Cidades

Associação na Chapada incentiva moradores a preservarem o Cerrado

Objetivo é preservar o local por meio do ensino sobre o processo de coleta de sementes de plantas nativas

postado em 13/06/2017 06:02
Só este ano, os produtores coletaram 6 toneladas de sementes
A preservação do meio ambiente e a geração de renda para a comunidade local são os principais objetivos da associação de coletores de sementes criada em São Jorge, em Alto Paraíso (GO). A Associação Cerrado de Pé foi inaugurada no último sábado, para ensinar a moradores do povoado como funciona o processo de coleta de sementes de plantas nativas. A entidade trabalhará em benefício dos coletores e oferecerá capacitação para a coleta, tratamento e armazenamento das sementes.

O presidente da associação, Claudomiro de Almeida, diz que o nome da instituição resume o objetivo principal do projeto. ;Elas (sementes) serão comercializadas por meio de outra associação, a Rede de Sementes do Cerrado, para as empresas de recuperação ambiental e outras instituições interessadas. O valor arrecadado com a venda será revertido para os coletores, já que a Cerrado de Pé não tem fins lucrativos;, explica.

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A ideia de reflorestar a região nasceu de um projeto implantado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Em 2009, pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que monitoravam a região fizeram experimentos para descobrir quais plantas se desenvolviam melhor no ecossistema. Atualmente, o Cerrado conta com aproximadamente 12 mil espécies nativas. ;De 2012 a 2016, algumas empresas de reflorestamento patrocinaram projetos de recuperação do Cerrado. No ano ado, elas alcançaram a meta de recuperar 94 hectares. Nesse período, os moradores da região receberam treinamento e aram a reconhecer melhor os diferentes tipos de plantas e sementes. Neste ano, as empresas tiveram de se retirar, mas nós conseguimos apoio para a criação de uma associação que pudesse oferecer treinamento contínuo para os novos interessados;, acrescenta Claudomiro.

Além do ICMBio, a iniciativa teve apoio da Universidade de Brasília (UnB), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A associação sem fins lucrativos tem, atualmente, mil sacas ; quase 4 toneladas ; de sementes coletadas e prontas para comercialização. A proposta é que a venda dos produtos gere empregos para os habitantes da região, que vão desde moradores de assentamentos até a comunidade do quilombo Kalunga. As atividades de coleta são realizadas de acordo com a disponibilidade dos associados cadastrados.

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Consciência

O presidente da associação explica que as famílias da região tinham o costume de destruir a vegetação gramínea e as árvores por meio de incêndios para plantar produtos como arroz, feijão e soja. A associação foi criada com o objetivo de contribuir com a conscientização dessas pessoas. ;Hoje, eles conseguem ver que podem ganhar muito mais dinheiro com a coleta das sementes. Um quilo de feijão vale cerca de R$ 5 ou R$ 7. Já a mesma quantidade de sementes de castanha do baru, por exemplo, pode valer de R$ 40 a R$ 60;, compara Claudomiro, que também é coletor.

Em 2016, durante o período de coleta, que ocoree de março a outubro, 12 toneladas de sementes foram captadas pelos 66 participantes envolvidos com o trabalho. O valor arrecadado ; cerca de R$ 70 mil ; foi dividido entre as famílias dos coletores. De março deste ano até agora, os participantes do projeto coletaram 6 toneladas de sementes.

Ainda segundo Claudomiro, o projeto vai incentivar a produção artesanal e alimentícia e o turismo. ;Os moradores coletam sementes de caju, cagaita, jatobá;, elenca. ;Com as polpas dessas frutas, será possível vendê-las para empresas de alimentos. Neste ano, ainda queremos incluir o artesanato. Assim, poderemos ter uma loja para comercializar tudo o que é produzido. Além de coletar sementes para plantar, preservaremos o bioma e movimentaremos a economia local;, finaliza.

Para saber mais

Associação de Coletores de Sementes da Chapada dos Veadeiros Cerrado de Pé
Endereço: Rua 5, Quadra 4, Lote 9, Centro, São Jorge, Alto Paraíso (GO).
Ao lado do Centro de Atendimento
ao Turista (CAT)


Onde comprar

Rede de Sementes do Cerrado
www.rsc.org.br
(61) 3256-1938 ou (61) 98103-9038.

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