do Observatório de Raios-X Chandra da NASA e de radiotelescópios trouxeram novas luzes sobre um fenômeno intrigante na nossa galáxia, a Via Láctea. No centro galáctico, foram identificadas estruturas massivas que, por vezes, são chamadas de “ossos”. Estas formações são associadas a braços espirais galácticos e estão intimamente ligadas à formação de estrelas de alta massa.
Essas estruturas, conhecidas como filamentos moleculares gigantes (GMFs), são as mais densas associadas aos braços espirais. Elas desempenham um papel crucial na formação estelar, sendo um elo entre os braços espirais galácticos e as atividades locais de formação de estrelas. Nos últimos anos, cerca de 20 dessas estruturas foram descobertas, destacando sua importância para a compreensão da dinâmica galáctica.
O que são os “ossos” da Via Láctea?
Os “ossos” da Via Láctea são filamentos densos que se estendem por vastas distâncias no espaço. Um exemplo notável é o “Galactic Center Snake”, um filamento que se estende por 230 anos-luz. Este filamento específico chamou a atenção dos cientistas devido à sua aparência “fraturada” em dois pontos distintos.
O “Galactic Center Snake” é um filamento de rádio no centro galáctico, caracterizado por duas curvaturas ao longo de sua extensão. Essas curvaturas são locais onde o filamento se desvia de uma estrutura linear magnetizada, perpendicular ao plano galáctico. A análise dessas fraturas pode fornecer informações valiosas sobre os processos dinâmicos que ocorrem na galáxia.

Qual é a causa das fraturas no “Galactic Center Snake”?
Ao investigar as fraturas no “Galactic Center Snake” utilizando dados de rádio e raios-X, os pesquisadores identificaram uma fonte de raios-X e rádio exatamente na localização da fratura. Acredita-se que a causa seja um pulsar, uma estrela de nêutrons altamente magnetizada, que colidiu com o filamento a uma velocidade relativa entre 1,6 e 3,2 milhões de quilômetros por hora.
Essa colisão provavelmente perturbou o campo magnético dentro do filamento, distorcendo o sinal de rádio. Além disso, a aceleração de elétrons e suas contrapartes de antimatéria, os pósitrons, a altas energias, é considerada uma fonte adicional desses sinais. A luminosidade de rádio e o espectro íngreme da fonte compacta são consistentes com a presença de um pulsar.
Observações futuras e implicações
Para confirmar essas descobertas, são necessárias observações adicionais do “Galactic Center Snake”. Monitorar essa estrutura é essencial, não apenas para entender melhor a dinâmica galáctica, mas também porque é fascinante observar um “cobra cósmica” gigante que se estende pelo centro da galáxia, mesmo estando a confortáveis 26.000 anos-luz da Terra.
Imagens recentes do “Galactic Center Snake” estão disponíveis no site do Observatório de Raios-X Chandra, e um artigo detalhando essas descobertas foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. A pesquisa contínua sobre essas estruturas pode revelar mais sobre os processos fundamentais que moldam nossa galáxia.