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Coreia do Norte afirma ter capacidade de atacar bases americanas

Pyongyang testou na quarta-feira dois mísseis Mussudan, com alcance médio de entre 2.500 e 4 mil quilômetros, que, em tese, ameaçam Coreia do Sul, Japão e as bases americanas americanas na ilha de Guam

Agência Estado
postado em 23/06/2016 09:29
O dirigente norte-coreano Kim Jong-un afirmou que seu país está preparado para atacar as bases americanas do Pacífico depois dos testes de um novo míssil, ao mesmo tempo que o Conselho de Segurança da ONU define uma resposta a portas fechadas. Kim, que supervisionou pessoalmente na quarta-feira (23/6) os testes de dois mísseis, apresentou os ensaios como um "grande acontecimento", que reforça as capacidades de ataque nuclear preventivo da Coreia do Norte, segundo a agência oficial KCNA.

Pyongyang testou na quarta-feira dois mísseis Mussudan, com alcance médio de entre 2.500 e 4 mil quilômetros, que, em tese, ameaçam Coreia do Sul, Japão e as bases americanas americanas na ilha de Guam. "Temos a capacidade segura de atacar de maneira efetiva os norte-americanos no teatro de operações do Pacífico", disse Kim, citado pela agência oficial. A versão coreana da informação indica ainda que Kim chamou os americanos de "bastardos".

Após quatro testes fracassados em 2016, os Musudan lançados na quarta-feira parecem ter alcançado distâncias muito importantes, chegando inclusive a uma altitude superior a 1.400 km.

Reunião do Conselho de Segurança
Os testes foram condenados pela comunidade internacional e, a pedido de Washington e Tóquio, os embaixadores dos 15 países do Conselho de Segurança da ONU realizaram consultas as portas fechadas. O embaixador adjunto da França na ONU, Alexi Lamek, cujo país preside atualmente o Conselho, constatou na quarta-feiras "uma grande convergência de opiniões".



Os Estados-membros avaliam, por unanimidade, que os disparos "violam todas as resoluções do Conselho de Segurança", e uma declaração formal "está sendo discutida (...) e deverá retomar uma mensagem firme em relação ao regime" de Pyongyang, acrescentou Lamek. Várias resoluções da ONU proíbem a Coreia do Norte de utilizar tecnologia balística.

Especialistas destacaram que os últimos testes constituíam para Pyongyang um importante o em seus esforços para desenvolver um míssil intercontinental (ICBM) capaz de alcançar o território do grande inimigo norte-americano, do outro lado do Pacífico. A Coreia do Norte nunca testou um ICBM, mas apresentou há pouco tempo um exemplar deste tipo de míssil, o KN-08, durante desfiles em Pyongyang.

Sanções mais fortes

O ambiente piorou consideravelmente na península desde o quarto teste nuclear da Coreia do Norte em 6 de janeiro, seguido em 7 de fevereiro pelo lançamento de um foguete, considerado um teste disfarçado de míssil de longo alcance. O Conselho de Segurança adotou na época as sanções mais fortes até então contra Pyongyang. Novas sanções implicariam a aprovação de Pequim, tradicionalmente o aliado mais próximo a Pyongyang.

Na quarta-feira, a China advertiu contra "qualquer ação que possa resultar em uma escalada das tensão" e pediu a retomada do diálogo sobre o programa nuclear norte-coreano. Mas a possibilidade foi descartada por Choe Son-Hui, diretora geral adjunta do departamento de assuntos norte-americanos do ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte, durante uma visita a Pequim. "No momento não temos a intenção de participar em negociações", disse.

Ao mesmo tempo, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, considera que os testes norte-coreanos demonstram que Washington precisa reforçar os sistemas de defesa antimísseis. "Temos que seguir antecipando a ameaça", declarou. Washington e Seul discutem atualmente a possível instalação na Coreia do Sul do escudo antimísseis americano THADD (Theater High Altitude Area Defense System), o que não agrada em nada a China.

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