Correio Braziliense
postado em 06/08/2020 20:35
“Para um paciente entrar no teste da nossa pesquisa ele precisa estar no hospital, com a doença moderada, e precisa ter um teste que confirme que ele tem realmente a covid-19”, explica o coordenador do projeto de pesquisa e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), André Nicola.
Segundo o professor, o problema é que ou as pessoas estão procurando o hospital muito tarde, ou tantas pessoas procuram o hospital que são hospitalizados somente aquelas com a doença em estado mais grave. “Tem algumas pessoas que entram quando a doença não está grave, mas não é mais do que 10 dias, então, também não são elegíveis”, disse o pesquisador.
Outro problema é o atraso nos exames que confirmam a presença do coronavírus nos pacientes. “Tem algumas pessoas que chegam ao hospital com a doença moderada, com menos de 10 dias, mas como a gente precisa de um exame confirmatório, elas fazem o exame e demora tanto tempo pra sair que não dá mais para entrar no estudo”, ponderou Nicola.
Para o pesquisador, a dificuldade no avanço desse estágio da pesquisa se deve justamente ao grande número de casos de coronavírus no DF. “Em tempos normais, fazer esse projeto de pesquisa já seria complexo, e fazer no meio da pandemia é muito pior”, afirmou. Para resolver o problema, os pesquisadores querem contratar um laboratório particular para realizar os testes de coronavírus para o estudo, aumentando a velocidade do processo.
“Os laboratórios, tanto públicos como privados, estão trabalhando muito, fazendo um trabalho excelente na resposta à pandemia, estão fazendo o melhor que eles podem fazer, mas o número de casos é tão grande que essa demora tem atrapalhado o nosso recrutamento”, concluiu.
Pesquisa começou em junho
O estudo que busca descobrir se a transferência de plasma sanguíneo de um paciente recuperado para alguém no estágio inicial de coronavírus começou em 2 de junho e é uma parceira da Universidade Brasília (UnB), do Hemocentro e da Secretaria de Saúde.
A primeira fase da pesquisa foi recrutar doadores de plasma, pessoas já recuperadas do coronavírus. Essa fase durou apenas 10 dias. Segundo o Hemocentro, os pesquisadores tem 450 doadores cadastrados, e 100 destes voluntários já foram avaliados. A segunda fase é istrar o plasma coletado em 200 pacientes em estágio moderado da doença, essa fase começou em 12 de junho e ainda não terminou.
Por ora, a equipe responsável pela pesquisa suspendeu o cadastro de novos voluntários, pois já excedeu o número necessário para o estudo. Até a última terça-feira (4/8), houve 25 doações, e seis transfusões de plasma convalescente foram realizadas – todas em pacientes internados no Hospital Regional da Asa Norte.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail [email protected].